quarta-feira, 8 de dezembro de 2021

CONTRACULTURA - Heraldo Lins



CONTRACULTURA


Levando em consideração que o descanso subtrai um terço do nosso tempo de vida, ele acaba sendo o responsável para estimular a compra da casa e seus pertences. A quantidade de horas que passo descansando poderia ser utilizado em outro emprego, mas não, tenho que fechar os olhos inutilmente. 

Eu gostaria de trabalhar vinte e quatro horas por dia, mas o “danado” do sono fica achando que a vida é fácil e se mete todas as noites. Eu já fiz as contas. Minha hora de consultoria está valendo dez mil, exatamente oitenta mil de prejuízo contabilizo todas as manhãs. Já tentei deixar de dormir, e na tentativa comprei remédio, mas minha mente começou a chamar Gertrudes de Genésio, aí parei.

Há quem goste dessa moleza sonolenta pensando que isso é qualidade de vida. Descansam acreditando que ficarão imunes às doenças, mas gastam o que ganham comprando planos de morte. Todos os meses o boleto para evitar problemas com funerárias já é um problema. 

Alguém que passa a vida inteira valorizando o lazer está totalmente enganado. Ir a shows para ficar olhando alguém cantar só serve para dar dinheiro a quem está cantando. Aquele, sim, fica bem porque trabalha e os outros pagam para assistirem ele trabalhando.   

Eu não considero ser um bom negócio ir ao restaurante comer o que se pode adquirir na feira. As comidas são as mesmas, além das chatas perguntas se quer isso ou aquilo. Todos hão de convir que o corpo é feito para se movimentar, e não sei por que pessoas defendem o prazer de ficar numa mesa comendo sem ter que cozinhar. O movimento saudável de lavar prato, varrer casa, além de estimular a corrente sanguínea, evita despesas supérfluas.  

Comer e dormir são puros desperdícios, nem sei por que inventaram. No meu entender são apenas possibilidades dentro de uma gama de tantas outras: para evitar dormir é só arrancar os olhos, implantar câmera nos nervos ópticos e está resolvido; no caso de comer, extrai-se o intestino e aplica injeção de vitaminas diretamente nas células evitando-se banheiro, gases e tudo que rodeia a ação de comer. 

Acho graça quando vejo pessoas se confraternizando. Abraços e tempo desperdiçados, podendo estarem apertando parafusos, cavando buraco, carregando pedras. É bem mais útil.  


Heraldo Lins Marinho Dantas

Natal/RN, 26.11.2021 – 09:16



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