Como se não bastassem as ondas de assaltos, furtos e
assassinatos em Santa Cruz, temos também os crimes virtuais.
Na semana passada, 11, quando fui fazer o boletim de ocorrência do sumiço de
minha biz, enquanto aguardava o atendimento, meu celular tocou.
Uma voz de barítono disse-me que sabia onde estava minha
moto. Perguntou-me se estava disposto a pagar determinada quantia para
reavê-la. Enquanto conversávamos, coloquei no viva voz e avisei por gestos ao policial Valmir o que
estava ocorrendo. O cara deu detalhes da praça; disse que deixaria a biz diante
do shopping, em frente à lojinha de DVDs. Mas antes eu deveria fazer um
depósito na Casa Lotérica, numa conta que ele me passaria. A conta seria de uma
pessoa falecida, de quem ele guardava o cartão e a senha.
Disse-lhe que estava muito grato, que nem importava saber
quem era. Apenas queria que ele deixasse a biz em determinado lugar. Em seguida
eu faria o depósito. Expliquei-lhe que era apenas por precaução, só para ter
certeza que não se tratava de um trote, pois alguém poderia ter visto os dados
sobre o shopping e a praça nalgum blog, bem como meu telefone (afinal, como ele
teria conseguido meu número?).
Ele retrucou:
- Blog? O que é isso?
Expliquei-lhe que me referia à Internet, mas ele, tentando
mostrar-se desatualizado disse “Não sei o que é isso não, moço.”
Fui conversando com ele, seguindo as orientações do
policial, até que a ligação caiu. Era um trote.
Depois conferi e descobri que o número era de Brasília.
Abalado como estava, poderia ter sido fácil cair na conversa
dele. Ainda bem que desconfiei.
Uma amiga minha, a quem muito prezo, caiu numa dessas.
Pessoas que têm o coração bom, generosas, caem facilmente nesses golpes. O
excesso de bondade as torna vulneráveis, mais que os outros.
A conversa foi mais ou menos assim:
- Olá, prima, tudo bem? Que bom falar com você...!
- Olá... mas qual é o primo com quem tô falando?
- Não acredito não, prima! Não vá dizer que não está
reconhecendo minha voz!
- É Paulinho?
- Isso mesmo, prima! Eu sabia que você ia reconhecer. Que saudade!
- Diga aí, Paulinho! Quanto tempo! Como vai a família, tá
bem?
- Tá tudo bem, prima... mas eu tô ligando por causa de um
probleminha. É que eu tô indo aí pra sua região, mas aconteceu uma zebrinha
durante a viagem. Tô precisando de mil e quinhentos reais pra consertar o carro...
blá bla blá
E o depósito foi feito.
Imagine a dor da perda de um dinheiro conseguido a duras penas e, principalmente, a tristeza por ter sido feito de idiota. Essas pessoas não são dignas de crítica. Qualquer um, dependendo do momento e da habilidade de quem está do outro lado da linha, pode cair numa dessas.
Soube, através do BLOG DE HÉLIO SILVA de outra que perdeu mais dois mil reais numa dessas conversinhas de pé de ouvido.
Todo cuidado é pouco. Vivemos numa selva tecnológica e muito
temos a temer dos da mesma espécie.
Se acaso receber algum telefonema falando de sequestro de
algum querido, com pedidos de ajuda ou parabenizando-o por tirar na sorte
grande... respire fundo e procure usar a razão. Emoções nessa hora só
atrapalham.
Mais do que nunca, devemos atentar para o conselho bíblico: “Maldito
o homem que confia noutro homem.” Cuidado com o que postam no Facebook e em outras
redes sociais. Alguns não soltam um pum sem comunicar isso aos seus contatos.
Para as conterrâneas e conterrâneos já que foram lesados, fica a nossa palavra
de consolo: de alguma maneira, o prejuízo dos que fizeram isso será maior do
que o vosso. Resta a vocês a habilidade para conseguir mais.
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