terça-feira, 29 de abril de 2014

UMA IMAGEM QUE DIZ TUDO - Gilberto Cardoso dos Santos


O que dizer desta imagem
se ela tudo já diz?
capitalismo selvagem
que desnivela o país
águas turvas, poluídas,
crianças desprotegidas
desajustes sociais
um inferno nós criamos
na ganância provocamos
os crimes ambientais.

O homem tornou-se lobo
Do próximo por seu descaso
E com isso põe um prazo
À vida humana no globo
É o pródigo que não retorna
Que à própria vida transtorna
E faz do mundo um chiqueiro
Se o ser não vencer o ter
Do mal provaremos ser
O mais fiel hospedeiro.

domingo, 27 de abril de 2014

METENDO A CHIBANCA NO ROÇADO DA CULTURA


Com o poeta Gilberto Cardoso Dos Santos, metendo a chibanca no roçado da cultura - Hélio Crisanto (Créditos da foto: Rafaela Galdino)




Zé Ferreira:

Brocando a ignorância
Com a foice da poesia
Plantando sabedoria
No chão da intolerância
Deixando a exuberância
De um cordel em verdura
Crisanto, essa fartura,
Com o Cardoso, alavanca
E vão metendo a chibanca
No roçado da cultura.

O acervo popular
Tido, as vezes, como pobre
Ganhou o horário nobre
e agora está no ar.
saibamos aproveitar
Essa boa abertura...
Se nossa literatura
já tem a entrada franca,
Vamos meter a chibanca
no roçado da cultura.

Ouvi o trovão roncando
Pelas terras do cordel
Vi raio riscando o céu
E nuvem se condensando
O gotejo anunciando
Um tempo bom de fartura...
Que nessa semeadura
Ninguém fique na retranca
vamos meter a chibanca
no roçado da cultura.



Gilberto Cardoso:

Chega o vate Zé Ferreira
Pronto para semear
Vem disposto a ajudar
Com enxada de primeira
Enfrenta a mata rasteira
Amacia a terra dura
Na esperança se pendura
De ver correr água franca
E vai metendo a chibanca
No roçado da cultura.

Pense num mato frechado
Difícil de alimpar
Não é fácil de cavar
Deixar pronto esse roçado
É um barulho danado
Pornografia e frescura
“Novinha” não se segura
Vai logo mexendo as ancas
Vamos metendo as chibancas
Na plantação da cultura.

Da caatinga agonizante
O poeta em seu cordel
Extrai de modo brilhante
Água boa, leite e mel
Um gracioso vergel
Para a alma traz fartura
Vai-se embora a amargura
A alegria corre franca
Quando se mete a chibanca
No roçado da cultura.

Percebo grande mudança
Na programação global
Mostra a cultura local
Em toda sua pujança
Na poesia e na dança
No linguajar, na pintura
O sertão se transfigura
E ao preconceito desbanca
Vamos metendo a chibanca
No roçado da cultura.



Hélio Crisanto:

Vou abrir um armazém
Pra negociar cordéis
Vou chamar os menestréis
Quero juntar mais de cem
Vamos fazer um harém
De verso e literatura
Vamos ter muita fartura
De versos na nossa banca
E vou metendo a chibanca
Na plantação da cultura.

Enquanto os seres humanos
Se agridem com cusparadas
Eu canto pelas estradas,
Fujo desses levianos.
Traço metas, faço planos,
Me lanço nessa aventura,
Bebo da literatura
Nada de mal me atravanca;
E vou metendo a chibanca
No roçado da cultura


Jarcone Vital:

Quando chove inspiração 
Enchendo os rios da mente 
Fica escorrendo repente 
Nas valas do coração 
Cresce verso em plantação 
Pois faço a semeadura 
Eu colho glosa madura 
Que o bom poeta arranca
 "Vamos meter a chibanca 
No roçado da cultura"


Gélson Pessoa:

Num roçado encontrei
Um milharal de poesia
Bonecando com alegria
E logo me encantei
Por isto eu versejei
Com aquela agricultura
Que espalhava fartura
De leitura que era franca
Vamos meter a chibanca
No roçado da cultura.


