terça-feira, 31 de julho de 2012

Um caminho de Harmonia - João Estevam Fernandes



“O mestre faz a reverência e levanta-se, o oponente dispara em

sua direção e a espada corta o ar, a esquiva do mestre foi instintiva, os

discípulos que a cena assistiam não a perceberam, seguiu-se outro corte,

o mestre movimentava-se, como se nem estivesse sendo atacado, e

vários outros cortes se seguem.


O mestre não possui a intenção de machucar seu oponente,

prefere ensiná-lo, se quisesse ensinar usando o ódio, o distanciamento

ideal mantido desde o primeiro corte já o teria permitido encerrar a lição,

mas prefere o amor. Então continua harmonizando-se, sem atacar, a

perfeita observação cultivada durante os mais de 60 anos de treino o

põem em um estado de interação dinâmica que faz os dois parecem

apenas um, a sua respiração correta e ritmada, permitem-no passar por

um tempo consideravelmente grande sem cansar-se. Passados alguns

minutos o oponente já mostrava sinais de cansaço.


O movimento seguinte de apenas poucos segundos, definiu tudo,

o mestre, acompanha o movimento de corte e redirecionando sua

energia (do corte) o prolonga, arremessando em seguida o oponente ao

chão, ao tomar seu centro e sua espada. Então o mestre para, senta-

se e curva-se, agradecendo a Deus não só por esta luta, mas por toda

sua vida. Ao oponente resta apenas levantar-se com um pouco de

dificuldade e reconhecer a eficácia do mestre e da arte, na esperança

de que o mestre o aceite como discípulo. E o mestre assim o faz.”


O encontro ficcional acima descrito tem a única intenção de expor

um pouco da filosofia e do pensamento de um verdadeiro praticante do

Budô. A palavra Budô pode ser traduzida como “caminho do guerreiro”

e serve para designar as artes marciais de origem Japonesa. Não sei

por qual motivo, mas este tipo de “esporte” sempre me seduziu, haja

vista que nunca tive admiração pelo futebol, como a maioria de meus

compatriotas, e a primeira com a qual tive contato foi o Karatê-dô, lá no

longínquo ano de 1990. Assisti uma demonstração e fiquei fascinado,

só não comecei a praticar imediatamente por estar com o braço

engessado, resultado de uma traquinagem infantil.


Após a retirada do gesso, meus pais arrumaram alguma maneira

de me persuadir a adiar o início da prática, e sempre que eu voltava

ao assunto eles inventavam outra maneira – eles não ficaram tão

fascinados como eu, até que cerca de sete anos depois ingressei na

Academia Pequeno Felino, onde pratiquei Karatê-dô durante alguns

anos.


Hoje pratico Aikidô com o Sênsei James e escrevo este texto por

sugestão deste mestre. Nestes anos de prática aprendi muita coisa

na APF e não somente sobre o Karatê-dô, o Sênsei Messias possui

uma vasta sabedoria, freqüentemente compartilhada com seus alunos.

Em certas ocasiões lembro claramente de o ver demonstrar técnicas

de outras artes, inclusive do Aikidô e também de suas palavras de

incentivo quando resolvi por este caminho seguir: “Cada passo que se

dá em direção à arte, são na verdade dois passos e não apenas um,

pois é como se você estivesse em frente a um espelho e a cada passo

seu a arte também dá um passo”.


Em 2005, dei o primeiro passo – na verdade dois - em direção

ao aprendizado do Aikidô, o terceiro passo demorou quase seis anos e

espero, sinceramente, que os próximos sejam mais breves. Praticamos

Aikidô na Academia Central de Aikido de Santa Cruz. O Aikidô tem

como fundador Ô Sênsei Morihei Ueshiba, é uma arte marcial moderna

e não competitiva que visa o pleno desenvolvimento do ser humano.

Venha você também treinar.


Quando o tempo se fecha, o céu nublado é sinal que vem chuva pra o sertão – Júnior Adelino


Quando avisto uma nuvem carregada
avisando que o céu já tá se pondo,
bem do oco do mundo ouço um estrondo
de um corisco ou trovão pai da coalhada;
vem a chuva enfermeira dedicada
pra curar as feridas do verão,
onde Deus o maior cirurgião
recupera o sertão tão castigado;
quando o tempo se fecha, o céu nublado
é sinal que vem chuva pra o sertão.

