quinta-feira, 17 de novembro de 2022

PROPOSTA INDECENTE - Nailson Costa





O BEIJO DE ESTELA


É recorrente em Estela

Não tão jovem, mas donzela

Uma lembrança amiúde


De seu sonho lhe roubado

Um pedido mal-amado

Que lhe deixou sem saúde


“Beija ela, beija, beija ela”

Ouvir isso queria Estela

No seu palco encantador


Estela desde menina

Jovem bela, culta e fina

Sonhava em se ter amada


Ela se via na passarela

As luzes em volta dela

Passada a cada passada


Mas o sonho de Estela

Desfilar no palco dela

Acordou num pesadelo


Numa noite, em Salvador!

Um rufião galanteador

Alto, bonito, um modelo


Verdes olhos e sensual

Ela pensou, ‘nada mal’,

Era sonho dela tê-lo?


Pediam os hormônios dela

“Beija ela, beija, beija ela”

Àquele viril rufião


Que a levou para uma esquina

Ainda inocente menina

Partindo-lhe o coração


Naquela noite de gala

Ele mostrou a sua bengala

Àquela linda donzela


Ereto, longo, sem alça

Saindo de dentro da calça

Muito espanto causou nela


“Beija ela, beija, beija ela”

Pedido dele para ela

Numa frase que não realça


Com a da linda menina

Que culta, donzela e fina

Não a via dentro de uma calça


“Beija ela, beija, beija ela”

Era, sim, o sonho dela

E Não uma importunação


Coitada da linda Estela

Que ficou com a sequela

Dum abuso sem noção!


A essa frase beije não!

Não dê ouvidos a essa mala

Nada de beijar bengala

Daquele imbecil rufião!


Nailson Costa


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