sexta-feira, 31 de agosto de 2012

Acerca da Greve dos Professores Universitários


Hítalo Praxedes Luto Por Painho

Esse é o Brasil em que o Professor Universitário estuda no MÍNIMO 10 anos para ter um título de Doutor (Graduação + Mestrado + Doutorado), não ganha como deveria e ainda é chamado de VAGABUNDO por lutar por uma educação mais digna, valendo salientar que o Brasil está na rabeira do Ranking de educação. O país já arrecadou mais de 40 bilhões só em IMPOSTOS de janeiro até agora. Esse é o país do Futuro? Que futuro eu tenho se a profissão mais digna não é valorizada? Quem achar que 6 mil reais (Só com Doutorado) é muito para a tamanha responsabilidade que esses profissionais tem nas costas que ache. Só a titulo de curiosidade:
Em países da Europa de 10 a 15% do PIB é destinado à educação. No Brasil não chega a 6%. Fica aberta a discussão. E para fechar, e doa a quem doer: SOU a favor da greve SIM! O profissional da educação merece dignidade, estão sendo tratados como proletários na revolução industrial. O que nos mantém dentro do sistema é o medo, as leis não existem apenas no papel, elas estão implantadas dentro do coração do povo na forma de medo e repressão.
Porque continuam respeitando as autoridades e hierarquias, quando estas autoridades e superiores não o respeitam! Todo aquele que tenta te controlar, te conter e colocar medo é seu inimigo.

Hítalo Praxedes, Santa Cruz, 30/08/2012

ESCRITOR PESQUISA LEGADO MODERNISTA NO LITORAL SUL POTIGUAR


    Mais de oito décadas depois da viagem etnográfica de Mário de Andrade ao nordeste brasileiro, o escritor potiguar Dudé Viana escolheu o município de Senador Georgino Avelino, no litoral sul do Rio Grande do Norte, para pesquisar o legado modernista deixado por uma das intervenções culturais mais importantes do Brasil.
Prefeito Gonçalo de Assis com Dudé Viana
   No último domingo, dia 26 de agosto de 2012, o prefeito de Senador Georgino Avelino/RN Gonçalo de Assis Bezerra recebeu, em sua residência, o autodidata Dudé Viana que apresentou o projeto de sua pesquisa etnográfica envolvendo o levantamento de acervo bibliográfico, resgate histórico da Marujada, estudo sobre as concepções de vida dos tiradores de coco, realização do censo dos ofícios,  caracterização artística da estátua de Santa Luzia e elaboração da proposta de implantação do espaço cultural "Mário de Andrade".

Veja mais no blog COSMOGONIA

Quem tem dinheiro faz festa Quem não tem só faz besteira - Jarcone Vital


 
Nascí na cidade de Santa Cruz do Inharé aos doze do mês de maio de 1969, sou filho de Manoel Vital dos Santos e dona Maria Félix Pereira. Estudei no ''Izabel Oscarlina'' e ''Estadual''... em 1985, entrei para o colégio agrícola de Jundiai, hoje resido em Parnamirim.

Quem nasce em marre deci
Só anda malamanhado
Fedorento, remendado
Quase não pode sorrir
Pois o dente quer cair
O pé só fede a chulé
Quando arruma uma mulé
Já deitou com a cabroeira
Quem tem dinheiro faz festa
Quem não tem só faz besteira

Quem nasce em berço de ouro
Só anda sempre arrumado
Terno fino bem passado
Sapato de puro couro
Seu automóvel é um estouro
Mercedes, Ferrari e fiesta
Aluga, vende e empresta
A vida é uma brincadeira
Quem tem dinheiro faz festa
Quem não tem só faz besteira

quinta-feira, 30 de agosto de 2012

EM BUSCA DA PERFEIÇÃO (Resposta a Maurício Anísio) - Gilberto Cardoso dos Santos



Caro Maurício:

Na Bíblia, onde não pode haver qualquer mácula, vemos uma historieta meiga, bem propícia ao que pretendemos explanar. Sabe-se que tal relato não constava nos primeiros manuscritos – o que, de algum modo, baldeia a imagem límpida que alguns têm deste livro – mas a história é demasiado boa para ser descartada. Tão boa que foi inserida nos relatos sacros. Graças a ela, cristãos do mundo inteiro vão aos prostíbulos para higienizá-los e alcançam sucesso. Num certo sentido, limpa a imagem negativa que muitos têm de Deus. 

