sexta-feira, 7 de agosto de 2020

O RIO QUE É MINHA POESIA - Nelson Almeida

O RIO QUE É MINHA POESIA


Eu sou o velho rio que atravessa cidades, mas não sou perene.

Nos longos períodos de estiagem minha escrita é cinza e triste.

Nos curtos períodos de inverno minha escrita é verde e alegre.

Minhas águas descem caudalosas.

Águas revoltas arrancando vagens, desenhando novos caminhos.

Minha poesia, águas desse rio a lavar pedras, perdas e dores.

Assim vou seguindo meu destino, enchendo cacimbas de lágrimas e sonhos.

E obstinado que sou, deságuo no mar quente de esperança.

E num último passo de redescoberta, de ressignificação, eu imploro: mar, abrace-

me mar, para que eu recomece e jamais desista de viver.


Nelson Almeida
Natal, 06 de agosto de 2020
17h32min

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