sábado, 11 de dezembro de 2021

O CANTO DOS CEGOS - Jair Elói de Souza

 

O cego "Carrañaca", 1915


O CANTO DOS CEGOS

A feira na minha freguesia, era no domingo. Para nós meninos avulsos, a feira era um dia de certa forma cheio de novidades. O propagandista, no meio da feira, vendendo literatura de cordel, pavão misterioso, a princesa Teodora, os "Doze Pares de France", bem essa era uma das novidades.
Dentre muitas coisas que apareciam, naqueles domingos, uma não se perdera na fuligem do esquecimento: Os cegos cantando, cantos tristes, ladainhas pedindo uma esmola, rogatórias invocando a bondade de Deus, para motivar as pessoas a lhes ajudarem.
Retrospectando a História Antiga, lembremos do bardo cego da Grécia, ou melhor das ruas de Atenas, HOMERO. Esse que deixou o maior legado da oralidade, os poemas: A Odisséia que conta as peripécias do herói de Ítaca Uisses e a Ilíada, que narra a Guerra de Troia, com seus ícones, Heitor, Paris, Menelau, Aquiles, o velho Príamo, e não esquecer Helena raptada.
Bem, voltamos ao miolo do assunto, os cegos cantadores, pedintes, contando as proezas, os feitos, de heróis que depois passariam para a História Universal. Nessa aselha, de lembrar os cegos cantadores dos Balcãs, na Idade Média.
Esses heróis anônimos, morreram na miséria que lhe acompanharam a vida toda, mesmo assim são o grande estuário da história.
J E.S.


Um comentário:

  1. Admiro demais a maneira como escreve o grande homem do Direito!!
    Sempre usando termos da língua do povo sertanejo, como "voltando ao miolo.da história". Rsrs
    Parabéns por "encarnar" nos textos a alma do povo nordestino!!

    João Maria de Medeiros Dantas

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