Refiro-me ao relato da pecadora levada (e lavada) aos pés de Jesus.
Tratava-se de uma mulher cujo currículo era um lamaçal, uma forte candidata ao apedrejamento. Líderes políticos e religiosos de então se aglomeraram em torno de Jesus querendo exterminá-la. Foi um comício improvisado. A passeata chegou ao seu destino e o grande orador foi forçado a discursar. Ali foi pronunciada a célebre sentença, tão aludida hoje nas CPIs, quando algum nobre parlamentar é pego nalguma contravenção:

“Aquele que estiver sem pecado, atire a primeira pedra.”

Todos se entreolharam estupefatos. Ninguém ousaria dar uma de Davi naquele momento. Gigantesco, o Golias da consciência esmagava a todos. Sabiam, no  íntimo, que eram fichas-suja diante de Deus.
Entendemos hoje, na perspectiva de nossos olhos cristianizados, que eles não estavam tão revoltados quanto parecia com a sujeira da Geni bíblica. Antes, pretendiam também sujar a ficha de Jesus, reduzi-lo, por uma ação, à condição deles.

Neste mesmo livro imaculado, resultante da junção de diversos outros considerados puros, lemos que Deus, o Onisciente e Onipresente, olhou dos céus e fez uma vistoria entre os humanos.
Sabedor da importância das decisões políticas deve ter iniciado sua investigação pelos congressos e câmaras de então.
E o que concluiu Deus, com base na constatação irrefutável de seus olhos santos?
Que não havia um justo, sequer um.

Eleitores e eleitos de então eram todos fichas-suja, infelizmente.
De lá pra cá, com a invenção dos micros e teles cópios; com a descoberta de níveis e fatores de sujeira que escapam ao olho humano, tornamo-nos cada vez mais cônscios das imundícies próprias e alheias. O entendimento cada vez mais pleno do que significa democracia, faz-nos hoje olhar enojados para coisas que receberam aplausos no passado.

Todavia, o que seria a perfeição? Vivemos e nos movemos em um aquário gigante a que chamamos mar da linguagem onde termos como este fazem parte da rotina de pensamentos e diálogos, mas existem exclusivamente nele, sem qualquer correspondência no mundo objetivo. Utopia e perfeição vivem entrelaçadas e restringem-se a rabiscos, emissões de som e à imaginação.

Homens de fibra como você, caro Maurício, batalharam por um mundo perfeito e por fim descobriram que ele apenas poderia se tornar menos injusto, e não tão menos injusto quanto gostariam que fosse.
À semelhança do filósofo Diógenes, vem você com a luz das boas ideias piscando no seu cérebro, à procura de um candidato verdadeiramente honesto, totalmente ficha limpa, dentro do barril de limitações em que você voluntaria e involuntariamente  foi colocado. Decerto, sabe de antemão, sua busca será tão infrutífera quanto a de Diógenes, o Cínico.

Quanta sujeira se revelou nos movimentos da esquerda radical, “higienizadíssima”, a ponto de George Orwell, com total acerto, escrever o clássico A Revolução dos Bichos, onde quem domina são os porcos!
Não é com pouco esforço que se mantém um suíno limpo. Ele tem propensão à sujeira, gosta da lama, involuntariamente a produz.

Obsoleto está o tempo em que acreditávamos na infalibilidade de líderes religiosos e políticos.  
À semelhança do Cristo, (provável único ficha-limpa em toda a história, mas que recusou candidatar-se), você doou (parte de) sua vida pela salvação do Brasil. Semelhantemente, sempre lhe incomodou a hipocrisia - tão reinante naquele instante em que líderes políticos e religiosos se mancomunavam para apedrejar a prostituta.
Ao despir o caráter dos potenciais apedrejadores, o Ungido apresentou razões para que a pecadora tivesse uma melhor aceitação na sociedade, gerando, inclusive, precedentes para que esta se tornasse eleita e dos prostíbulos passasse aos altares. Hoje, bispos de olhos vermelhos, apedrejados pela consciência, ajoelham-se aos pés daquela que algumas vezes se ajoelhou por motivos nada nobres, estando, portanto, apta  a fazer assepsia em quem se sente na “fossa”.
De certo modo é isto o que você faz, pois à medida que cresce aos nossos olhos a sujeira dos que nos pareciam limpos, diminui a podridão daqueles a quem queremos apedrejar.

Resta-nos, pois, uma indagação bastante válida:
O que fazer num mundo em que somos obrigados a fazer escolhas, diante da perspectiva da não-existência da perfeição, uma vez que instintivamente a buscamos?
A solução está em escolher, dentro de nossas posses e possibilidades, aquilo que mais se aproxima do que idealizamos. Eu e você nunca pudemos comprar o transporte perfeito. Talvez tenhamos adquirido aquele de nossos sonhos, mas não o perfeito. Veículos perfeitos ainda não foram inventados. Desconfio que o maior magnata não esteja absolutamente feliz com os carrões que possui.

