No cordel do
Paraíso
que pela verdade prima
além de produzir arte
quero algo além da rima:
contribuir de algum modo
pra erguer a autoestima
A autoestima de
um bairro
que possui grande valor
e não tem razão alguma
pra sentir-se inferior
de um povo hospitaleiro
honesto
e trabalhador.
Belo é o nome do
bairro
ao qual faço apologia
Quem colocou esse nome
certamente possuía
intenções de ver seu povo
vivendo em grande harmonia!
No princípio
pertencia
esse torrão nordestino
a um homem conhecido
como Pedro Severino
e ali Wilson cresceu
como um fogoso menino
Nesse tempo o
Paraíso
esse nome merecia
não existiam drogados
violência não se via
um paraíso terrestre
era o que parecia
Depois, porém que
cresceu
muita coisa foi mudando
mas era de se esperar
pois o tempo foi passando
gente vinda de outras partes
foi ali se aglomerando
Apesar dessa
mudança
que criou um certo trauma
há muita gente de bem
com o paraíso na alma
que traz a esse lugar
o aconchego e a calma
Se criou em Santa
Cruz
um certo mal-entendido
alguém diz: “No Paraíso
Só mora pobre e bandido”
Porém não há fundamento
pra esse dito atrevido.
Há gente de
condições
no Paraíso morando
Se dali nunca se mudam
é porque vivem gostando
E há muita gente do centro
que enriqueceu roubando
Vez por outra,
pelas ruas
eu escuto algum cochicho
Alguém diz: “No Paraíso
não há gente, só tem bicho”
passa alguém do Paraíso
e é olhado como lixo
Em 1930
É bom que você entenda
o bairro do Paraíso
era uma grande fazenda
aí, sim, havia bicho
mas hoje há gente de prenda!
Pelo rio Trairi
Então era separado
precisava-se de balsa
pra chegar ao outro lado
fez-se a ponte mas o orgulho
ainda o deixa isolado!
O mundo tem que
mudar
chega de tanto bairrismo
estamos na mesma balsa
não há razões pra racismo
Valorize o ser humano
abaixo todo
egoísmo!
[...]
Gilberto, lendo este seu cordel desfila nos meus pensamentos os muitos preconceitos pelos quais passei por morar no Paraiso. Tudo isto que você escreve é verdade. Não conheço o restante do seu cordel, portanto, não tenho conhecimento adequado para tecer outros comentários, mas me atrevo a dizer, até porque eu sempre falei sobre estes assuntos e a minha postura foi e é de defesa do Bairro do Paraiso como das demais zonas periféricas de qualquer cidade que viva à margem dos direitos sociais presentes na Constituição Federal Brasileira.
ResponderExcluirDefendo que o referido Bairro deveria ser prestigiado e lembrado pelos representantes das diversas esferas do poder os 365 dias do ano e não só no período eleitoral. Existe muitos jovens e crianças que vivem em risco social, cultural, e educacional, entre outros, existe também os adultos que convivem diuturnamente com a falta de oportunidade de cidadania plena. Qual o remédio que combate estas mazelas sociais que imperam e derrubam a dignidade humana?
Sabemos pois que risco social se combate com investimento maciço,duradouro, permanente e com objetivos precisos nas áreas de saúde, educação, segurança, moradia, entre outros. Mas, o que vemos?
Este tipo de investimento só dá resultados a longo prazo e os nossos políticos e demais gestores públicos "não querem" e "não podem" esperar por este tempo, portanto, o resultado é triste.
Temos hoje um "Bairro do Paraiso" generalizado onde o que impera é a escuridão das leis, das drogas, da prostituição e das mazelas sociais.
Morei no Paraiso por muito tempo - hoje moro em Natal - RN - e vou constantemente para Santa Cruz e fico no Paraiso, não me envergonho e nem me envergonharei das raízes de onde saí. Não vejo motivos para isto, da mesma forma como não critico àquelas pessoas que de lá saíram em busca de outros locais por melhores condições de vida, de moradia, de segurança ou por puro preconceito.
