Zé da Luz (1904-1965)
Visitando o meu sertão
que tanta grandeza encerra,
trouxe um punhado de terra
com a maior satisfação.
Fiz isso na intenção,
Como fez Pedro Segundo,
de quando eu deixasse o mundo
levá-lo no meu caixão.
Chegando ao Rio, pensei
guardá-lo só para mim
e num saquinho de brim
essa relíquia encerrei!
Com carinho e com cuidado
numa ripa do telhado,
o saquinho pendurei...
Uma doença apanhei
e vendo bem próxima a morte
lembrando as terras do norte
do saquinho me lembrei.
Que cruel desilusão!
As traças, sem coração
meterem os dentes no saco,
fizeram um grande buraco
e a terra caiu no chão.
===========
A TERRA CAIU NO CHÃO
Hélio Crisanto:
Certo dia eu viajando
Nos espaços siderais,
Sem medo dos temporais,
A lua eu fui apagando.
Vi a terra naufragando,
Em rota de colisão,
Nela eu dei um empurrão,
Virando a sua calota,
Desviei a sua rota,
E A TERRA CAIU NO CHÃO
George Pessoa:
===========
Um dia fiz um passeio
Num balão com muita gente
Subia com o ar tão quente
E eu, cheio de receio.
Com um saco de terra cheio
Pra segurar o balão
Na primeira ocasião
Despejaram aquele peso
O balão subiu aceso
E A TERRA CAIU NO CHÃO.
Tarcisio José Fernandes:
Pra plantar uma roseira,
Eu peguei um alguidar,
Pus a terra e, pra adubar,
Pus estrumo de esterqueira;
Depois, com uma mangueira
Aguei; e a “plantação”
Pendurei por um cordão,
Mas este não suportou
E o alguidar desabou...
“E A TERRA CAIU NO CHÃO.”
Jarcone Vital:
===========
===========
Da alvenaria de um muro
Na pá eu virei um traço
Porém sentindo o cansaço
Remexendo em troço duro
Vendo ser prático e seguro
Quis abrir licitação
Sem saber da profissão
Fui mexer na bitoneira
Lhe derrubei por inteira
E A TERRA CAIU NO CHÃO...
===========
Gilberto Cardoso:
Certa vez Jesus curou
a um cego de nascença
desafiando a descrença
de quem dele duvidou
Barro no chão ajuntou
e cuspiu sobre a porção
Com o lodo fez unção
dos olhos que nunca viram
Logo estes se abriram
E A TERRA CAIU NO CHÃO.
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Comentários com termos vulgares e palavrões, ofensas, serão excluídos. Não se preocupem com erros de português. Patativa do Assaré disse: "É melhor escrever errado a coisa certa, do que escrever certo a coisa errada”