sábado, 14 de janeiro de 2012

Arquivo morto - Zenóbio Oliveira

 
Meu coração é um livro de memórias,
Um calhamaço de amores vagos,
Composto de capítulos aziagos,
De esperanças frustradas e inglórias.

Um caderno de páginas irrisórias,
Em que o destino, de poucos afagos,
Escreve, inexorável, os estragos,
Causados por paixões contraditórias.

Uma obra que guarda em seus volumes,
Fascículos de mágoas e ciúmes,
Tomos de desgosto e de despeito,

Um romance de dores e ressábios,
Esquecido em velhos alfarrábios,
Nos baús antigos do meu peito.

2 comentários:

  1. Parece que todos temos os nossos arquivos-mortos. Eis o meu, publicado no Viagens ao além-túmulo. O soneto do Zenóbio é excelente, muito bem escrito. Parabéns!

    ARQUIVO MORTO


    Nada na mente,
    Uma noite fracassada,
    Uma idéia indecente
    Numa página riscada.

    Vida de rabiscos,
    Um livro abandonado,
    Um milhão de riscos
    Num corpo apagado.

    Pobre de história,
    Fonte não encontrada,
    Morto antes da glória
    Numa edição esgotada

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