Rainilton de Sivoca:

Quando eu olhei pro céu
Vi a nuvem da poesia
E em riba dela eu via
Muitas rimas a granel
Desceu chuva de cordel
Trovões de xilogravura
Com raios de partitura
E de uma forma franca
Vamos meter a chibanca
No roçado da cultura.

Não se vê quase apoio,
Na cultura regional,
O negócio anda mal,
Ando capengo e zaroio,
O gestor faz um coloio,
Se faz de cabeça dura,
Não ajuda a criatura
E ainda bota banca,
Vamos meter a chibanca,
No roçado da cultura.


Marconi Araújo:

Ouso inserir alvião
de feitio pontiagudo
alavancando o escudo
socando foco e ação
Há saber e instrução
e nos versos formosura
Basta enfiar a moldura
e não ficar na retranca
Vamos meter a chibanca
no roçado da cultura!








 

sábado, 26 de abril de 2014

POEMAS SOBRE UM CASARÃO ABANDONADO - Hélio Crisanto e Ubirajara Rocha



Um casarão alpendrado
Sentindo a falta do dono,
Hoje vive no abandono
Com o pé direito rachado.
Um angico desfolhado
Já não sombreia o batente
E a porta velha da frente
O cupim já lhe devora
No sertão que a gente mora
Mora o coração da gente
(Hélio Crisanto)

XXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXX

Quando vi uma paisagem dessas
pobre de sonhos e de promessas, 
os meus olhos até choraram 
e os questionamentos afloraram:
Quantas pessoas ai moraram? 
Quantos filhos já casaram? 
Por que te abandonaram?
Casa velha abandonada, 
hoje não vale quase nada,
 a tristeza está pintada.
Dos tempos de festanças
 restam as boas lembranças
 de uma família feliz.
Casa velha abandonada, 
por que ninguém te quis?

Ubirajara Rocha






quarta-feira, 23 de abril de 2014

O grilo - Zenóbio Oliveira


Caí logo na rede, estropiado,
Em busca do repouso mais tranquilo,
Mas ao primeiro esboço de cochilo,
Despertei com um ruído estridulado.
Levantei-me inda meio atordoado,
Procurando a origem do sibilo,
E descobri tão logo que era um grilo,
Num oco de parede camuflado.
Aí eu dei de garra de um cavaco,
E cutuquei buraco por buraco,
Na ânsia de abafar tão rude trilo,
Mas neca de sucesso em meu intento,
E para resumir meu sofrimento,
Perdi o sono e não achei o grilo

sexta-feira, 18 de abril de 2014

GALINHA EU GALO VOCÊ! - Nailson Costa


Segundo alguns historiadores, como Lucas e João, Jesus foi sacrificado às 12 horas, meio dia, e faleceu às 15h, numa sexta-feira da grande da paixão de seus seguidores. O problema é que esse fato se deu há quase 2 mil anos. E as histórias contadas muitas vezes mudam com o tempo em cada templo dos 3 tempos verbais. E as interpretações dadas podem se dar ao bel prazer de cada interesse. Jesus não disse que roubar galinha no sábado de aleluia não seria pecado, disse? Mas alguém disse a Cascudo que, com a desaparição de Jesus, roubar as galinhas dos ricos para comer com os pobres, não era pecado. Está lá nos compêndios das estórias pretéritas de Cascudo. E com Cascudo não se brinca! Só eu sei o que senti quando, do alto de minha inocência semântica, proferira a fatídica frase “Galinha eu galo você” na presença de papai. Pense num cascudo que tomei! Poxa, nem sabia de que se tratava, apenas ouvia de meus amigos aquela frase! É que papai era analfabeto, não entendia as entrelinhas das diversas colocações textuais, com parábolas desconexas e carentes das boas pontuações. Ou, quem sabe, as entendia demais. Para o meu insipiente aprendizado, o galo é forte, brigador e anuncia, todo dia, por 3 vezes, a chegada de mais um dia, com o seu belo e inconfundível canto, ao contrário da galinha, que é o substantivo feminino de galo, e ainda está no diminutivo, e, além do mais, bota ovos !Talvez tenha sido essa a indignação de meu pai. Mas se meus amigos, todos passados nas sete águas da macheza mais autêntica diziam, eu tinha que dizer também Galinha eu galo você, pra ser macho da gema mais pura da família dos galináceos. Resultado, tomei um cascudo estrondoso bem na crista de minha inocência! Eu nunca dou sorte quando quero imitar os outros! Eu estava pensando em copiar as façanhas dum determinado amigo meu, presepeiro de primeira grandeza, malhador de Judas e ladrão de galinhas de ricos para comer “c’os pobe” nos sábados de aleluia, mas não vou copiar não. Não dou sorte com esse negócio de imitar os outros, principalmente frases. Se pelo menos galo fosse verbo, eu poderia ter, antes de levar o cascudo, mudado o contexto, a pontuação, a semântica e a história, de modo que ela me beneficiaria, ao ser proferida assim, em pleno sábado de aleluia, há 40 anos, e papai, quem sabe, teria trocado o cascudo por uma aprovação tácita, ao ouvir de minha astúcia a frase “Galinha!? Eu galo você?”, ou até mesmo, “Galinha eu?! Galo você?!”. Talvez eu tivesse aprendido, quem sabe, a malhar melhor o Judas e um grande número de galinhas teriam sido devidamente roubadas nos muitos sábados de aleluia! 

