Monturo
da Lembrança
Duas
pedras na mão, um brusco toque
E
a faísca acendia o algodão
Que
num chifre ficava em combustão
Prá
acender um cigarro: o Currimboque.
Essa
imagem me faz com que evoque
Fragmentos
do tempo de criança
E
a saudade tecendo a sua trança
Já
me leva até mesmo sem querer
A
andar nas ruas do meu viver
Remexendo
“o munturo da lembrança”
Que
beleza era o meu despertador:
Passarada
saudando a invernia
Ritmada
ao martelo que batia
Na
enxada do velho agricultor.
E
antes de deixar meu cobertor
Prá
ajudar ao meu pai com a “finança”
Uma
prece elevava na esperança
De
que a vida pudesse melhorar
Os
meus olhos estão a marejar
Remexendo
“o munturo da lembrança”
Numa
lata, farinha, carne assada
e
pedaços torrados de galinha.
Padre
nosso, bendito e ladainha,
de
um banco de tábua acolchoada.
uma
carroceria encapotada,
transportando
a fé, a esperança
Canindé,
Juazeiro... ô festança!
E
eu aqui viajando a toda pressa
Com
vovó, pra pagar uma promessa,
Remexendo
o monturo da lembrança.
Foi
num carro de lata de sardinha
Com
roda de tampa de guaraná
Que
me pus na estrada a viajar
E
o limite era a casa da vizinha.
Mas
o sonho daquela criancinha
Era
ir onde a vista não alcança
Com
os frutos de um par de aliança
Vou,
de férias, rever minha cidade
Dirigindo
um carro de verdade
Remexendo
o monturo da lembrança
José Ferreira Santos
José Ferreira Santos
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