Quando levamos nosso veículo defeituoso à oficina, não buscamos um mecânico sem defeito, mas o melhor. Há mecânicos que se sujam muito, cuja oficina chega a repugnar. Há outros que até se vestem de branco, embora saibam não ser este o melhor uniforme. Se o mecânico, após o serviço, deixa nosso veículo imundo, faz-se reprovável. Se de algum modo ele é descuidado com a higiene do nosso veículo e da oficina, mas trabalha bem, talvez o busquemos outras vezes. Melhor que um muito cuidadoso que não conserta direito. No entanto, preferiríamos um menos sujo que consertasse bem.

E o que dizer do cônjuge perfeito? Elegemos alguém que apenas se aproximava do ideal, para depois descobrir que este estava muito aquém do que almejávamos.
Nossa busca pelo menos imperfeito deve persistir. Há níveis de sujeira, sim. Uns voluntariamente se jogam na lama, ao passo que outros tiveram suas vestes salpicadas.
Devemos eleger o edil menos ardiloso, o prefeito menos imperfeito, o deputado menos imputável, o senador mais são e o presidente menos digno do presídio.

Embora alguns que conhecem sua bela trajetória, dileto Maurício, diante de tais indagações achem que nadou, nadou e morreu à beira da praia, vejo-o como alguém que cruzou mares dantes não navegados. Certamente foi surpreendido por ondas traiçoeiras, dentro de seu próprio partido e aprendeu a não confiar em enseadas que lhe pareciam tranquilas. Tenho certeza que você, marinheiro experiente, jamais ousaria empreender uma viagem de 4 anos em uma embarcação que apresenta sinais de fissuras. Tampouco escolheria para cozinheiro, nesta viagem, o mestre-cuca menos cioso dos princípios higiênicos.

Finalizo, retornando à  ilustração inicial desta delongada missiva:
Depois que os pretensos santos se retiraram, Jesus disse à pecadora: “Vai e não peques mais”.
É necessário que busquemos eleger pessoas com o menor nível de sujeira, dispostas a limpar-se, que não achem prazer em se espojar na lama. Gente que busque a perfeição no exercício do seu mandato, mesmo sendo consciente de que esta não existe.

Penso que maculei minha resposta aos olhos de muitos, ao ousar transpor os limites textuais socialmente determinados por leitores apressados. Mas espero do alto de minha pequenez ter respondido à altura.

Um forte abraço, amigo Maurício, diante de quem respeitosamente nos curvamos, por sua história tão limpa!


Procura-se um perfeito (não prefeito) - Maurício Anísio



Caro Gilberto,


Resolvi, depois de muito pensar, apelar para teu conhecimento, já que tens um blog muito visitado por pessoas decentes e conscientes. Teus leitores e colaboradores são pessoas acima do meu nível intelectual e atualizados na evolução da sociedade. Confesso que parei no tempo. Estou em minha casa, vivendo os meus últimos anos de solidão. 
Como temos uma eleição este ano (já tenho meus candidatos, mas posso mudar) me procure, por favor, um candidato FICHA LIMPA DE VERDADE. Ou seja, sem muitas delongas, que não pertença a Partido FICHA SUJA, que não faça coligação com partido FICHA SUJA. Enfim, eu quero saber onde é que anda este candidato 100% FICHA LIMPA. Se alguém souber, me diga pelo amor de Deus.
Estou doido para conhecer este candidato.

Um abraço do teu amigo,

Mauricio Anísio de Araújo



Veja a resposta a este post em EM BUSCA DA PERFEIÇÃO

quarta-feira, 29 de agosto de 2012

SOBRE A ENTREVISTA DE NAILSON - Débora Raquiel





eu terminei de ler  a entrevista de Nailson Costa, e fiquei extremamente insatisfeita, achei por demais curta (risos). 

Eu que só optei por ler quando tivesse tempo de degustar as vírgulas, pontos e entrelinhas... acabei de ler e fiquei aqui sentindo uma imensa sensação de orfandade, existe isso? Aquela sensação de quando termina um filme bom que move a alma da gente ao caminho do bem, um poema de Drummond que de tão completo nos arrebata em êxtase total...THE END é triste para os seres sentintes!

Uma entrevista para se sentir e degustar. É de lamber os beiços! (risos)

Analise o poema  O elefante de Drummond e veja como dialoga com a entrevista do grande Nailson.