18.04.2014

SOBRE O POEMA "O SOL EXISTE" - Gilberto Cardoso dos Santos




O Sol existe

ainda que seja noite
o Sol existe
por cima de pau e pedra
nuvens e tempestades
cobras e lagartos
o Sol existe
ainda que tranquem o nosso quarto
e apaguem a luz
o Sol existe

Vladimir Maiakovski

Comentário:

Palpável é o não-dito
que este poema contém
algo indizível, bonito
que vai da palavra além
é bobagem aparente
profundamente eloquente
que de bobo nada tem.

Às vezes, nas trevas densas,
alguém se encontra mui triste
se abalam todas as crenças
mas a certeza persiste
que há de raiar novo dia
em meio à treva sombria
pois sabe que o sol existe.

terça-feira, 15 de abril de 2014

SE ESTE CARA DE FATO FOR PASTOR É PORQUE VAI FAZER VOCÊ PASTAR - Gilberto Cardoso dos Santos

 Certa vez, por e-mail, recebi do falecido poeta Ademar Macedo a seguinte frase, que me serviu 
de inspiração: "é pastor, porque vai fazer vc pastar !!!" Nesse tempo ainda não sabíamos 
desse pastor que tomaria a coisa ao pé da letra. Fiz os versos abaixo:


vídeo:

SE ESTE CARA DE FATO FOR PASTOR 
É PORQUE VAI FAZER VOCÊ PASTAR - Gilberto Cardoso dos Santos

Ele vem à tevê e se diz santo
Diz com Deus ter profunda intimidade
Muitas vezes nem crê na divindade
Porém fala de Deus em todo canto
Seus milagres ao povo causam espanto
No entanto ele vive de enrolar
Pede ofertas a quem não pode dar
E diz: Isso é pra obra do Senhor
Se este cara de fato for pastor
É porque vai fazer você pastar.
                                                  
Vende meias sagradas de algodão
e botijas de óleo consagrado
água benta por preço bem salgado
Dvds e Cds de pregação
Quando fala é com convicção
E consegue o dinheiro arrancar
Faz promessas que Deus irá curar
No entanto não passa de um ator
Se este cara de fato for pastor
É porque vai fazer você pastar.

Você diz que é ovelha de Jesus
Mas cuidado com quem o pastoreia
Não precisa de óleo nem de meia
para se colocar ao pé da cruz
não se entregue à palavra que seduz
de quem tenta ao povo controlar
seja sábio e pare pra pensar
que é ridículo servir a tal senhor
Se este cara de fato for pastor
É porque vai fazer você pastar.

Muitos buscam só sexo e dinheiro
Através da fé na religião
Cada culto é somente uma sessão
De hipnose nas mãos de um embusteiro
É um lobo em pele de cordeiro
Que consegue viver sem trabalhar
O que diz tem intuito de enganar
Quem é néscio o honra com fervor
Se este cara de fato for pastor
É porque vai fazer você pastar.

sábado, 12 de abril de 2014

sexta-feira, 11 de abril de 2014

LOTEAMENTO PORTAL DO PARAÍSO - Santa Cruz - RN

Maravilhosa oportunidade de fazer um bom negócio! Parcelas a partir de 149 reais.
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quinta-feira, 10 de abril de 2014

BELINO E LORIM, PERSONAGENS CUITEENSES - Gilberto Cardoso dos Santos


Quem não lembra de Belino
De orelhas exorbitantes
Que alegrava a barraca
Com as visitas constantes
E falava com carinho
Sobre seu filho Lourinho
Que estava em terras distantes?