Existe alguns fatos conflitantes que me intrigam com relação aos moradores do Paraiso (me incluo também): 1º) reclamamos bastante porque o Bairro é esquecido pelos políticos e dizemos sempre que eles só nos procuram em época de eleição, em contrapartida, em época de eleição os recebemos de braços abertos e, ainda, acreditamos nas falsas promessas; 2º) quando qualquer político ou instituição querem fazer comícios, passeatas, carreatas, ou como dizemos "adjunto" de gente começa pelo Paraiso. 3º) Àquelas pessoas que tentam construir um diálogo consistente sobre a forma como os políticos e gestores tratam o Paraiso, geralmente, são "escanteadas" pelos próprios moradores.
FICO INTRIGADA. LIVRE PENSAR! SÓ PENSAR!
Francisca Joseni dos Santos - Professora
Gilberto, lendo este seu cordel desfila nos meus pensamentos os muitos preconceitos pelos quais passei por morar no Bairro Paraiso – Santa Cruz - RN. Tudo isto que você escreve é verdade. Não conheço o restante do seu cordel, portanto, não tenho conhecimento adequado para tecer outros comentários, mas me atrevo a dizer, até porque eu sempre falei sobre estes assuntos e a minha postura foi e é de defesa do Bairro do Paraiso como das demais zonas periféricas de qualquer cidade que viva à margem dos direitos sociais defendidos na Constituição Federal Brasileira.
ResponderExcluirDefendo que o referido Bairro deveria ser prestigiado e lembrado pelos representantes das diversas esferas do poder os 365 dias do ano e não só no período eleitoral. Existem muitos jovens e crianças que vivem em risco social, cultural, e educacional, entre outros, existe também os adultos que convivem diuturnamente com a falta de oportunidade do exercício da cidadania plena. Qual o remédio que combate estas mazelas sociais que imperam e derrubam a dignidade humana?
Sabemos que risco social se combate com investimento maciço, duradouro, permanente e com objetivos precisos nas áreas de saúde, educação, segurança, moradia, entre outros. Mas, o que vemos?
Este tipo de investimento só dá resultados a longo prazo e os nossos políticos e demais gestores públicos "não querem" e "não podem" esperar por este tempo, portanto, o resultado é triste.
Temos hoje um "Bairro do Paraiso" generalizado em muitos lugares onde o que impera é a escuridão das leis, das drogas, da prostituição e das mazelas sociais.
Morei no Paraiso por muito tempo - hoje moro em Natal - RN - e vou constantemente para Santa Cruz e fico no Paraiso, não me envergonho e nem me envergonharei das raízes de onde saí. Não vejo motivos para isto, da mesma forma como não critico àquelas pessoas que de lá saíram em busca de outros locais por melhores condições de vida, de moradia, de segurança ou por puro preconceito.
Existem alguns fatos conflitantes que me intrigam com relação aos moradores do Paraiso (me incluo também): 1º) reclamamos bastante porque o Bairro é esquecido pelos políticos e dizemos sempre que eles só nos procuram em época de eleição, em contrapartida, em época de eleição os recebemos de braços abertos e, ainda, acreditamos nas falsas promessas; votando neles e reelegendo-os ou elegendo àqueles indicados por eles; 2º) quando qualquer político ou instituição querem fazer comícios, passeatas, carreatas, ou como dizemos "adjunto" de gente começa pelo Paraiso. 3º) Àquelas pessoas que tentam construir um diálogo consistente e conscientizador sobre a forma como os políticos e gestores tratam o Paraiso, geralmente, são "escanteadas" pelos próprios moradores.
FICO INTRIGADA. LIVRE PENSAR! SÓ PENSAR!
Francisca Joseni dos Santos – Professora – escritora – gestora educacional – psicopedagoga – cidadã.