Xilogravura de Edcarlos feita por Jefferson Campos
ACRÓSTICO
Escrever me contagia
Declamar traz alegria
Com pureza e maestria
Acelera o coração
Revelando-me uma seta
Leva-me a trilha da meta
O oficio que me completa
Ser poeta do Sertão.
Edcarlos Medeiros
Caicó/RN – 29 de outubro 2015.
GALOPE
AUTOBIOGRÁFICO
Me
chamo Edcarlos Medeiros Soares
Fazer
poesia é a minha paixão
Por
isso dedico total atenção
Levando
os meus versos a todos lugares
Vivo
com a cabeça assim pelos ares
Igual
passarinho liberto a voar
Seguindo
em frente e sempre a pregar
Mensagens
de força, afeto e harmonia
Na
essência que trago na minha poesia
Para
que alguém leia e possa sonhar.
Eu
tiro os meus versos de forma singela
Das
coisas mais simples daqui do Sertão
Deixando
aflorar toda minha emoção
Buscando
as expor da maneira mais bela
Sentindo
a magia que a mim se atrela
E
faz o meu peito mais forte pulsar
É
dessa maneira o meu caminhar
Rompendo
as veredas com toda bravura
Levando
a bandeira da nossa cultura
Presente
em peito sempre a tremular.
Escrevo
poesia olhando a beleza
Que
tem no sorriso de uma criança
É
quando eu me visto total de esperança
Prevendo
um futuro de vasta nobreza
Todos
ajudando a mãe natureza
De
forma espontânea querendo a salvar
Porém
outras vezes começo a chorar
Ao
ver um menino pedindo um trocado
Vagando
nas ruas faminto e drogado
Distante
da escola sem pai e sem lar.
E
assim dessa forma eu vou misturando
Minha
alegrias com minha tristezas
Varias
evidências, também incertezas
E
um mundo de sonhos vai se edificando
Escrevo
sorrindo e até mesmo quando
As
lágrimas querem no rosto rolar
Perdendo
ou ganhando aprendo a jogar
No
jogo da vida eu caio e levanto
Sacudo
a poeira, enxugo o meu pranto
Refaço
a estratégia e volto a lutar.
Debruço-me
a mesa com lápis, papel
E
a imaginação já transborda da mente
As
palavras surgem de forma fulgente
E
eu busco a elas ser muito fiel
Escrevendo
glosas, sonetos, cordel
Sentindo
a magia de mim se apossar
Com
a musa poética a me inspirar
Eu
sei que jamais estou só nesta vida
Pois
ela me guia nos passos da lida
Mostrando
o caminho que devo trilhar.
Não
me incomoda quem diz que sou louco
Pois
a poesia é droga divina
Que
a mim entorpece mais que heroína
Tou
sempre querendo usar mais um pouco
Declamo
meus versos até ficar rouco
E
dessa maneira irei continuar
Já
que a abstinência não deixa eu parar
E
o meu ser por ela já está dominado
De
versos e posas eu vivo drogado
Não
passo um só dia sequer sem usar.
Porém
não procurem na minha poesia
Uma
só palavra de baixo calão
Meus
versos não mandam descer até o chão
Tratando
a mulher sem nenhuma avalia
Eu
não me utilizo da pornografia
Falando
pro povo sentar ou chupar
Jamais
dessa forma irei apelar
Só
faço poesia de forma descente
Com
muito respeito a toda essa gente
Que
ler os meus versos e vem me escutar.
Eu
acho divino a beira do mar
Com
suas paisagens de rara beleza
Só
mesmo o Deus pai com imensa destreza
Teria
o poder de tais obras criar
Porém
se alguém quer me ver engrossar
Só
basta dizer que daqui eu me mude
Que
irei responder com bastante atitude
Não
troco esta terra nem por um bilhão
Pois
gosto é das coisas daqui do Sertão
Meu
dez de galope? É NA BEIRA DO AÇUDE!
Edcarlos Medeiros
Caicó/RN
– 23 de março de 2015.
Exaltando a humildade em meu conceito
Vou tentando escrever minha poesia
Espalhando com amor essa magia
Que transborda do fundo do meu peito
A poesia tornou-se o meu preceito
Que serena os percalços dessa vida
Se me vejo por vez de alma perdida
É nos versos que busco me encontrar
E ao sentir a poesia em mim brotar
Vejo o quão santa e louca é essa lida.
Feito aranha tecendo a sua teia
Nesse quebra-cabeça de palavras
Arquiteto e executo as minhas lavras
Acendendo essa luz que me incendeia
Cada verso que Deus me presenteia
Mais eleva em meu ser essa paixão
E com o peito repleto de emoção
Ao notar a poesia me envolver
Ergo a face aos céus pra agradecer
Pelo dom da divina inspiração.
Mas por vez sou abelha que da flor
Espolia a matéria para o mel
Sorrateiro a buscar com tal papel
Colocar mais doçura em meu labor
Perco o tino e trafego com fervor
Por jardins que talvez nem deveria
E na busca de achar essa alquimia
Vivo instantes de intensos despudores
Extraindo esse néctar dos amores
Pra adornar de lirismo a poesia.
Se me ausento da escrita a mente pira
E eu me vejo em profunda nostalgia
Quando tento escrever uma poesia
Mas a musa poética não me inspira
Porém quando a presença dessa lira
Faz pulsar bem mais forte o coração
Com a verve fluindo em profusão
As paisagens se tornam bem mais belas
Cristalizo a beleza em aquarelas
Com a tinta da minha inspiração.
