ALGUÉM TEM CHÁ DE CAMOMILA?
Faltou
sono. Com essa pandemia, as fábricas diminuíram a produção de sono e o
consumidor está passando necessidades.
Na cesta básica o item foi excluído. Ao invés de dois quilos de sono por
mês, vem cinco de insônia. Com essa mudança trágica, consumir insônia passou a
fazer parte da rotina. Há quem consuma dissolvida na vitamina, outros colocam
no suco e ainda há os que preferem in natura. O horário ideal para o consumo é
três da madrugada. Muitos consumidores ligam a televisão ou escrevem sobre ela.
Quem mora na zona rural vai para o alpendre comer rapadura com coco enquanto
admira o cruzeiro do sul. Quem está viciado em zanzar de madrugada pelos
corredores, nem consegue adormecer novamente. Para preencher o tempo, há praticante
que fica olhando os sapos comendo insetos. Conta quantos besouros o sapo engole
e faz estatística. Há um campeão que já chegou a engolir trezentos em uma noite.
O público que mais consome insônia são os aposentados. Durante a prática da insônia,
os fofoqueiros passeiam dentro de casa. Às escondidas, gravam o ronco dos
dorminhocos e colocam o áudio no grupo. Sim, porque existe o grupo dos
sem-sonos. As mensagens são as mais diversas: e aí!? O seu galo já cantou? Não,
não cantou nem vai cantar! Comemos ontem no almoço. Entra um kkkk e diz: aqui
tem uns gatos fazendo amor no telhado. Cada rosnado que dá medo. Chega outra
mensagem: parece que a vizinha também está com dificuldade em dormir. Só escuto
o bater de panelas... Daqui a pouco vou fazer
café ... Posso passar aí para tomar? Traga o pão.... Passei a noite indo ao banheiro...
Comprar pão? Rsrs... Espere aí que Juninho
acordou... O flamengo perdeu, quem viu? Eu estava dormindo! Eu também... Foi
que horas? Nem me pergunte, zumbi que se preza troca a noite pelo dia.
Autor: Heraldo Lins Marinho Dantas
Natal/RN, 07/12/2020
Heraldo Lins é arte-educador
Tel.: 84-99973-4114
Email: showdemamulengos@gmail.com
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