COISAS DE POLÍTICO
Professor Ismael André
Aconteceu que naquela tarde,
veio falecer um ser muito querido na minha vida. Este ser vislumbrava alegria,
ternura, fé. Era uma pessoa admirável.
Sua morte repentina ocasionou
um susto para os familiares que, apesar de todos saberem que a morte é
previsível, nunca se espera que seja instantaneamente aceita.
Depois do momento de velório
entre os familiares e amigos, no dia seguinte pelo mesmo instante do dia,
seguimos para o Cemitério daquela pacata cidade. Como de costume, levamos o
corpo até a igreja para orarmos a Deus para que Ele recebesse no paraíso
celeste aquele estimado ser.
A cidade, apesar de pacata,
vivia momentos conflituosos politicamente, antecedia em poucos dias o processo
eleitoral da escolha dos seus representantes. Um dos postulantes a cargo
público estava a sondar eleitores em busca de prendê-los em sua teia, quando
viu o cortejo se aproximar.
Cortando seu raciocínio
ludibriador, saiu ao meu encontro.
- Boa tarde... meus sinceros
sentimentos a senhora e a família – disse o postulante a homem público.
- obrigada! – afirmei sem
tamanha estranheza, pois o conhecera havia alguns dias.
Não achando ter sido
conveniente, continuou:
- É uma perda incalculável
para nossa sociedade, uma pessoa brilhante, batalhadora e cuidadora da família.
Era um ser amigável, fiel aos seus princípios. Pessoa de bem...
Foi fazendo diversos elogios
mais instigantes que o outro, até que me deparei com a seguinte afirmação:
- Eu o conhecia muito, era meu
amigo... Como era o nome dele? – com um ar de prestígio nada convincente.
- Severina, senhor! – respondi
secamente.
E repeti:
- O nome da minha tia que está
neste caixão, senhor, é SEVERINA. Mulher batalhadora, brilhante, amiga, sincera...
é SEVERINA, o nome dela – falei com ênfase de desgosto.
Ismael André
Muito bom e oportuno, meu caro Ismael, neste período eleitoreiro, tão conturbado.
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