sábado, 22 de fevereiro de 2020

QUEM ÉS TU NA POESIA? - DAXINHA

QUEM ÉS TU NA POESIA?

I
Sou o bicho papão dos cantadores
Sou escola pra todos os poetas
Sou o mais perfeito dos atletas
Sou um ídolo dos admiradores
Sou chibata pra meus opositores
Sou em troféus o maior dos recordistas
Sou um fenômeno nas conquistas
Sou o astro maior da poesia
Sou fantástico na arte e teoria
Sou escola pra todos os repentistas.
II
Sou o rei do repente de cordel
Sou a rocha mais forte da pedreira
Sou o símbolo real desta bandeira
Sou o grande poeta e menestrel
Sou mais alto que a Torre de Babel
Sou o fogo de aceiro de capim
Sou a bomba queimando o estopim
Sou a cápsula a ponto de explodir
Sou a chama capaz de destruir
Sou o ponto final pra cabra ruim.
III
Sou, de fato, mais rápido que o vento
Sou, sem dúvidas, o carrasco mais cruel
Sou veneno que mata cascavel
Sou mais veloz que o próprio pensamento
Sou temido por ser mais violento
Sou o lobo-guará do Pantanal
Sou o tubarão lá nas praias de Natal
Sou o chefe de todo o esquadrão
Sou o assombro de toda a região
Sou respeitado no Globo Universal.
IV
Sou na luta livre um faixa preta
Sou no boxe o maior dos campeões
Sou um técnico na mira dos canhões
Sou um bamba no rifle e escopeta
Sou bem prático no tiro com luneta
Sou, no fuzil, um campeão
Sou o fera também no mosquetão
Sou, no alvo, melhor que Virgulino
Sou o terror dessa Família Galdino
Sou temido em toda região.
V
Sou a brisa que sopra no vergel
Sou o aroma da flor da primavera
Sou o ídolo fiel desta galera
Sou soldado, tenente e coronel
Sou o comandante do quartel
Sou o peso fiel de uma balança
Sou a força ocupando a liderança
Sou o brilho da estrela matutina
Sou a gota de orvalho da neblina
Sou o raio da luz que tudo alcança.
VI
Eu não sou nada disse que falei
Nem nunca fui um campeão
Foi apenas uma falsa sensação
Que fez eu ir falar do que não sei
Na verdade, confesso que errei
E o que me resta é só pedir perdão
Sou um barco sem rumo e direção
À deriva no meio do oceano
Igualmente a um farrapo humano
Descartado da onda de ilusão.

Cuité/PB, 25 de setembro de 1999.
Autoria: JOSELITO FONSECA DE MACEDO, o popularíssimo DAXINHA

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