Caminhando nas trilhas dos cordéis
Vejo o quanto que essa arte me completa
Mas tornar-me o melhor nunca foi meta
Pois eu sei que não chego nem nos pés
De outros tantos gigantes menestréis
Mesmo assim não me canso de escrever
Semeando meus versos com prazer
Como expôs ‘Djavan’ com maestria
“Se eu tivesse mais alma, entregaria
Porque isso pra mim é que é viver!”
Edcarlos Medeiros
Caicó/RN – 08 de fevereiro de 2017.
Pó-esia
Eu jamais fui de drogas dependente
Nem cigarro, bebida ou cocaína
Sempre agi com bastante disciplina
Para não me tornar um delinquente
Mas uma droga divina e atraente
Foi mudando o trilhar da minha vida
Relutei, mas em vão, não vi saída
A tal droga fisgou-me fortemente
Seu poder me deixou tão viciado
Passo as noites sonhando acordado
Perambulo extasiado em pleno dia
Quando a uso eu consigo flutuar
Rodo o mundo e nem saio do lugar
Pois a droga q’eu uso é poesia.
Edcarlos Medeiros
Caicó/RN – 10 de janeiro de 2016.
Ser– tão
Sou da terra de um povo resistente
Que já traz no semblante a sua sina
De lutar da maneira mais divina
Enfrentando com garra o sol ardente
Onde a seca malvada predomina
Nove meses do ano vorazmente
E a paisagem que tem neste ambiente
Sem piedade ela logo descortina
Porém quando do céu a chuva desce
Tudo em volta depressa refloresce
Espantando pra longe essa aflição
E em três meses de encantos e bonanças
O meu povo renova as esperanças
Quer saber de onde eu sou? Sou do Sertão!
Edcarlos Medeiros
Caicó/RN – 10 de outubro de 2015.
Trigésima sexta primavera
Trinta e seis primaveras e agradeço
A Deus pai o milagre desta vida
Por poder cumprir sempre a minha lida
Com amor, humildade e muito apreço
Cada dia pra mim é um recomeço
E a batalha jamais dou por perdida
Pois se as vezes a dor de uma ferida
Me machuca, procuro no tropeço
Aprender a cair e levantar
E na queda mais forte me tornar
Pra poder prosseguir na minha meta
De exaltar a cultura popular
E se os versos a nada me levar
Já me basta o prazer de ser poeta.
Edcarlos Medeiros
Caicó/RN – 01 de novembro de 2014.
VERVE
SERTANEJA
Caros
senhores, licença!
Permitam-me,
uma fala!
Não
tenho muita sabença
Pois
minha cartilha é rala
Não
sou Drummond de Andrade
Já
que da grande cidade
Só
mesmo escuto falar
Mas
com bastante emoção
Nos
meus versos, o sertão
Irei
agora exaltar.
Não
julguem meu linguajar
Pois
como bem já falei
Eu
pouco pude estudar
Na
luta cedo, adentrei
Meus
versos não são iguais
De
Vinicius de Moraes
Que
a minha diplomação
Foi
feita a foice e machado
E
como certificado
Lhes
mostro os calos, na mão.
Podem
chamar-me, João,
Batista,
Antônio ou José,
Pois
sou representação
De
um povo de muita fé
Sou
olhar fixo pro céu
Pedindo
a Deus que o escarcéu
Da
seca tão inclemente
Der
trégua pra nossa terra
E
o seu cenário de guerra
Não
dizime a nossa gente.
De
maneira competente
Não
sei decantar o mar
Pois
meu verso é inerente
As
coisas do meu lugar
Não
sei falar da beleza
Da
moça fina, burguesa
Que
tem a face pintada
Porém
falo da matuta
Que
acorda cedo, labuta
E
tem a pele queimada.
Não
me peça uma toada
Para
exaltar a riqueza
Que
essa sua empreitada
Seria
indelicadeza
Não
espereis coisas boas
Que
as minhas humildes loas
Com
isso não faz adorno
Invés
do tinir de joia
Prefiro
o som da tipoia
Armada
e a ranger no torno.
Não
quero causar transtorno
A
quem a mim escutar
Forjo
o meu verso no forno
Do
calor do improvisar
Não
sei compor obras primas
Que
as minhas singelas rimas
Não
possui grau de nobreza
Sou
um matuto do mato
E
a minha verve de fato
Provém
da mãe natureza.
Com
encanto e sutileza
Decanto
a vida de gato
Sempre
exaltando a beleza
De
um sertão abençoado
Do
gato maracajá
E
o canto do sabiá
Espalhando
a melodia
Do
inverno em profusão
Devolvendo
ao meu sertão
Toda
beleza e magia.
Ao
contemplar com alegria
A
terra outra vez molhada
E
a planta que antes jazia
Com
sua copa florada
Bate
forte o coração
Me
enchendo de inspiração
De
forma peculiar
Ser
sertanejo, seu moço
É
sempre após o destroço
Saber
se recuperar.
Quem
nasce neste lugar
Parece
que tem mandinga
Tá
sempre a se renovar
É
igualmente a caatinga
Que
perde a sua folhagem
Mas
enfrenta a estiagem
Com
coragem e paciência
Que
só mesmo o pai dos pais
É
quem pode ser capaz
De
explicar essa ciência.
Por
isso que a minha essência
É
puramente sertão
E
com bastante decência
Busco
falar deste chão
Sou
a Deus agradecido
Por
no sertão ter nascido
Pois
este pó me completa
E
com bastante alegria
Convivo
com a fantasia
De
ter nascido poeta.
Edcarlos Medeiros
Caicó/RN
– 09 de novembro de 2015.
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