Parafraseando o poeta do povo, "Amanhã recomeço" na certeza de que figuras como Nailson, Hélio CrisantoMarcos Cavalcanti e você, além de grandes mestres, são os pais do movimento literário de Santa Cruz, e possuem a humildade dos Mahatmas. É necessário um livro mesmo, pois uma página é pouco demais para quem veio ao mundo ensinar!

1º CONGRESSO DE PEDAGOGIA - Um Marco na História do RN


Colegas professores, especialmente do RN e da Região Nordeste: Nos dias 08, 09 e 10 de novembro acontecerá, em Natal/RN, o I CONPED - Congresso de Pedagogia do Rio Grande do Norte. Aproveitem e façam imediatamente as suas inscrições, COM ou SEM apresentação de trabalhos. Essa é uma oportunidade única para você divulgar sua pesquisa. Ivanilson Costa


Com o tema: "O pedagogo do século XXI e os novos desafios da pedagogia contemporânea"o primeiro Congresso de Pedagogia do RN tem como missão ser um espaço de promoção e fortalecimento da profissão e do profissional do conhecimento, possibilitando a divulgação de trabalhos de pesquisas e de  atuações nas diversas áreas de desempenho da pedagogia, dentro e fora dos ambientes escolares. Será também um espaço para reflexões sobre politicas pedagógicas e de discussões sobre relatos de experiências e pesquisas realizadas em articulação com o ensino e a extensão nas instituições de ensino superior. 

Assim sendo, a organização do 1º Congresso de Pedagogia do Rio Grande do Norte - 1º CONPED RN, tem a honra de convidar todos os acadêmicos, pesquisadores e profissionais interessados no fortalecimento da pedagogia e valorização do pedagogo, na divulgação das pesquisas desenvolvidas na graduação, pós-graduação e atuação em pedagogia e áreas correlacionadas, para participarem deste evento que terá como foco de debate o despertar de uma identidade profissional mais efetiva e um envolvimento maior dos pedagogos desde sua formação até a sua atuação nas diferentes faces da pedagogia contemporânea.

O evento realizar-se-á dias 08, 09 e 10 de novembro de 2012 no Complexo Cultural de Natal, na Zona Norte, através de palestras, mesas-redondas, oficinas, grupos de trabalhos e apresentações culturais, e tem como público-alvo estudantes da graduação e pós-graduação em pedagogia e suas vertentes, bem como os profissionais pedagogos e das áreas correlacionadas, como: pedagogia formal (Ed. Infantil, Ens. Fundamental, Ed. Inclusiva, EJA, Coordenação e Gestão Pedagógica), pedagogia empresarial, pedagogia hospitalar, pedagogia da terra (Ed. do Campo), pedagogia da informação (Ed. Tecnológica, EAD).

Temos como objetivo geral viabilizar o encontro de estudantes, docentes e profissionais em pedagogia, promovendo uma vasta discussão sobre os elementos constitutivos fundamentais da/na formação destes profissionais do conhecimento e suas muitas atuações.

Como objetivos específicos temos a intensão de:  promover a socialização da produção do conhecimento na graduação em pedagogia, nas diversas IES, como forma de se pensar politicas e fomentos para a realização de pesquisas científicas na área da educação em todo o país; constituir parcerias entre graduandos/pós-graduandos, pesquisadores e profissionais participantes do 1º CONPED-RN, considerando as especificidades da área de educação a que cada um se insere; e, propiciar um espaço de criação da Associação dos Pedagogos do RN(ASPEDRN) como forma de fortalecer, valorizar e promover as muitas ações/atuações dos pedagogos do estado do RN. 
ACESSE O BLOG OFICIAL DO EVENTO:

terça-feira, 28 de agosto de 2012

EXPOSIÇÃO AFRICANIDADE NA CASA DA CULTURA DE SANTA CRUZ


Encerrou-se a Exposição Africanidade na Casa de Cultura do Artista Plástico Humberto França. Apoio: Inventa NanetPonto De Cultura Palacio Inhare, Casa de Cultura Popular de Santa Cruz. Curadoria: Jamilly Mendonça 


