O RIO QUE É MINHA POESIA
Eu sou o velho rio que atravessa cidades, mas não sou perene.
Nos longos períodos de estiagem minha escrita é cinza e triste.
Nos curtos períodos de inverno minha escrita é verde e alegre.
Minhas águas descem caudalosas.
Águas revoltas arrancando vagens, desenhando novos caminhos.
Minha poesia, águas desse rio a lavar pedras, perdas e dores.
Assim vou seguindo meu destino, enchendo cacimbas de lágrimas e sonhos.
E obstinado que sou, deságuo no mar quente de esperança.
E num último passo de redescoberta, de ressignificação, eu imploro: mar, abrace-
me mar, para que eu recomece e jamais desista de viver.
Nelson Almeida
Natal, 06 de agosto de 2020
17h32min
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