sábado, 24 de janeiro de 2015

ENTRE UM RAIMUNDO E OUTRO, UMA IRRETOCÁVEL ARTE DA VIDA E UMA BELA METÁFORA DUM AMARGURADO SER! - Naílson Costa




Que semelhança há entre o Mons. Raimundo, grande pároco da história recente de S. Cruz e o eu-lírico do belíssimo POEMA DE SETE FACES, do famoso poeta Carlos Drummond de Andrade ? Nenhuma! Mons. Raimundo era Mons. Raimundo, uma irretocável arte da vida. Já o eu-lírico do Poema de Sete Faces, de Drummond, uma bela metáfora dum amargurado ser. Nesta, Carlos cria um eu-lírico com as penas e vestimentas de suas angústias, de seu universo de solidão, apesar da multidão que o cerca; um eu-lírico carregado de negatividade, melancólico, com flagrantes desajustes sociais e dificuldade de amar, em função de sua lascívia, de seus desejos sexuais exacerbados que atrofiam os mais sublimes sentimentos do amor; um eu-lírico mergulhado na túnica do alcoolismo e de sua embriaguez constantes. Esse eu-lírico exposto nas sete belas estrofes do referido poema induz-nos à mesquinhez interpretativa da fusão entre Carlos e o eu-lírico do poema, criador e criatura, num balanço autobiográfico e verossímil perfeitos, dada a sisudez e descrença nos seres humanos, muitas vezes externada por Carlos em vários outros poemas seus, e o desajuste social externado pela criatura, o eu-lírico, que culpa Deus por seu fracasso na vida, por seu abandono e insinua que Deus fez pouco dele, ao mandar um anjo Seu para lembrar-lhe de seu destino, “Vai, Carlos, ser guache na vida”. O eu-lírico afirma, também, que, mesmo se se chamasse RAIMUNDO, cuja palavra carrega em sua mais pura acepção o significado de PROTETOR, PODEROSO, SÁBIO e BOM, não seria capaz de livrá-lo de seu destino, o de ser guache, ou seja, desajustado socialmente, sem rumo e sem sorte na vida, e RAIMUNDO seria apenas uma rima, nunca uma solução para os seus problemas. O Poema de Sete Faces exprime sua poesia ímpar; é a metáfora perfeita para a angústia e a desilusão daqueles que não são felizes na vida; daqueles cuja essência de amargura não têm a vida como um presente divino. Mons. Raimundo não; Mons. era tudo de bom! Fez jus à acepção mais pura, cristalina e sublime de seu termo! Carlos bem que poderia ter conhecido a biografia de Mons. Raimundo antes de criar um eu-lírico assim, gauche na vida. Talvez ele, Carlos, tivesse maneirado nos sentimentos do eu-lírico desse belo poema de sete estrofes, e Raimundo não seria apenas uma rima pobre e sem solução. Eu ... bem, eu, do ponto de equilíbrio dessa gangorra dum Raimundo e outro, curto extasiado a arte irretocável da vida, e compartilho essa bela metáfora dum amargurado ser, ao dedicar ao poeta Drummond, uma humilde análise de seu excelente POEMA DE SETE FACES; ao Mons., meu Inesquecível mestre e Raimundo de todos os Raimundos, um poema meu de oito faces.

RAIMUNDO, PADRE NOSSO DE CADA DIA!
“Mundo mundo vasto mundo,
Se eu me chamasse Raimundo
Seria uma rima, não seria uma solução.
(...)
Mais vasto é meu coração.”
“Mundo mundo vasto mundo.”
O Raimundo que quero que veja
É Raimundo da Santa Igreja
Um mundo de oração.
Ave Raimundo cheio de graça
O Senhor está conosco em sua clara homilia
Mas o poeta Drummond em sua rica poesia
Não rimou o Raimundo dum profundo saber.
Mundo, tão vasto mundo,
Raimundo amigo, sacerdote, monsenhor
Pontual, confessor, sincero, professor
Vasto mundo, mais que rima pode ser.
Raimundo do mundo de Rita Santa
Cruz de nosso dia-a-dia
Raimundo, Jesus e Maria
Quão poético descrever!
Santo bordão de Raimundo de luta!
Bendita a adutora presente!
Voto sim na água benta da gente
Milagroso Raimundo também!
“Mundo mundo vasto mundo”
O mundo no verso ou na prosa
De Raimundo Gomes Barbosa
Carlos agora um relato tem.
Raimundo, Raimundo, vasto Raimundo,
O mundo de Carlos foi perdoado
E por Raimundo abençoado
Em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo
AMÉM.

(Nailson Costa, neste exato momento de 24.01.15, docemente afogado nas 7 taças de vinho de minha mais pura lucidez.)

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