segunda-feira, 23 de julho de 2012

O professor na EaD - Cristiane Praxedes Nóbrega


Não é de hoje a referência ao professor como um mediador no processo de ensino/aprendizagem. Sabemos que há uma vasta literatura que trata dessa questão, esclarecendo e apontando como esse novo papel deve ser desempenhado pelo professor que, em linhas gerais, deve atuar não mais apenas como um transmissor de conteúdos, mas um agente que interfere de forma significativa no processo de aprendizagem do aluno, facilitando, incentivando e direcionando os caminhos que levam esse aluno a se constituir em sujeito aprendiz, isto é, em sujeito que não só se predispõe a absorver conteúdos e repeti-los, mas também em sujeito que constrói com o professor e os seus colegas um conhecimento que modifica e interfere seu estar no mundo.
É evidente que esse novo cenário exige mudanças na forma de conceber diversas nuances que envolvem o processo educativo, principalmente, aquelas mais diretamente relacionadas à formação docente, no sentido de preparar o professor pedagogicamente para interagir com sujeitos que se distinguem em diversos aspectos: cultural, cognitivo, social etc., porque sabemos que o domínio do conteúdo ou tema não é suficiente, é preciso encontrar a melhor forma de repassá-los de acordo com a realidade de cada grupo. Essa noção se complexifica um pouco mais quando se trata do ensino a distância, visto que essa modalidade apresenta características peculiares que não se encontram no ensino presencial, dentre elas, ressalto a interação virtual entre professor e aluno.
Tudo o que já foi dito até agora sobre o papel do professor mediador no modelo presencial também é válido no modelo a distância, entretanto nessa última modalidade, ao meu ver, exige-se do mediador alguns saberes mais especializados de acordo com o meio pelo qual é ofertado o ensino, aqui me refiro, de modo particular, à modalidade que se utiliza das novas tecnologias relacionadas aos recursos/ferramentas da internet.
Nesse campo, o papel do mediador pedagógico, a sua forma de atuação e os recursos que este venha a utilizar são fundamentais para o sucesso dessa modalidade de ensino. É óbvio que o aluno também terá que se dispor a colaborar, estar aberto e disciplinado para essa forma de aprendizagem, caso contrário, o fracasso será inevitável. Mas destaco que nesses casos não se deve delegar tal fracasso ao professor, pois se este desempenhou bem o seu papel de mediador, não cabe a ele tal atribuição.
E esse desempenho engloba uma gama de saberes - além dos já citados anteriormente - que são pré-requisitos para o sucesso entre a interação professor-aluno, tais como: um bom nível de compreensão sobre o funcionamento das ferramentas e dos recursos disponíveis pelas novas tecnologias, bem como os efeitos que estes desencadeiam no processo de aprendizagem e na interação professor/aluno, destacando aqui a necessidade de se construir uma nova identidade para o professor que prescinde adaptar seu perfil e seu aporte teórico-metodológico às demandas dessa modalidade.
De forma mais específica, pensa-se num profissional dinâmico, colaborativo, atuante, flexível e disponível para atender ao aluno da forma mais rápida e eficiente e por meio dos recursos que forem mais adequados às necessidades de aprendizagem do aluno: fóruns, chats, web conferências, mensagens individualizadas, disponibilidade e acessibilidade de material teórico, de bibliografia especializada, de exercícios, de textos e/ou vídeos que facilitem a compreensão do aluno sobre determinado tema ou conteúdo e, principalmente, saber conduzir de forma interativa o processo de mediação do conhecimento.
Esse último ponto é essencial na EaD , e quando se utiliza de ferramentas/recursos como chats e web conferências, por exemplo, entendo que a atuação do mediador é fundamental, uma vez que a interação, a troca de informações entre os participantes, por ocorrer em tempo real, demanda certos cuidados que são primordiais, tais como: fazer com que todos participem da discussão, instigando-os e orientando-os; preservar as faces, isto é, cuidar para que não ocorra possíveis mal-entendidos ou aborrecimentos quando houver pontos de vistas divergentes; ser acessível às dúvidas do aluno sobre o tema da discussão ou sobre alguma situação referente ao curso; saber reconduzir os participantes à discussão em pauta quando estes mudam de foco; ser ético e agir com profissionalismo em situações constrangedoras. Enfim, cuidar para que os objetivos propostos sejam alcançados da melhor forma possível.
Portanto, precisa-se entender que na EaD as ferramentas tecnológicas e a internet não esvaziam a função do professor, ao contrário, ela é redimensionada a partir de novos parâmetros que impõem a professores e alunos um compartilhamento de tarefas e responsabilidades no processo de construção do conhecimento, no qual cabe ao mediador pedagógico (o professor) se apropriar dos saberes exigidos por essa nova modalidade de ensino, com intuito de desenvolver no aluno modos de como este pode potencializar seu aprendizado ao fazer uso dos recursos oferecidos pelas novas tecnologias, obtendo com isso resultados mais rápidos e eficazes

7 comentários:

  1. Parabéns, Cristiane! Excelente texto.

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  3. Não podemos ficar presos a uma educação aos moldes do final do século XVIII e como em tudo na vida , em educação também há os prós e os contras. É uma alternativa de ensino interessante e acho até irreversível, dado a conjuntura social em que vivemos hoje. O exemplo maior é que estamos aqui nos relacionando em um blog. É muito interessante o texto de Cristiane, ainda mais pela riqueza de detalhes para que a Educação à Distância seja bem sucedida.

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  4. Parabéns, Cristiane! É isso mesmo, o professor, nessa modalidade, é um colaborador e deve ser assíduo, no que concerne à atualização dos fóruns e às respostas aos questionamentos dos alunos. Apesar de ainda existir um certo preconceito, a EAD está se tornando uma modalidade muito utilizada, seja por grandes empresas ou instituições regulares de ensino. Obrigado pela contribuição.

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  5. Excelente artigo! Valeu, Cristiane, esperamos mais outros artigos com essa riqueza de ideias e a leveza de seu estilo linguístico.

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  6. Francisca Joseni dos Santos23 de julho de 2012 às 19:38

    Ótimo texto! concordo com o pensamento de Cristiane, na EAD o papel do professor é redimensionado e cabe ao aluno ter consciência e responsabilidade sobre a sua atuação participação neste processo tão dinâmico.

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