sábado, 30 de junho de 2012

O SERTÃO E OS FRANCESES - Gilberto Cardoso dos Santos

Conheço gente da França que adora o nosso sertão. Encantam-se com a vegetação singular e persistente que parece morta, mas revive feito fênix aos primeiros pingos de chuva. Causam-lhes também admiração o verdor daquelas que sobrevivem em meio à seca. Nem tudo é flores entre nós, logo eles descobrem, mas há algo de respeitável nos espinhos que compõem a paisagem e nossas vidas. 
Nossas histórias de cangaço e vaquejadas os encantam. Luiz Gonzaga, o Rei do Baião, também tem a muitos deles como admiradores. Nossas poesias e cantos têm o poder de arrancar-lhes lágrimas. Alguns deles, aliás, (eu conheço pelo menos dois) entendem mais de cultura nordestina que muitos que aqui habitam. Um deles tem praticamente tudo que Luiz Gonzaga gravou e todos os filmes que falam do cangaço.
Nossa espontaneidade e alegria de viver a despeito das intempéries os emocionam. Já vi alguns com câmeras na mão, registrando aspectos de nossa paisagem que nos passam despercebidos. Isto nos faz chegar à conclusão que o nordestino tem um valor do qual nem sempre tem consciência.
O cantor Julien Clerc parece ter experimentado  o que acabo de descrever. Vejam e ouçam abaixo a belíssima homenagem que nos fez intitulada Sertão. Atraente melodia e letra. Emocionei-me ao ouvi-la pela primeira vez. De imediato, entendi três palavras: Sertão, Brasil e Cangaceiro. Os mais entendidos no idioma sintam-se à vontade para traduzi-la.




SERTÃO (Julien Clerc) 


Je crois que ce mot 
Voyage incognito 
Sauf parmi tous les enfants du Brésil 
C'est un mot tout chaud 
Qui vous colle í  la peau 
Tout juste comme un murmure 
Sur un ruisseau Sertao 


Oh imagine le Sertao 
Où résonnent les grelots 
Accrochés sur les chapeaux 
Des Cangaceiros Cangaceiros (3x)

Dans un grand désert sans eau
 Imagine le Sertao 
C'est un grand désert sans eau 
Où survivent les chevaux 
Des Cangaceiros Cangaceiros (3x)


Il vivait lí  bas
Depuis quinze ans déjí  
Ne connaissait rien d'autres du Brésil 
Ni les rythmes chauds Ni la vague, ni l'eau 
Pas même les bacchanales du carnaval, carnaval
Mais il était du Sertao 
Comme s'enlise un ruisseau 
Et rêvait d'un grand chapeau 
De Cangaceiros Cangaceiros (3x)


 Pour s'en aller au plus tôt Il était du Sertao 
Comme s'envole un oiseau 
Qui ne va jamais bien haut 
Dans la lumière puis vers la terre 
Parmi les pierres Revient bientôt 
Mais il était du Sertao 
Comme s'enlise un ruisseau 
Et rêvait d'un grand chapeau 
De Cangaceiros Cangaceiros (3x) 


Pour s'en aller au plus tôt (2x) 




6 comentários:

  1. è de Arrepiar..muito bacana..não conhecia essa obra prima...esse universo aguça a inspiração sempre!!

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  2. Confirmo Gilberto! Pessoalmente,guardo uma lembrança imperessível das minhas viagens no Nordest e da descoberta do Sertão.Minha primeira aproximação do Sertão foi feito pelas narrativas de Jorge Amado.A descoberta desta terra "ingrata" me ajudou a entender e gostar deste berço da cultura brasileira.É através da literatura (cordel), a música (forro), o artesanato, a gastronomia… que descobri esta cultura de uma criatividade excepcional .Consulto regularmente este blog porque é para mim uma fonte de ensino e de emoção extraordinária.

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  3. Gil ,veja este texto francês sobre o sertão :

    http://www.youtube.com/watch?v=f_BfbInGD9Y

    Paroles / Lyrics: Bernard Lavilliers
    SERTÃO


    Caruarú hotel centenario, suite princière, vue sur les chiottes, télé couleur,
    courant alternatif.
    Les pales du ventilateur coupent tranche à tranche l'air épais du manioc

    Le dernier texaco vient de fermer ses portes
    Y'a guère que les moustiques pour m'aimer de la sorte
    Leurs baisers sanglants m'empêchent de dormir
    Bien fait pour ma gueule! J'aurais pas dû venir...
    Calé dans ton fauteuil tu écoutes ma voix
    Comme un vieux charognard tu attends que je crache
    La gueule jaune des caboclos, Antonio Des Morte
    Capangas machos à la solde des fazendeiros

    Pour te donner un avant-goût de vacances intelligentes.
    Ceux qui vendent du soleil à tempérament,
    Les cocotiers, les palaces, et le sable blanc
    Ne viendront jamais par ici,
    Remarque il paraît que voir les plus pauvres que soi, ça rassure.
    Alors allez-y, ici, tout le monde peut venir, ici il n'y a rien

    Un soleil ivre de rage tourne dans le ciel
    Et dévore le paysage de terre et de sel
    Où se découpe l'ombre de lampião
    D'où viendront les cangaceiros de la libération?
    Le cavalier que je croise sur son cheval roux
    Son fusil en bandoulière qui tire des clous

    A traversé ce désert, la sèche et la boue
    Pour chercher quelques cruzeiros à Caruarú
    Un éternel été émiette le sertão
    Le temps s'est arrêté en plein midi
    Il y a déjà longtemps

    En attendant que l'enfer baisse l'abat-jour
    Qu'on se penche sur ta misère du haut de la tour
    Tu n'as que de la poussière pour parler d'Amour
    Aveuglé par la lumière comme dans un four

    Que tous les chanteurs des foires gueulent ta chanson
    Même si c'est le désespoir qui donne le ton
    Tu n'as pas peur de la mort, même tu l'attends
    Avec ton parabellum au coeur du sertão

    Un soleil ivre de rage tombe dans le ciel
    Et dévore le paysage de terre et de sel
    Où se découpe l'ombre de lampião
    D'où viendront les cangaceiros de la libération
    Sertão, sertão, sertão...

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  4. Este comentário foi removido pelo autor.

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  5. encontrei esta tradução do texto de Julien Clerc :

    Creio que esta palavra
    Viagem incognito
    excepto entre todas as crianças do Brasil
    é uma palavra muito quente
    Que cola-as à pele
    justamente como um murmúrio
    sobre um riacho Sertao

    Oh imagina o Sertao
    onde ressoam os grelots
    Pendurar sobre os chapéus
    do Cangaceiros
    Cangaceiros (3x)
    num grande deserto sem água
    imagina o Sertao
    é um grande deserto sem de água
    onde sobrevivem os cavalos
    do Cangaceiros
    Cangaceiros (3x)

    ele vivia ali
    desde quinze anos já
    não conhecia nada outros do Brasil
    nem os ritmos quentes
    nem a vaga, nem a água
    não mesmo as bacchanales do carnaval, carnaval

    mas estava do Sertao
    como se enterra um riacho
    e sonhava de um grande chapéu
    de Cangaceiros
    Cangaceiros (3x)
    para ir-se o mais depressa possível
    estava do Sertao
    como se envole um pássaro
    Que nunca bem elevado vai
    na luz seguidamente para a terra
    entre as pedras
    Custar cedo

    mas estava do Sertao
    como se enterra um riacho
    e sonhava de um grande chapéu
    de Cangaceiros
    Cangaceiros (3x)
    para ir-se o mais depressa possível
    (2x)

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  6. Valeu, Joelle. Obg pela contribuição!

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