segunda-feira, 29 de abril de 2013

LEITURA - Teixeirinha Alves



            Ler tem sido para mim, desde a adolescência, algo tão vital quanto a alimentação. Por meio dos livros, aprendo a olhar o mundo e as pessoas, e a refletir sobre eles; amenizo minhas angústias e potencializo minhas alegrias; torno-me um cidadão melhor, um profissional mais capacitado e comprometido e um ser humano mais receptivo ao que se apresenta; abarco o mundo em meu íntimo, sem precisar de aviões, trens ou navios; dialogo com mentes extraordinárias que existiram milhares de anos antes; e transformo-me e volto a ser eu novamente, mas sempre outro, mais cheio, mais rico, mais pleno.
            No entanto, nossa sociedade, hipócrita e mal-formada como é, discrimina os leitores (imagine os viciados em leitura, como eu!). As campanhas públicas de incentivo ao ato de ler são infrutíferas porque os jovens não se espelham (nem querem!) em leitores, mas em jogadores de futebol cheios de penduricalhos nas orelhas e no pescoço, em “artistas” abestalhados que fazem tudo para aparecer nos degradantes programas de fofocas e nos cantores das abomináveis bandas de forró eletrônico; todos inimigos figadais de qualquer coisa bem escrita.
            Diria até que gostar de ler não se ensina, embora eu deva muito desse gosto a alguns professores “dependentes” de leitura que tive. Ver os livros como amigos fiéis e inseparáveis é quase um presente dos céus (sem pieguice religiosa!); é algo único, interior, quase inexplicável, meio inacessível, que enlaça poucos, salva poucos.
            O mais trágico é que a grande maioria de nossos educadores detesta ler; porém, com caras fingidas, fazem o discurso pronto da “importância dos livros em nossas vidas”. São não-leitores tentando criar leitores. Nunca dará certo! Jamais!
            Assim, descrendo do livro como salvação para a humanidade, já que a humanidade não o valoriza, continuo abraçado a ele para não submergir, em meio a um mar de ignorância, barulho e falta de sentido.
           
            Teixeirinha

Um comentário:

  1. Caríssimo Teixeirinha:

    quando sugeri-lhe que escrevesse um texto falando sobre a importância da leitura imaginei que fosse sair algo muito bom. Mas o muito bom esperado ficou bem aquém da excelência do que escreveu.

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