FAZENDA BOM JARDIM – Hélio Crisanto




Recentemente visitei a fazenda Bom Jardim, localizada na zona rural de Goianinha - RN, que fica a mais ou menos  uma hora de Natal. Um antigo engenho secular que em 2007 foi tombado como patrimônio histórico-cultural do nosso estado. O casarão rústico é uma espécie de museu , abrigando em seus cômodos móveis e objetos dos seus antepassados, e até hoje mantém as características originais desde o século XIX. Foi neste lugar que o poeta Mário de Andrade nas suas andanças pelo Rio Grande do Norte, no ano de 1928, conheceu e  apaixonou-se pelo cantador de Coco Chico Antonio, apresentando-o em seguida para o resto do mundo. O local recebe turistas diariamente, grande parte de estrangeiros interessados em conhecer um pouco da nossa cultura. A fazenda  oferece também um passeio em trilhas numa área de mata atlântica ainda preservada, passeio de carruagem, uma saborosa cachaça produzida no seu engenho e comida regional de primeira linha. Quem interessar fazer uma visita é so entrar em contato: fbomjardim@hotmail.com.

segunda-feira, 27 de agosto de 2012

GRATIDÃO A QUEM NOS LÊ


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domingo, 26 de agosto de 2012

ENTREVISTA COM CELSO CRISANTO, UM HOMEM APAIXONADO PELO CORDEL


Sueli (filha), Carlos e Hélio (filhos), Celso Crisanto (pai) e seu netinho

Em 19.08.2012, tivemos um agradável bate-papo com o senhor Celso, um homem verdadeiramente apaixonado pela literatura de cordel. 
Do alto de seus mais de 80 anos, mostrou-se extremamente lúcido e bem-humorado. 
Este homem abriga em sua memória cordéis que fizeram história, preciosos conteúdos que foram relegados ao esquecimento. Tanto amou o que leu e ouviu que decorou. Melhor: aprendeu-os; aninhou-os em sua imaginação fértil, deixando-se moldar e nutrir pela rica cultura a que teve acesso.
O vício da leitura salvou-o de outros vícios, tornando-o um pai de família bem sucedido e um cidadão exemplar.
Vale a pena escutá-lo.

PARTE 1

Entrevistado: Celso Crisanto, homem de memória fabulosa, pai do poeta Hélio Crisanto
Entrevistadores: Gilberto Cardoso dos Santos e Hélio Crisanto
Câmera: Hélio Crisanto
Edição de vídeo: Débora Fernandes
Realização: APOESC (Associação de Poetas e Escritores, Simpatizantes e Colaboradores)
PARTE 2

Entre a seca e a saudade: uma leitura de Vaca Estrela e Boi Fubá - Cristiane Nóbrega



Recentemente, ouvindo “Vaca Estrela e Boi Fubá”, letra do grande poeta Patativa do Assaré, cantada por dois ícones da música nordestina – Luiz Gonzaga e Fagner - retomei algumas ideias de um texto que havia escrito já faz algum tempo e resolvi publicá-las em homenagem ao centenário do Rei do Baião, Luiz Gonzaga, com a intenção de ressaltar sua influência na disseminação dos traços identitários de nossa nordestinidade.
As identidades regionais são construções que se forjam em práticas discursivas de diversas naturezas e que se concretizam em variados gêneros textuais. Em “Vaca estrela e Boi Fubá”, é possível encontrarmos elementos caracterizadores do que, comumente, tem-se denominado de identidade nordestina, gestada anteriormente por várias correntes discursivas, dentre elas, a euclidiana, a sociológica freyreana e a dos romancistas da geração de 30.
A defesa freyreana de um Nordeste nostálgico, olhando com saudades para um passado farto e opulento, não encontrará nessa música a mesma referência ao segmento social dos senhores de engenho nem as práticas de sociabilidades ali existentes. No entanto, o sentimento saudade é tão pertinente em “Vaca Estrela” quanto na obra do sociólogo de Apipucos. Certamente, o saudosismo é aqui recorrente porque as práticas discursivas anteriores a essa música transformaram-no em um elemento caracterizador da identidade nordestina, seja no litoral ou no sertão, não importa o local e sim a relação sentimental do homem com a terra.
Em “Vaca Estrela e Boi Fubá”, a ideia do homem telúrico apegado ao seu “torrão natá” nos remonta ainda aos vestígios de uma construção identitária anterior a de Gilberto Freyre: o regionalismo naturalista euclidiano, que toma o homem como produto do meio. A este último discurso, renderam-se e o reproduziram os escritores da geração de 30.
Portanto, embora haja uma visível predominância de elementos caracterizadores do sertão: a seca e o gado, vê-se, com efeito, em “Vaca Estrela e Boi Fubá”, a presença de uma polifonia discursiva que, ao mesclar-se, idealiza uma identidade homogênea referente a espaços diferenciados do ponto de vista natural e sociológico, ou seja, fundem-se elementos identitários do litoral e do sertão para configurarem uma unidade ao recorte geográfico intitulado de Nordeste.
Para o historiador Durval Muniz de Albuquerque Júnior, “a saudade é um sentimento pessoal de quem se percebe perdendo espaços queridos de seu ser, dos territórios que construiu para si. A saudade também pode ser um sentimento coletivo, pode afetar toda uma comunidade que perdeu suas referências espaciais e territoriais, toda uma classe social que perdeu historicamente sua posição, que viu os símbolos de seu poder esculpidos no espaço serem tragados pelas forças tectônicas da história.” Portanto, o lirismo saudosista que aparece nesse poema de Patativa do Assaré é um dos elementos essenciais para a noção de identidade, pois a permanência em uma “terra estranha” possibilita estabelecer o sentimento de pertença ou não a um determinado grupo. Estar no sul é estar distante dos códigos referenciais relativos ao espaço nordestino. É preciso então construir um elo que não faça esquecer a origem.
Logo, quando Luiz Gonzaga e Fagner resolvem musicar o texto de Patativa do Assaré processam mais rapidamente a socialização desses códigos tanto fora como dentro da região, pois a música, pela sua própria especificidade, consegue atingir um número maior de pessoas. Assim, os muitos nordestinos que, em decorrência das transformações históricas e sociais, ocorridas no final do século XIX, foram obrigados a migrarem para o sul em busca de empregos na pujante agricultura ou no parque industrial que ali se formava, encontraram em músicas desse teor a possibilidade de continuarem perpetuando os códigos referenciais que os tornam diferentes dos sulistas reafirmando a pretendida “nordestinidade”.