segunda-feira, 30 de julho de 2012

BATE-PAPO FILOSÓFICO NO IESC - Gilberto Cardoso dos Santos

            Gilvan Oliveira, Marcos, Gilberto, Dênisson e  professor Alexandre

Na última sexta-feira (27.07.2012), tivemos um agradável debate filosófico organizado por Gilvan Oliveira, professor de Filosofia. A troca de ideias ocorreu em uma das salas do IESC, e teve como público alvo alunos do ensino médio.
Eu, Marcos Cavalcanti, Dênison (seminarista) e o professor de física e  matemática daquela instituição tivemos o privilégio de contar com a atenção e boa-vontade dos alunos presentes, que se mostraram inteligentes, participativos e bem informados. O debate começou às 10:40 e ultrapassou as 12 h.
Naquele ambiente tão favorável ao diálogo, senti-me como se estivesse no Aerópago, naquele tempo em que a escola significava uma reunião de pessoas que se ajuntavam para filosofar.

Marcos buscou uma melhor interação com os estudantes. Fez uma breve explanação sobre a história da religião e aconselhou a todos que lessem a Bíblia, principalmente o Velho Testamento, a fim de conhecerem melhor o deus judaico-cristão.

Apesar dos reclames estomacais (já eram doze e meia), quando tocou para que encerrássemos a conversa não foram poucos os alunos que lamentaram e ficaram dando claros sinais de que estavam gostando. 

Apesar da oposição de ideias, não houve mortos nem feridos; saímos dali tão tranquilos quanto antes.
 Os alunos, simpaticíssimos, faziam questão de aplaudir aos debatedores e ao que estava sendo exposto; enviaram por escrito diversas perguntas e observações que, infelizmente, devido a exiguidade do tempo, não foram respondidas. Decerto o professor Gilvan não há de deixá-los sem respostas.
 Os dois docentes do IESC, organizadores do debate, mostraram-se muito queridos pelos alunos. Parecem estar fazendo um excelente trabalho.
                               O professor Alexandre defendeu suas ideias tomando por base a Física e a Matemática. Ex-seminarista, disse-nos que abandonou a vocação quando percebeu que a igreja não fornecia respostas para suas perguntas. Para ele, não existem coincidências na matemática. Ilustrou seu modo de pensar com o desastre do Titanic e citando uma das histórias que o levam a ter fé, intitulada Deus no Porta-Malas.
 Dênisson, de quem já tive o privilégio de ser professor, mostrou-se culto e preparado para defender seu ponto-de-vista. Fez questão de esclarecer que não viera ali para converter ninguém e encarou a polêmica com bom-humor.

 Marcos estava felicíssimo, por se achar num ambiente onde já foi educador e que se mostrou tão favorável ao confronto de ideias.


Nossas escolas e instituições em geral lucrariam muito, acho, caso encontros dessa natureza fossem promovidos dentro do espírito que motivava os pensadores gregos.

O LIVRO DOS LIVROS (1) - Moacy Cirne

Primeiro capítulo da divertida teodiceia criada por Moacy Cirne, poeta, crítico literário, romancista e um dos fundadores do Poema Processo no estado do Rio Grande do Norte. Moacy é seridoense, torcedor do Fluminense, cinéfilo e  um dos maiores especialista em História em Quadrinhos do Brasil. Faço no entanto uma ADVERTÊNCIA, os mais ciosos, dogmáticos e religiosos talvez devam se abster de lerem esses textos, pois podem se sentir agredidos em sua fé com a paródia criada por Moacy, e NÃO É ESTE O NOSSO PROPÓSITO, mas tão somente o de mostrar a criatividade deste ESCRITOR POTIGUAR, radicado há muitos anos no Rio de Janeiro.
A propósito, omiti os palavrões (que no texto é substituído por um asterisco) também para não ferir SUSCEPTIBILIDADES de ninguém, de forma que quem desejar ler o texto com os palavrões omitidos, vá ao original, que se encontra no Blog BALAIO PORRETA.Marcos Cavalcanti

 
O LIVRO DOS LIVROS (1)

Texto estabelecido por
Fausto Simak da Cunha Azevedo
& Zamagna Borges de Azevedo Bouzon,
com revisão teológica de
Mateus Skrzypczak de Macedo

A origem de tudo

No princípio o Senhor das Alturas criou Caicó e as cidades vizinhas. O rio Seridó estava seco e as trevas cobriam o açude Itans e todo o mundo.

O Senhor das Alturas disse: "Faça-se uma luz da gota serena". E a luz da gota serena se fez. O Senhor das Alturas viu que a luz era boa e Caicó e o mundo se iluminaram, com seus dias e suas noites.

