(Marquinhos
Freitas, autor)
Dentro
do João XXIII
Ou do
Izabel Delfino
Será o
último destino
Meu e de
todos vocês
Que o
cemitério é xadrez
Que prende
os restos mortais
E o
prisioneiro jamais
Arrebenta
a fechadura
No bojo
da sepultura
todos
nós somos iguais
Em novembro
quem visita
O cemitério
e as covas
vê buquê
de flores novas
grinalda
e laço de fita
uma
mensagem bonita
escrita
em um cartaz
e o
retrato de quem jaz
desbotado
na moldura
No bojo
da sepultura
todos
nós somos iguais.
A morte
é como um castigo
Pra o
ser humano entender
Que Deus
é quem tem poder
E nos iguala
no jazigo
Tanto faz
ser um mendigo
Como Hermínio
de Moraes
Um vai
na frente outro atrás
E a
podridão se mistura
No bojo
da sepultura
todos
nós somos iguais.
No momento
que Jesus
Manda chamar
a pessoa
Sem asas
a alma voa
Quando o
espírito é de luz
Enterra o
corpo e a cruz
Por ser
pequena demais
Só cabe
as iniciais
Do nome
da criatura
No bojo
da sepultura
todos
nós somos iguais.
Mata
anão, médio e gigante
Rico,
pobre, preto e branco
Gordo, magro,
fraco e franco
Maltrapilho
e elegante
Babá,
bebê e gestante
Velho,
mocinha e rapaz
Que a
morte é bruta e voraz
E com
ela a parada é dura
No bojo
da sepultura
todos
nós somos iguais.
Tem mulher
que se orgulha
Usando uma
roupa nova
E nem
imagina que a cova
E a
mortalha lhe embrulha
Num mar
de ilusão mergulha
Sonhando
alto demais
Quer ser
Juliana Paes
No perfil
e na altura
No bojo
da sepultura
todos
nós somos iguais.
A morte
mata prefeito
Deputado
e presidente
O pai e
a mãe da gente
Médico e
juiz de direito
Pra que
tanto preconceito
E diferenças
raciais
Se pra
Jesus tanto faz
Pele clara
ou pele escura?!
No bojo
da sepultura
todos
nós somos iguais.
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PRA QUE TANTA RIQUEZA SE A PESSOA NADA LEVA DAQUI PRA SEPULTURA?
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