quinta-feira, 20 de junho de 2013

TROTE NA DELEGACIA E OS CRIMES VIRTUAIS EM SANTA CRUZ - Gilberto Cardoso dos Santos


Como se não bastassem as ondas de assaltos, furtos e assassinatos em Santa Cruz, temos também os crimes virtuais.
Na semana passada, 11, quando fui fazer o boletim de ocorrência do sumiço de minha biz, enquanto aguardava o atendimento, meu celular tocou.

Uma voz de barítono disse-me que sabia onde estava minha moto. Perguntou-me se estava disposto a pagar determinada quantia para reavê-la. Enquanto conversávamos, coloquei no viva voz e  avisei por gestos ao policial Valmir o que estava ocorrendo. O cara deu detalhes da praça; disse que deixaria a biz diante do shopping, em frente à lojinha de DVDs. Mas antes eu deveria fazer um depósito na Casa Lotérica, numa conta que ele me passaria. A conta seria de uma pessoa falecida, de quem ele guardava o cartão e a senha.
Disse-lhe que estava muito grato, que nem importava saber quem era. Apenas queria que ele deixasse a biz em determinado lugar. Em seguida eu faria o depósito. Expliquei-lhe que era apenas por precaução, só para ter certeza que não se tratava de um trote, pois alguém poderia ter visto os dados sobre o shopping e a praça nalgum blog, bem como meu telefone (afinal, como ele teria conseguido meu número?).

Ele retrucou:
- Blog? O que é isso?
Expliquei-lhe que me referia à Internet, mas ele, tentando mostrar-se desatualizado disse “Não sei o que é isso não, moço.”

Fui conversando com ele, seguindo as orientações do policial, até que a ligação caiu. Era um trote.
Depois conferi e descobri que o número era de Brasília.
Abalado como estava, poderia ter sido fácil cair na conversa dele. Ainda bem que desconfiei.
Uma amiga minha, a quem muito prezo, caiu numa dessas. Pessoas que têm o coração bom, generosas, caem facilmente nesses golpes. O excesso de bondade as torna vulneráveis, mais que os outros.

A conversa foi mais ou menos assim:
- Olá, prima, tudo bem? Que bom falar com você...!
- Olá... mas qual é o primo com quem tô falando?
- Não acredito não, prima! Não vá dizer que não está reconhecendo minha voz!
- É Paulinho?

- Isso mesmo, prima! Eu sabia  que você ia reconhecer. Que saudade!
- Diga aí, Paulinho! Quanto tempo! Como vai a família, tá bem?
- Tá tudo bem, prima... mas eu tô ligando por causa de um probleminha. É que eu tô indo aí pra sua região, mas aconteceu uma zebrinha durante a viagem. Tô precisando de mil e quinhentos reais pra consertar o carro... blá bla blá
E o depósito foi feito.
Imagine a dor da perda de um dinheiro conseguido a duras penas e, principalmente, a tristeza por ter sido feito de idiota. Essas pessoas não são dignas de crítica. Qualquer um, dependendo do momento e da habilidade de quem está do outro lado da linha, pode cair numa dessas.

Soube, através do BLOG DE HÉLIO SILVA de outra que perdeu mais dois mil reais numa dessas conversinhas de pé de ouvido.

Todo cuidado é pouco. Vivemos numa selva tecnológica e muito temos a temer dos da mesma espécie.
Se acaso receber algum telefonema falando de sequestro de algum querido, com pedidos de ajuda ou parabenizando-o por tirar na sorte grande... respire fundo e procure usar a razão. Emoções nessa hora só atrapalham.

Mais do que nunca, devemos atentar para o conselho bíblico: “Maldito o homem que confia noutro homem.” Cuidado com o que postam no Facebook e em outras redes sociais. Alguns não soltam um pum sem comunicar isso aos seus contatos.


Para as conterrâneas e conterrâneos já que foram lesados, fica a nossa palavra de consolo: de alguma maneira, o prejuízo dos que fizeram isso será maior do que o vosso. Resta a vocês a habilidade para conseguir mais.

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