ALBUQUERQUE JÚNIOR, Durval Muniz de. A invenção do Nordeste e outras artes. São Paulo: Cortez, 1999.

sábado, 25 de agosto de 2012

VERSO DE CANCÃO


O sol vai morrendo além
deixando marcas na serra
e a asa da noite vem
cobrindo a face da terra,
a floresta silencia,
nenhum passarinho pia
neste quadro sonolento;
só o murmúrio das águas
que propagam suas mágoas
pelos soluços do vento.

NÃO CONFIE EM NINGUÉM - Nailson Costa


TEM NA BÍBLIA, NUNCA CONFIE EM NINGUÉM! VOU DAR DOIS EXEMPLOS:


1. Estava eu numa churrascaria domingo em Cuité, quando entra Gilbereto Cardoso, de 


chapéu de couro à Lampião. Foi aquela alegria. Sente aqui, cabra. E o cabra sentou. Num 

quis beber não, mas comeu que foi uma grandeza! Claro que ele não pagou a conta, e nem

 se ofereceu pra pagar! Conversa vai, conversa vem, risadagem pra qui, risadagem pra lá..

 o cabra tava com seu celular de última geração em riba da mesa, ligado, gravando as 

nossas presepadas. Pois bem, quando foi segunda ele ligou pra mim e disse, vou peneirar 

aquela conversinha nossa de ontem e publicar no blog da APOESC. O quêêêêê, num tá nem

doido, não!!!! Não, é brincadeira. Quando abro o blog da APOESC agora, tá lá a nossa 


Ainda bem que o cabra, além dum grande artista, é um bom sujeito, e do bem, ainda bem!

2. Já vi um colega meu em cinco grandes carreatas de vereador. Poxa, Fulano, vai votar em 

quem pra vereador? Rapaz, naquele em que você também vai votar! Ahhhh, que legal, o 

meu num fez ainda uma grande carreata e nem vai fazer, pois ele não é desses grandes 

feitos. BACANA!!!!!!! NUNCA CONFIE EM NINGUÉM. Mas eu só confio em Gilberto Cardoso! 

Ele tem um celular de última geração!


sexta-feira, 24 de agosto de 2012

A celebridade politicamente correta - • Renan II de Pinheiro e Pereira




Uma das figuras mais presentes na atualidade é a celebridade politicamente correta. Herdeira direta dos protestos de Bertrand Russell contra os testes nucleares, do apoio de Sartre à União Soviética durante a Guerra Fria e da militância “pacifista” de Jane Fonda no Vietnã durante os anos 70, ela pode ser definida como a pessoa famosa que, ou por entusiasmo irrestrito ou por estar interessada em ser vista como alguém com mais profundidade de pensamento que a maioria de seus pares, sempre se envolve em ações consideradas pelos formadores de opinião como “moralmente válidas” e “ideologicamente corretas” para melhorar o mundo, às vezes em mais de uma ao mesmo tempo ou em várias seguidas, quase como se “salvá-lo” fosse a sua verdadeira missão. Para não correr o risco de identificar alguma delas erroneamente, eis algumas de suas características:

