terça-feira, 20 de agosto de 2024

TROVAS COM A PALAVRA AMOR - Tadeu Hagen



TROVAS DE TADEU HAGEN COM A PALAVRA AMOR 


UM intenso amor se fez

e nós DOIS, em nossas redes,

em breve seremos TRÊS

na paz de QUATRO paredes.


Nas mãos da tua inconstância,

o meu amor, sem querer,

foi carta sem importância

que tu rasgaste sem ler.


O amor de juras ardentes

nos traz, apesar da idade,

impulsos adolescentes

em plena maturidade!


O teu amor não passou

de um cheque falso, querida,

que o Destino apresentou

no saldo da minha vida.


Trata o amor com fantasia

para fazê-lo viver;

o amor que perde a magia

tem muito pouco a perder!...


O teu amor não passou

de um cheque falso, querida,

que o Destino apresentou

no saldo da minha vida.


Trata o amor com fantasia

para fazê-lo viver;

o amor que perde a magia

tem muito pouco a perder!...


Tu chegaste... e eu me comovo

ante o amor que ora bendigo.

Foi como se um rio novo

brotasse num leito antigo!


Sussurros à meia voz,

meia noite, à meia luz...

quando o amor brilha por nós,

o quarto inteiro reluz!


Solta as cordas do rancor

se queres a paz de volta.

Mais vale um laço de amor

do que mil nós de revolta.


Quis despertar teu ciúme

e hoje noto, em minha dor,

que, bem mais do que perfume,

eu desperdicei amor.


A saudade, às vezes, traz

contrastes deste teor:

vinho amargo que se faz

das uvas doces do amor.


Amor exige constância,

presença e continuidade;

quem tem amor à distância

mantém mais perto a saudade.


Conheci o amor maior

e, ao ver meu prazo finado,

duvido de um céu melhor

que o céu que eu tive ao seu lado.


Não lembro o amor que foi belo

e me esquivo da ansiedade

pois sempre perde o duelo

quem desafia a saudade.


Recordo a velha conquista

e pago, nesta ansiedade,

o amor à primeira vista

com prestações de saudade.


Não tive ao seu lado a sorte

que a um grande amor se destina.

Quem sonhou ser chuva forte

não foi além de neblina.


Da vitrine colorida

ao amor intransponível,

todo encanto em minha vida

tem sempre um quê de impossível!


Não li, tintim por tintim,

tua carta, por supor,

antes de chegar ao fim,

que era o fim do nosso amor.


Ao cordão tão perecível,

o amor de mãe acrescenta

uma corrente invisível

que força alguma arrebenta.


No amor não quero confronto,

me acovardo e, conformista,

altero, ponto por ponto,

meus velhos pontos de vista.


É nossa união perfeita

magia para os ateus;

se este amor for “coisa feita”,

foi coisa feita por Deus!


Teu amor é minha crença,

meu princípio, meio e fim

e, sem a tua presença,

sinto falta até de mim!



Merece este amor perfeito

desvelos de passarinho

que arranca as penas do peito

para aquecer o seu ninho.


Na minha vida de dor

nunca tive a liberdade:

Ontem – escravo do amor...

Hoje – refém da saudade...


Prometo estrelas... e é bom

não duvidar do que é dito;

seu amor me trouxe o dom

de pôr a mão no Infinito!


Sou pobre e mal me mantenho

mas, no amor que me ofereces,

tiro do nada que eu tenho

o tudo que tu mereces!


Sem o amor, que é minha crença,

sigo a trilha dos sozinhos

e já nem faz diferença

pisar flores ou espinhos!


Eu queimei todas as trovas

sobre o nosso amor risonho

para não guardar as provas

do assassinato de um sonho.


O amor de infância desfeito

merecia outro destino:

morreu num verso mal feito

que escrevi quando menino.


Que vale o despertador,

com sua sirene vã,

se as manhas do meu amor

me atrasam toda manhã?!


O amor que eu julgava infindo

de um triste fim se aproxima.

Que pena! Um verso tão lindo

e eu não encontrei a rima!...


Do amor que me fez chorar

vivo a fugir, com firmeza,

pois quem não sabe nadar

não se atira à correnteza.


Perdão algum tem valor

sem ter o amor por razão;

somente a força do amor

pode dar força ao perdão!


Leito seco por completo,

choro o amor que se perdeu

quando o mar do teu afeto

não quis o rio do meu.


No instante em que ela voltou,

retomando o amor perdido,

seu perdão cicatrizou

o meu orgulho ferido.


Sem que aceites as delícias

do amor, por caprichos vãos,

a mais doce das carícias

envelhece em minhas mãos!


Não me fazem sofredor

meus deslizes de mãos puras:

fiz loucuras por amor...

por amor... não são loucuras!


O amor nos faz esperar

em vigília permanente,

porque costuma chegar,

quase sempre, de repente!


Só porque não houve um templo,

um véu, um terno, um altar

batizam de mau exemplo

este amor tão exemplar.


Ser seu amigo é um valor

que, para mim, não compensa.

Para quem deseja o amor,

a amizade é quase ofensa!


Teu ciúme arrasador

é que amarga a minha vida.

Quem tem dúvidas de amor

não ama... apenas duvida.


Em nosso amor o pior

foi que o teu perdão sonhado

era um número menor

e não coube em meu pecado.


Quando o amor me contagia,

tem meu peito apaixonado

a animação e a alegria

de um parque no feriado!


No palco dos fracassados,

nós somos, em nossa dor,

artistas despreparados

vivendo um drama de amor!


Se os assuntos se definem,

eu te fito, sonhador,

para que os olhos terminem

nossa conversa de amor!


Enlevo é aquele desvelo

de com carinho ajeitar

cada trança do cabelo

pra o meu amor destrançar.


Lembrando o amor que a iludia,

minh’alma, feliz, revive...

Eu sei que foi fantasia

porém foi tudo o que eu tive!


Não lembro o amor que foi belo

para não sofrer dobrado,

pois sempre perde o duelo

quem desafia o passado!


Minha razão combalida

não consegue mais se impor:

perdi o pulso da vida

seguindo impulsos de amor!


Tenho vivido ao sabor

dos rumos de um vento incerto

que, em constância, o seu amor

lembra as dunas de um deserto.


Quem mergulha na paixão

não se afoga em águas rasas.

O amor que nos tira o chão

é capaz de nos dar asas.


Você senhora... eu senhor

e uma existência perdida.

O resgate de um amor,

às vezes, custa uma vida.


Do nosso amor que morreu

nós fomos, sem perceber,

elos que a vida rompeu

pelo prazer de romper.


Uma paixão com fervor

não se oculta facilmente

porque mistérios de amor

vazam dos olhos da gente.


O nosso amor foi somente

simples prefácio bonito

de um livro que, infelizmente,

não chegou a ser escrito.


A saudade, em minha face,

insiste em querer mostrar

que, por mais que o tempo passe,

este amor não vai passar.


Eu vejo nesses fedelhos

que esmolam amor profundo

o futuro de joelhos

pedindo uma chance ao mundo.


Eu te imploro, por favor,

não insistas neste adeus...

Se não for por meu amor,

fica pelo amor de Deus!




Trovas extraídas do livro RETRATOS 4X7, contemplado com o TROFÉU LUIZ OTÁVIO, pela Ube Rio de Janeiro, em 1° LUGAR. 


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