domingo, 31 de maio de 2020

Apocalipse (Conto de Cleudivan Jânio)



Apocalipse

Naquele dia o amanhecer foi muito diferente. Nunca havia visto algo tão inspirador, quando acordei e olhei pela janela às 05h da manhã.
Saímos para ir à praia, eu, meu filho e minha esposa. Ao retornar, não conseguimos acessar a garagem de casa. Estava ocorrendo um evento em um boteco próximo à nossa casa, por sinal na mesma rua, que é estreita e estava tomada por carros estacionados em ambos os lados, dificultando a locomoção dos veículos dos moradores. Então deixamos o carro na avenida próxima e caminhamos cerca de 150 metros até chegarmos à casa.
Mais tarde, já à noite, após a rua estar bem mais tranquila, saí para finalmente ir até o meu carro e conduzi-lo à garagem. Ao chegar nas proximidades do local estacionado, percebi que alguém o havia levado. Naquele instante, não tive raiva, pois percebi que não fazia tanta diferença assim. Afinal, o seguro contratado tomaria as devidas providências. No caminho de volta para casa, percebi que um dos meus maiores pesadelos estava acontecendo. Inexplicavelmente, a rua estava repleta de teias de aranhas, que interligavam os postes de energia, e suas fiadoras desciam por toda a extensão delas. Para onde estavam indo, todas de uma só vez? Naquele momento não tive outra opção, senão vencer, na velocidade, a aracnofobia e chegar até o portão de casa.
Ao entrar percebi que recebíamos a visita de uma amiga de minha esposa naquela noite. Aproveitamos para jogar conversa fora e tomar um bom vinho.
De repente, tudo foi mudando, o céu apresentava em um primeiro olhar duas luas; uma delas acompanhada de um eclipse. Outros astros assemelhados com a lua foram aparecendo no céu, que foi ficando cada vez mais alaranjado. Naquele instante a abóbada celeste parecia uma enorme bola de futebol com seus gomos. Ao longe via-se um fogo que vinha tomando conta da Terra; não era um fogo abrasador, mas sim um fogo que emanava paz. Naquele momento peguei meu filho no colo me debrucei sobre ele, fazendo uma proteção, olhei para minha esposa e sua amiga e, calmamente, falei: “Nos encontraremos em outra dimensão”.        
Cleudivan Jânio




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