Botaram em sua cabeça 
Que Lorim tinha enricado
Martin Pereira falou
Que ele era um deputado
Belino acreditou
E muito se alegrou
Pensando no filho amado.

Daí em diante Belino
Passava os dias sonhando
Ia para uma barraca
E ficava comentando
Se passava um avião
Dizia com emoção:
‘É Lorim que tá chegando!”

Zé Soares lhe dizia: 
"Belino, tás enganado
Teu filho tá na miséria
Trabalhando  alugado"
Belino se enfurecia
E muitas coisas dizia
Completamente estressado.

Ninguém tirava essa idéia 
Da cabeça de Belino
que resolveu ir embora
em busca de seu menino
em um ônibus entrou
e nunca mais retornou
pra seu torrão nordestino. 

Perdeu-se em seus próprios sonhos
incuráveis devaneios
não se sabe se algum dia
satisfez os seus anseios
quem sabe tenha encontrado
a Lourim, seu filho amado,
vagando por chãos alheios.

sábado, 5 de abril de 2014

O NOBRE ATOR JOSÉ WILKER PARTIU DEIXANDO SAUDADE (Marciano Medeiros)




O nobre ator José Wilker
Partiu deixando saudade,
Foi ter encontro com Deus
No plano da eternidade,
Deixando muitas lembranças
Que são flores de esperanças,
Para toda mocidade.

Era muito inteligente
Por filmes tinha paixão,
Interpretou Juscelino
Com bastante exatidão,
Divulgando sua imagem
Deixou bonita mensagem,
Cativando a multidão.

No cinema interpretou
O Antônio Conselheiro,
Mas antes deu vez e voz
Ao bravo Roque Santeiro
Que com viúva Porcina
Viveu paixão peregrina,
Mostrada no estrangeiro.

Menciono aqui chorando
Este sublime papel,
Do personagem marcante
Juntamente ao coronel,
Fizeram audiência alta
Roque e Sinhôzinho Malta,
Numa batalha cruel.

Eu assistia feliz
Essa novela marcante,
Numa TV preto e branco
Tinha frequencia constante,
Cada capítulo esperava:
O outro quando chegava,
Era muito interessante.

Seu sorriso inconfundível
Deixa lembrança singela,
Fazendo nossa memória
Pintar bonita aquarela,
Pois o tempo não destrói
Nem o coração corrói,
Seu brilhantismo na tela.

Natural do Juazeiro
Hoje sua terra chora,
Lembrando do garotinho
Que ali viveu outrora,
Sonhando timidamente;
E depois de adolescente:
A sua vida melhora.

Nosso povo brasileiro
Lamenta profundamente,
Pois com sessenta e seis anos
O grande ator deixa a gente
Por causa do coração,
Fonte de muita emoção
Deixou a vida inclemente.

sexta-feira, 4 de abril de 2014

A LOUCURA DA PREGAÇÃO - Gilberto Cardoso dos Santos

 "Visto que, na sabedoria de Deus, o mundo não o conheceu por meio da sabedoria 
humana, agradou a Deus salvar aqueles que creem por meio da loucura da pregação." - I COR 1:21


A pregação é loucura
A própria Bíblia é quem diz
Afrontar outra cultura
Tentando fincar raiz
Em quem pensa diferente
buscar dardejar a mente
Sequestrar o entendimento
Prometer o invisível
E de maneira temível
Provocar constrangimento

Ser detentor de verdades
Que todos têm que aceitar
Ir por campos e cidades
Ideias a inculcar
Na verdade, se arriscar
A ser incompreendido
Humilhado, perseguido,
É jogar-se aos tubarões
Quem vai a outras nações
Pregar algo proibido.

Há quem ouça a voz divina
Mandando ele pregar
E até se entrega à chacina
Enfrenta quem duvidar
Fica na rua a gritar,
Briga por religião
Quer ganhar a atenção
E pela fé se tortura
Isso de fato é loucura
Loucura da pregação.