“Nem Deus pode afundar o Titanic”
A frase acima, supostamente dita por um dos condutores ou marinheiro do maior navio ate então construído, tem sido citada à exaustão nos últimos cem anos em púlpitos cristãos do mundo inteiro como um alerta aos que duvidam do Poder Supremo.
É difícil não despertar temor, medo, no coração daqueles que creem. Muitos, aliás, foram incentivados a temer a Deus por causa dessa história.
A verdade, porém, segundo Richard Howells – expert na história do naufrágio – é que não há provas conclusivas a respeito deste relato; a história teria sido criada pelo imaginário popular após o naufrágio. Nunca, afirmou ele, a White Star Line disse que o navio era invulnerável.
Verdade ou mentira, sempre me soou estranho que Deus, sinônimo de Amor e de Justiça – o mais perfeito dos seres e fonte benfazeja de todos os outros – fosse capaz de se deixar levar por tais ímpetos de destruição. Confesso que quando ouvia esta história da boca de algum líder religioso, era como tentar engolir um maxixe quente. Ficava pensando em cerca de 1500 embarcadas e nos muitos familiares destes que ficaram em terra; pessoas que não o provocaram, que não disseram nada parecido com isso, mas, como estavam “no mesmo barco”, acabaram sendo penalizados.
Isto o faria parecer alguém imaturo, perigosamente impulsivo. Imagine o mais adulto e antigo dos seres procedendo tolamente como criança! Temperamento sanguíneo!
Ora, isso não combinaria com seu caráter. Imaginemos a cena: um ameninado qualquer da terra, jactancioso, diz: “Não tem quem afunde esse navio... nem Deus!” E Deus, a quem nada escapa, franze o sobrecenho e diz: “Ah, é? Pois eu vou mostrar a esse sujeito quem é que manda aí!” e logo, valendo-se de monstruoso iceberg, "prova" para o resto da humanidade quem é o tal.
Isso faz Deus parecer com indivíduos imprevisíveis que todos conhecemos; assemelha-o a governantes despóticos, prontos a esmagar quaisquer sinais de insolência. Religiosos fanáticos inquisidores poderiam dizer convincentemente que de fato foram feitos à Sua imagem e semelhança.
Em sendo verdade, justificaria a censura religiosa e perseguição aos escarnecedores. Como deixar à vontade pessoas que blasfemam contra Deus? Professores, pais e autoridades deveriam tentar controlar tudo oque se diz. O ocorrido com o Titanic estaria aí para nos alertar. De repente, alguém em um grande shopping lotado de gente diria: "Duvido alguém derrubar este edifício!" E Deus, sentindo-se provocado, mandava um raio e deixava milhares de famílias destroçadas.
Será que Deus iria querer destruir toda uma multidão de filhos por causa de um único rebelde? Aliás, nem se todos fossem rebeldes. Tal visão talvez tenha pouco a ver com a de um Deus que criou o homem à sua imagem e semelhança e muito a ver com a de um Deus criado à imagem e semelhança do homem.
Veja tb:
COM QUE DEUS NÃO SE BRINCA?
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COM QUE DEUS NÃO SE BRINCA?
Gilberto,
ResponderExcluirMais um extraordinário texto. Bebi cada “gota”. Penso assim também: Deus, independentemente de como o imaginemos (ou não o imaginemos), jamais se revoltaria contra milhares apenas por causa de um desafio isolado, de uma brincadeira, de uma bravata. Deus seria pequeno demais se assim agisse.
Parabéns!
sei não viu? é difícil essa análise. valeu gilberto pelo texto.
ResponderExcluirMaria
CONCORDO COM VC GRANDE GILBERTO! É VERDADE,SE REFLETIRMOS DIREITINHO,SEGUINDO O SEU RACIOCÍNIO,É PURA VERDADE. DEUS É AMOR E JAMAIS FARIA ISSO POR VINGANÇA,PORÉM, TEMOS QUE TER CUIDADO COM NOSSAS PALAVRAS,PQ ELAS TEM MUITO PODER,NÃO É VERDADE? CONCORDO COM VC E SUA INTELIGÊNCIA.
ResponderExcluirPEDRO
muito bom seu texto profº. parabénss,concordo com vc em números e gêneros.
ResponderExcluirJoão
CONCORDOOOOOOOOOO. ANALISANDO DIREITO,VC TEM TODA RAZÃO!
ResponderExcluirANA
Gilberto...
ResponderExcluirNão tenho tanta retorica, mas faço minhas suas palavras, defendo que Deus é amor e compaixão, então acredito que Deus não é vingativo, portanto, determinadas coisas acontecem devido a atos humanos.
Francisca Joseni dos Santos - Professora
Joseni, Ana, João, Pedro, Maria e Teixeirinha,
ResponderExcluirobrigado por palavras tão incentivadoras!
Caro Gilberto!
ResponderExcluirSeu discernimento é perfeito. Lembro-me que, certa vez, cheguei a discutir com um evangélico sobre essa possibilidade de Deus carregar em Sua essência uma porção do bem e outra do mal, isso em perfeita harmonia de coexistência. Na ocasião, disse-lhe que a própria homilia dos seus, assim como a Bíblia, disseminava (e dissemina) um Deus do amor, que deu o próprio filho para a redenção da humanidade. Ele, o evangélico, me disse que Deus tinha o poder de punir e castigar sim e também a sabedoria para escolher o momento. Expliquei pra ele que o Deus da minha formação sócio-cultural era O do perdão, que ofereceu a outra face e que iria ficar com Ele.
Parabéns pelo belo texto, poeta e um abraço.
Zenobio
Este comentário foi removido pelo autor.
ResponderExcluirGilberto é polêêêmico!
ResponderExcluirParabéns Gilberto,pela sua excelente reflexão diante de um assunto polêmico e muitas vezes interpretado de forma imprudente. Seu ato de discernir é coerente. Concordo com você!
ResponderExcluiresse caba é polêmico mermo. rsrsrs é um bom pensador! parabéns!
ResponderExcluircarlos
(risos)
ResponderExcluirAgradeço a Lindonete, Carlos e Marcelo pelos comentários!
“(...) tem sido citada à exaustão nos últimos cem anos em púlpitos cristãos do mundo inteiro como um alerta aos que duvidam do Poder Supremo.”
ResponderExcluirSinceramente, eu (e pelo menos mais 11 pessoas que naquele post comentaram) entendi de pronto, pelo contexto e pelo fragmento de frase acima, que Gilberto falava do Deus cristão.
Seria um pretexto para expor seu fervor ateísta, Marcos?
Maria Auxiliadora dos Santos.
Gilberto, desculpa o erro. O comentário era para o post novo. Vou enviar por lá.
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