A cultura brasileira é tão
diversificada que há um erro muito comum em muitos organizadores de pautas
musicais: o sertanejo do sudeste e o sertanejo do nordeste.
Já muito me assusto com a falta
de discernimento e também pelos erros honestos cometidos por muitos radialistas
e produtores de entretenimento que usam o fenótipo sertão, e acabam por
torná-lo contraditório em seus aspectos, situando-o fora do contexto ou
sequestrando seu significado.
Erro que é também repetido na
noção de Violeiro e cantador de viola... completamente distintos.
O rádio é o principal palco desta
grave incoerência cultural. Os ouvidos do sertanejo do nordeste são torpedeados
diariamente por uma moda de temas, palavras, canções e expressões que não são
próprias de sua identidade.
Ele liga o rádio de manhã e ouve
"Menino da porteira", "Fio de Cabelo",
"Galopeira", "Caipira"... Enfim, tudo que se refere ao
contexto cultural do Brasil do Centro sul; paulista, mineiro e pantaneiro... E
os moduladores de tão cegos, fazem essa divulgação munidos por uma ignorância
musical, antropológica, sociológica e simbólica que muito se repete em outras
dimensões do segmento cultural.
Um dos maiores equívocos de
alguém no tocante a cultura popular é
falar e promover uma suposta cultura nordestina fazendo as pessoas ouvirem as
músicas SERTANEJAS do sul: como por exemplo Chitãozinho e Xororó; Galopeiraaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaa🎵? (sic), Almir Sater (Tocando em frente), Paula
Fernandes, Sergio Reis e tantos outros... Não são símbolos de ordem
identitárias do Sertão semi árido que compõem a cultura Nordestina.
Os que tocam isso, e ligam a
nordeste comentem uma homogeneização
empírica. Mas é aceitável, afinal o discernimento cultural não é espontâneo....
Porém é preciso entender que a
cultura nordestina é um objeto próprio e não pode ser generalizada pois isso
conduz à estereótipos e todo tipo de preconceito, não pela ocorrência mas pela
falta de entendimento e valorização da mesma.
Há uma série de músicas e
artistas importantes e de grande obra que fizeram de fato a construção de uma
cultura nordestina e não se pode desprezar. Só para registrar vale lembrar que
no cenário geral temos Marinês, Luiz
Gonzaga e outros, no RN temos Elino Julião e mais recente Dorgival Dantas, o
próprio Amazan e diversos outros que preencheriam com qualidade qualquer pauta
musical...
Neste mesmo raciocínio, quem
assistiu Velho Chico, e ao mesmo tempo conhecia esta perspectiva percebeu uma
forçosa tortura antropológica, na busca de criar um planeta nordestino. Mas já
é de praxe da rede globo fazer sua caricatura grotesca da humanidade que
habitou neste espaço que não é apenas físico .... São reflexos da dimensão
desta incompreensão....
Enfim, que seja entendido que o
Sertanejo é uma cultura simbólica que tem diversas composições no Brasil e não pode ser
generalizada de tão diversa e tão cheia de significados. Então, use sua
sensibilidade e discernimento e não cometa também essa generalização.
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