quarta-feira, 30 de novembro de 2016

POLÊMICA ENVOLVE POEMA MATUTO NO FITIBÓ, DE ZÉ LAURENTINO

Sou um profundo admirador do falecido poeta Zé Laurentino. Deu provas suficientes de sua genialidade poética. Ele é autor de poemas que se tornaram clássicos da cultura popular. Todavia, um de seus poemas - matuto no fitibó - tem sido reivindicado por Francisco Solange Fonseca como de sua autoria.  Vejamos primeiramente o poema e em seguida a reivindicação em versos que nos remeteu:

Matuto no fitibó
Zé Laurentino
   

Hoje o pessoá do mato
Já está se acivilizano
Já tem rapaz istudano
Pras bandas da capitá
Já tem moça que namora
Com o imbigo de fora
Etc, coisa e tá

Mas essas coisa eu estranho
Me dano i num acumpanho
A tar civilização
Nem qui a morte me mate
Nunca fui numa boate
Nunca vi televisão

E esse tar de cinema
Eu num sei nem cuma é
Se é home ou se é muié
Se é da lua ou do sol
Um teatro eu nunca vi
E também nunca assisti
Um jogo de fitibó

É isso mermo patrão
Eu nasci pra sê matuto
Vivê cuma bicho bruto
Dando di cumê a gado
E eu só sei qui sô gente
Purquê um véio meu parente
Disse que eu sô batizado

Mas pru arte do pecado
Os fi de cumpade Xico
O fazendêro mai rico
Daquele meu arrebó
Cum priguiça de istudá
Inventô de inventá
Um jogo de fitibó

E no pátio da fazenda
Mandô butá duas barra
E eu fui assisti a farra
Dos lote de vagabundo
Qui quando eu vi afroxei
Acridite qui eu achei
A coisa mió do mundo

Eu cabôco lazarino
Cum dois metro de artura
Os braços dessa grossura
Medo pra mim é sulipa
Di jogá tive um parpite
E aceitei logo o convite
Pru modi pegá de quipa

Me dero um calção listrado
E um par de joelheira
Também um par de chuteira
E uma camisa de gola
Eu gritei: arra diabo
Que eu já peguei touro brabo
Sustentei pelo rabo
Pur quê num pego uma bola?

Sei qui o jogo cumeçô
O juiz bom e honesto
Que por sinal é Ernesto
O nome do apitador
Qui mitido a justicêro
Pru modi o jogo pará
Bastava a gente chutá
A cara do cumpanheiro

Bola vai, bola vem
Um tar de Zé Paraíba
Inventô de dá um driba
No fíi de Chica Brejeira
Esse lhe deu uma rasteira
Que o pobre do matuto
Passou foi cinco minuto
Rebolando na poeira

O juiz mandô chutá
Uma bola contra eu
Porque o Fubeque deu
Um chute no Honorato
Aí o juiz errô
O Fubeque que chutô
Ele que pagasse o pato

Mais afiná meu patrão
Num gosto de confusão
Mandei o cabra chutá
E fiquei isperano o choque
Finarmente a bola vinha
Vinha tão piquinininha
Que nem bala de badoque

Quando eu fui pegá a bola
Me atrapaiei meu patrão
Passô pur entre meus braço
Bateu numa região
Fou bateno e eu caino
Me espuliano no chão

O povo batero inriba
Me déro um chá de jalapa
Uns três copo de garapa
E um chá de quixabeira
Quando eu tive uma miora
Joguei a chuteira fora
Saí batendo a poeira

Daquele dia pra cá
Nem mode ganhá dinhêro
Num jogo mais de golêro
Nem cum chuva, nem cum só
Nem aqui, nem no diserto
Nunca mais passo nem perto
Dum campo de fitibó

Vejam a solicitação enviada por Francisco Solange:

A respeito desta solicitação, foram tecidos os seguintes comentários:


Fonte: http://apoesc.blogspot.com.br/2014/10/carona-de-candidato-ze-laurentino.html

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Comentários com termos vulgares e palavrões, ofensas, serão excluídos. Não se preocupem com erros de português. Patativa do Assaré disse: "É melhor escrever errado a coisa certa, do que escrever certo a coisa errada”