Apocalipse
Naquele dia o amanhecer foi muito
diferente. Nunca havia visto algo tão inspirador, quando acordei e olhei pela
janela às 05h da manhã.
Saímos para ir à praia, eu, meu
filho e minha esposa. Ao retornar, não conseguimos acessar a garagem de casa.
Estava ocorrendo um evento em um boteco próximo à nossa casa, por sinal na
mesma rua, que é estreita e estava tomada por carros estacionados em ambos os
lados, dificultando a locomoção dos veículos dos moradores. Então deixamos o
carro na avenida próxima e caminhamos cerca de 150 metros até chegarmos à casa.
Mais tarde, já à noite, após a
rua estar bem mais tranquila, saí para finalmente ir até o meu carro e
conduzi-lo à garagem. Ao chegar nas proximidades do local estacionado, percebi que
alguém o havia levado. Naquele instante, não tive raiva, pois percebi que não
fazia tanta diferença assim. Afinal, o seguro contratado tomaria as devidas providências.
No caminho de volta para casa, percebi que um dos meus maiores pesadelos estava
acontecendo. Inexplicavelmente, a rua estava repleta de teias de aranhas, que
interligavam os postes de energia, e suas fiadoras desciam por toda a extensão
delas. Para onde estavam indo, todas de uma só vez? Naquele momento não tive
outra opção, senão vencer, na velocidade, a aracnofobia e chegar até o portão
de casa.
Ao entrar percebi que recebíamos
a visita de uma amiga de minha esposa naquela noite. Aproveitamos para jogar
conversa fora e tomar um bom vinho.
De repente, tudo foi mudando, o
céu apresentava em um primeiro olhar duas luas; uma delas acompanhada de um
eclipse. Outros astros assemelhados com a lua foram aparecendo no céu, que foi
ficando cada vez mais alaranjado. Naquele instante a abóbada celeste parecia uma
enorme bola de futebol com seus gomos. Ao longe via-se um fogo que vinha tomando
conta da Terra; não era um fogo abrasador, mas sim um fogo que emanava paz.
Naquele momento peguei meu filho no colo me debrucei sobre ele, fazendo uma
proteção, olhei para minha esposa e sua amiga e, calmamente, falei: “Nos
encontraremos em outra dimensão”.
Cleudivan Jânio
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