Em primeiro lugar, por ser um movimento que está acima de julgamentos negativos, a celebridade politicamente correta é a defensora número um da ecologia. No seu discurso, geralmente encontramos frases protestando contra o uso das energias poluentes, o desrespeito dos governos pela fauna e pela flora e o futuro cada vez mais negro da Terra diante do aquecimento global. Muitas vezes, também são vegetarianos radicais que consideram comer carne vermelha como “crueldade” e culpam os rebanhos bovinos do mundo como “parcialmente responsáveis” pelo aquecimento da Terra, através das flatulências dos bois. Sempre financiam ONGs que defendem ações “ecologicamente corretas”, e algumas vezes liderando protestos contra o uso de animais como cobaias por laboratórios médicos (e argumentando em favor dos que promovem atentados contra eles). Também nutre verdadeira obsessão por demonstrar que sempre recicla o lixo e é favorável a modelos de energia renováveis e “limpos”. Em mais de uma ocasião tiveram atitudes que espantam as pessoas “comuns”, como quando a modelo Giselle Bündchen declarou que para não gastar água nos sanitários de sua mansão prefere urinar durante o banho (quando talvez o mais correto e higiênico seria tomar banho de banheira e usar essa água nas descargas).

Como é “consciente” e “politizada”, a celebridade politicamente correta sempre se define ideologicamente como uma pessoa de esquerda. Assim como financia organizações ecológicas, também é militante ativa de partidos considerados renovadores, chegando a organizar festas para arrecadar dinheiro para as campanhas de seus candidatos. Nesse sentido, também é defensora entusiasta de bandeiras que costumam ser associadas a esses partidos, como a descriminalização do aborto (que segundo uma ótica feminista seria um “direito reprodutivo da mulher”) e o fim da influência do governo norte-americano nos demais países do mundo (especialmente no Oriente Médio). Também existe a possibilidade dela se manifestar favoravelmente a governantes que escondem uma fachada autoritária por trás de um governo esquerdista (como vários escritores que apoiaram a União Soviética nos tempos de Stalin ou se posicionaram favoravelmente a Muamar Kadaffi), mas nos últimos tempos ela tem sido mais rara, visto que com a diversificação das mídias as denúncias de arbitrariedades governamentais estão aumentando e suas assessorias estão mais cautelosas quanto a esse tipo de ação. Quando ela não é bem-sucedida nesse sentido, pode ocorrer algum vexame, como quando Benício Del Toro interpretou Che Guevara num filme laudatório e, ao divulgá-lo em Miami, foi confrontado por uma repórter que o entrevistara sobre algumas atitudes bastante negativas do homenageado e não soube o que dizer.

A celebridade politicamente correta sempre se posiciona em defesa de minorias de quaisquer tipos. Dessa maneira, integra ações em favor dos flagelados da África ou dos refugiados de nações em guerra, mas também pode exercer essa ação de maneira mais modesta, em seu país de origem, “apadrinhando” grupos “marginalizados pela elite”, como os grupos de funk e rap das periferias. Contudo, por mais importante que seja essa ação “redentora”, essa celebridade deve examinar o que ela defende, visto que eventualmente as coisas podem não ser como parecem (como no último caso citado, visto que os funkeiros americanos e brasileiros têm uma certa tendência a fazerem apologia do machismo e da violência sexual – o rapper Eminem, por exemplo, é um notório misógino – e aqui no Brasil alguns deles já se envolveram com o tráfico). Também merecem ser citados alguns casos em que a causa era legítima, mas não a forma como quem a defendia agiu, como quando Marlon Brando ganhou um Oscar de melhor ator por seu trabalho em “O poderoso chefão”, nos anos 70, mas ao invés de ir buscá-lo enviou uma índia, vestida em roupas tribais, em seu lugar. Ao recebê-lo, ela fez um discurso condenando a política do governo americano em relação aos indígenas, mas pouco depois se descobriu que ela era na verdade uma atriz caracterizada como nativa.

