Prezado Luiz Felipe Scolari,
tenho consciência de que você não
está num momento fácil. Uma coisa que me chama atenção nessa Copa é que, não
obstante algumas exceções, a imprensa e as torcidas dos nossos adversários têm
sido muito solidárias e receptivas com eles, ao passo que as nossas,
provavelmente motivadas pelo tradicional "complexo de vira-lata" que
volta e meia nos tenta, não hesitam em atacar a torto e a direito se não ficam
satisfeitas com algo. E o pior é que insistem em certas coisas ad infinitum,
como um artigo publicado poucos dias antes da Copa que mais uma vez culpava
Barbosa pelo "Maracanazzo" e um artista da Globo entrevistado no
"Encontro com Fátima Bernardes" na semana passada que repisou a velha
história de que Zagallo só venceu a Copa de 70 porque encontrou o time "pronto"
por João Saldanha, demitido da posição de técnico pelo governo militar por ser
comunista (o que não é exatamente verdade, pois o "velho Lobo" fez
sim alterações no time e foi quem administrou a situação durante toda a Copa,
inclusive se disfarçando de massagista num dos jogos para dar instruções a
Pelé). Nesse contexto, não tenho dúvidas que vai ter muita gente querendo fazer
de você um bode expiatório. Mas escrevo esta carta para dizer que confio em
você. Pode ter passado despercebido para muita gente, mas você é o técnico
brasileiro com mais vitórias em Copas (15, por Brasil e Portugal) e é o único
que, além de Zagallo, levou os times que defendeu a três semi-finais, currículo
que com certeza nenhum de seus críticos possui. Força, professor! Independentemente
de qual seja a classificação do Brasil, você sempre terá minha admiração e meu
apoio. Vai que é tua Felipão! Que Nossa Senhora do Caravaggio abençoe a você e
a Neymar!
Renan II de Pinheiro e Pereira".
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