quinta-feira, 18 de outubro de 2012
TRISTE LEMBRANÇA - Adriano Bezerra
Guardo dentro da lembrança
Quando o meu pai sem dinheiro
Sem nenhuma esperança
Botava no bagageiro
Um saco branco de pano
Depois saía sem plano
Embalado na carreira,
Da roça para a cidade
Todo cheio de vontade
De voltar com uma feira.
Ano seco, sem fruteira,
Sem ter milho, sem feijão,
Sem batata ou macaxeira,
Pra comer na refeição
Muitas vezes o que tinha
Era um pouco de farinha,
Com alho, cebola e sal
E mamãe pra nós fazia
Mexido numa bacia
Como prato principal.
Lembrar disso me faz mal
Mas como posso esquecer?
Foi tudo muito real
E nem posso me conter
Quando relembro o regresso
De papai, que sem sucesso,
Despontava entristecido
Trazendo vazio à mão
O saco, sem fruta ou pão
Cabisbaixo e ressentido.
Hoje porém já crescido
Distante de tanta dor
Mesmo com tudo sofrido
Aprendi dele o valor
De homem justo e decente...
E não há maior presente;
Papai lhe sou muito grato!
Daqui sigo lhe honrando,
Sentindo e me recordando
Olhando pro seu retrato.
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A lembrança é triste , mas a poesia é linda. Parabéns , poeta!
ResponderExcluirNota dez, Adriano.
ResponderExcluirencheu meus olhos de lágrimas...
ResponderExcluirPoesia tocante, me emocionei bastante poeta.
ResponderExcluirBelo poema Adriano , muito comovente .
ResponderExcluirParabens !!!
Obrigado Maciel, Gilberto, KEFIR e Hélio. Foram tempos difíceis esses, 10 filhos para sustentar em tempo de seca forte na roça vocês devem imaginar. Passamos muita fome, mas os meus pais faziam o que podiam para nos alimentar. O meu pai faleceu em 27 de Novembro de 1992 aos 48 anos vítima de infarto. Fiquei com 14 anos e desde então já comecei a trabalhar para ajudar a minha mãe.
ResponderExcluirAo ler este poema recordo-me de momentos tristes de seca e estiagem que passamos no Sítio Ipueira em São Bento do Trairi - RN. Faço minhas as palavras de Maciel. Parabéns Adriano.
ResponderExcluirSandra Marques 19 de outubro de 2012 18:45
ResponderExcluirEsta poesia retrata a vida de muitos Adriano, que passaram e passam ainda situações difíceis em nosso país. Parabéns Adriano,belíssima!!!!
Adriano, comovente a sua poesia, traz uma história triste, entretanto te engrandece, pois te ensinou a lutar de maneira honesta por dias melhores.
ResponderExcluirCristiane Praxedes Nóbrega
Obrigado Joseni, Sandra e Cristiane pelos comentários. Embora a situação da fome tenha sido amenizada em nosso país, infelizmente ainda podemos ver situações como essas.
ResponderExcluirAdriano, esta sua poesia é alimento da memória, emocionada e emocionante, que nos lembra a todos a importância de uma vida vivida com dignidade. Você reflete em sua vida, o exempo substancioso e substantivo que o seu pai lhe deixou como aherança. Parabéns também pela excelente assessoria que vc prestou a Lucicláudio!
ResponderExcluirMuito obrigado Marcos pelas palavras. Meu pai não me deixou herança material, mas a maior de todas, o caráter, o qual honrarei para sempre. Obrigado também por reconhecer a assessoria que venho prestando ao vereador Lucicláudio, que para mim tem sido motivo de orgulho, pois também é um grande exemplo de dignidade e caráter.
ResponderExcluirMuito obrigado Joelle. Abraço!
ResponderExcluirvi um pouquinho da minha historia nesse verso, grande poeta adriano bezerra
ResponderExcluirHelena praxedes
EITA VERSO DA GOTA!!!
ResponderExcluirLUIZ COIMBRA
Valeu Helena, valeu Luiz Coimbra, obrigado!
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