A celebridade politicamente correta é uma usuária frequente das redes sociais e sempre as utiliza em favor da última causa que está defendendo, seja para divulgá-la ou, mais uma vez, para arrecadar dinheiro para viabilizá-la. Nada errado com isso, não fosse pelo fato de que, como já foi mencionado, às vezes ela não se importa de verificar se aquilo que defende é verdadeiro: há alguns meses foi divulgado na Internet um vídeo onde vários artistas da televisão brasileira protestavam contra a construção da Usina Hidrelétrica de Belo Monte, mas universitários de ciências exatas também usaram a Internet para demonstrar que vários dos argumentos utilizados eram inconsistentes, o que prejudicou a credibilidade da causa. Outro exemplo disso foi quando vários atores se posicionaram contra a transposição do Rio São Francisco, levados pelo exemplo de um religioso atuante no Nordeste, chegando a ir à capital federal, e diante do fracasso de sua iniciativa a atriz Letícia Sabatella chorou, ignorando que o projeto em questão pode solucionar os problemas de milhares de “flagelados da seca”, contanto que seja conduzido com lisura e equilíbrio. Isso é perigoso levando-se em conta que só porque um fato foi divulgado na Internet isso não atesta sua veracidade, e um exemplo disso foi a campanha “Cala a boca, Galvão”, que mobilizou milhares de internautas estrangeiros em 2010, que, por ignorarem o significado da frase em português, foram induzidos a reproduzi-la em peso no Twitter em um determinado dia sob a alegação de que era um movimento contra a extinção de um pássaro que tinha esse nome, embora na verdade fosse uma crítica ao desempenho profissional do mais famoso locutor esportivo brasileiro, conhecido por ser fator de risco para os cardíacos pelo seu eventual destempero durante as transmissões que comenta.

Por último, a celebridade politicamente correta é ardente defensora da liberdade de pensamento, exceto para os adversários das causas que defende. Para estes, sempre são reservados os adjetivos de pior peso ideológico para defini-los, como “fascista (mais raro, só costuma ser usado pelas celebridades mais velhas ou que querem passar por cultas)”, “hipócrita”, “retrógrado” ou, como é mais comum, “preconceituoso”. Em geral, esses adjetivos são largamente utilizados para os que criticam movimentos que são vistos com repulsa por parte da população, como alguns dos já citados ou as passeatas pela legalização das drogas, como que para estereotipar aqueles que os condenam como pessoas presas a ideias ultrapassadas que não devem ter direito a voz ou voto numa sociedade verdadeiramente evoluída. E isso funciona, pois atualmente ninguém (incluindo-se aí o autor destas linhas) gosta de ser chamado por esses termos.

P.S.: em nenhum momento esse texto tem a intenção de defender o capitalismo selvagem, o desmatamento nas florestas, o conservadorismo radical ou a repressão de grupos marginalizados, e muito menos é contra denunciar arbitrariedades ou injustiças quando elas ocorrem a olhos vistos. Também reconhece que muitas pessoas públicas realmente se interessam pelo futuro do planeta e querem fazer uso de sua fama para defender causas que acreditam ser justas, como a luta que Elizabeth Taylor travou durante mais de vinte anos, até a sua morte, para encontrar uma cura para a AIDS, ou as ações filantrópicas do ex-jogador Raí. O objetivo dele, na verdade, é denunciar aquelas celebridades que apoiam qualquer causa que pareça interessante para um grupo “esclarecido”, mas não o fazem com naturalidade, e sim por uma necessidade quase obsessiva de parecerem boas ou “conscientes” aos olhos de seus fãs. Contudo, na vida real elas geralmente vivem em tempo quase integral em mansões e apartamentos de luxo, raramente se aproximam de uma pessoa necessitada sem um fotógrafo por perto e muitas vezes não conhecem com profundidade as causas que defendem. Sem mencionar que muitas vezes agem de forma contrária ao que pregam, como quando fazem campanhas para produtos “ecologicamente incorretos” (Giselle Bundchen, por exemplo, faz publicidade da Grandene, fabricada com derivados do petróleo) ou dirigem carros e motos “envenenados” com combustíveis poluentes. Sem mencionar as histórias mais dramáticas, como a da atriz americana Joan Crawford, que adotou quatro crianças dizendo que queria constituir uma família (conduta que não é incomum entre as celebridades politicamente corretas, sendo que elas dão especial destaque às nascidas em países subdesenvolvidos), mas após sua morte descobriu-se que ela abusava verbal e fisicamente de pelo menos duas delas. Ou de Brigitte Bardot, que é conhecida por ser defensora dos animais, mas se opõe à presença de muçulmanos na França e declarou em sua autobiografia que preferia ter dado à luz um cachorro do que o seu próprio filho. Mas principalmente, deve-se ter em mente que, como já é a praxe na vida, uma tese deve ser reconhecida não pela fama de quem a defende, e sim pela consistência dos argumentos em que ela se baseia. Celebridades não são infalíveis, até porque elas são seres humanos.