Uma brevíssima história do Brasil.
(Marcelo Pinheiro)
De terras lusitanas, velha nau partiu
Na bagagem, um baú de esperança
Na mente, um sonho de bonança.
Prosperidade aqui, Portugal logo viu
E trocando presentes, todos contentes
Ergueram uma cruz no nosso Brasil.
Tomaram posse de uma mata sem fim
De rios gigantes e céu de anil
De clima sereno e brisa gentil.
Rezaram uma missa, tocando clarim
Deram uma festa, dançando, cantando
Tombaram as árvores de tinta carmim.
Dizia uma carta ao rei d’além mar
É uma terra bela, de grande futuro
De povo ingênuo, selvagem, imaturo
Sua beleza é imensa, é ver e amar.
E agora que temos tamanha riqueza
Este novo mundo, é preciso explorar.
A exploração cresceu em peçonha
Depois da madeira, foi a vez da cana
O tráfico negreiro, gerou muita grana,
Barões, senzalas, dor e vergonha.
Com a indústria, outro ciclo nascia
Nosso ouro a Europa sorvia risonha.
Como é que pode, alguém afirmar
Que tudo era deles, se antes havia
Nativos morando nesta cercania?
Séculos se foram, sem nada mudar
É triste a dor que afeta a estima
Saber que o roubo teima em reinar.
O sol que um dia raiou em liberdade
Hoje passa por aqui envergonhado
Ao ver a brilho de um país sonhado
Virar espólio do império da maldade.
Resta ao seu povo, sofrido e bravio
Lutar contra as hostes da iniquidade.
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