O Senhor das Alturas disse: "Faça-se um firmamento, e se façam a Serra de Mulungu, o açude Gargalheiras, o Poço da Moça, o Poço da Bonita, o Poço de Santana, o sítio Caatinga Grande e a minha Biblioteca de Babel". E assim se fizeram.

E o Senhor das Alturas disse: "Façam-se o sol, a lua, os planetas, a Serra do Doutor, a Serra da Borborema, Natal, Olinda, Martins, Galinhos, Macaíba, Angicos, Santana do Matos, Catolé do Rocha, Recife, Rio de Janeiro, Niterói, São Paulo, Porto Alegre, Ouro Preto, Paris, Lisboa, Luanda e o Fla-Flu". E assim se fez.

E o Senhor das Alturas fez brotar do sertão e das outras terras toda espécie de animais e de árvores com seus frutos atraentes e saborosos: mangas e mangabas, cajus e cajás, pinhas e maçãs, carambolas e maracujás. E o Senhor das Alturas fez mais: criou a canjica, a pamonha, a tapioca, o doce de leite e o pé-de-moleque. E àquele lugar em particular, nas veredas do grande sertão, o Senhor das Alturas deu o nome de Jardim do Seridó. E o Senhor das Alturas gostou do que fez. E o Senhor das Alturas gostou do que por Ele foi criado.

A origem da humanidade

O Senhor das Alturas, sentindo-se depois entediado, formou o Homem da (*) da terra e deu-lhe o nome de Severino. E o Senhor das Alturas vendo que o Homem sentia-se solitário e deprimido resolveu criar uma companheira para ele. E do vento das 5 horas da tarde criou a Mulher e deu-lhe o nome de Raimunda. Ambos estavam nus, o homem e a mulher, mas não se envergonhavam.

E o Senhor das Alturas disse: "Vocês tudo podem, só não podem conhecer como funcionam as leis físicas, matemáticas, filosóficas, literárias e biológicas do Universo; ignorem, pois, a minha Biblioteca". Dito isso, foi descansar, depois de almoçar carne-de-sol com macaxeira, feijão de corda, arroz de leite e manteiga do sertão, com direito a três lapadas da cachaça Samanaú.Severino e Raimunda, vendo que o Senhor das Alturas fora descansar longe dos dois, na Serra de São Bernardo, resolveram, em noite de luar às margens do rio Seridó, se aprofundar em seus contatos físicos, ao som da flauta de Carlos Zens. E viram que era bom. E viram que um e outro podiam se encaixar várias e várias vezes. E viram que era ótimo. E quiseram mais: quiseram conhecer como funcionavam as leis do Universo.

E o Senhor das Alturas, depois de uma soneca que durou mais de 13 anos, não gostou do que viu: Severino, Raimunda e seus dois filhos discutiam as teorias e contrateorias de Platão, Aristóteles, santo Agostinho, Ibn Khaldun, Spinoza, Kant, Marx, Nietzsche, Freud, Einstein, Sartre, Foucault e Chico Doido de Caicó. E outras coisas discutiam. E outras coisas faziam.

E o Senhor das Alturas disse: "Quem domina o conhecimento, domina a essência das coisas. Só eu poderia fazê-lo". E o Senhor das Alturas, raivoso, expulsou-os do Jardim do Seridó, para cultivarem o solo seco do sertão. E o Senhor das Alturas disse: "A partir de hoje não poderão mais consultar a minha Biblioteca de Babel". E o Senhor das Alturas colocou diante do Jardim os seus coronéis do interior, para que o mesmo não fosse invadido pelos sem-terra e sem-moradia, representados por Severino, Raimunda e os dois filhos.


domingo, 29 de julho de 2012

CONVERSA NA PRISÃO

DOROTEIA, DE "GABRIELA, CRAVO E CANELA" - Renan Pinheiro


Para quem achava que a personagem Doroteia de "Gabriela" iria ser só uma beata ranheta, ela está se saindo uma monstra capaz de chocar a própria Carminha! Depois de ter tramado não só o fim do noivado mas a própria desgraça da noiva do neto canalha, declarando que ela "não prestava para integrar a família" depois de ter sido seduzida por ele, quando a atitude "certa" era exatamente apressar o casamento, agora ela terá um papel ativo na desgraça da personagem Sinhazinha (Maitê Proença): desconfiada de que a "amiga" esconde um segredo, começa a espioná-la junto com outras beatas, chegando ao ponto de instruir capangas de seu filho a sequestrarem e torturarem a empregada dela para saber o que ocorre. Depois disso, conta tudo ao marido dela para "que seja feita a justiça". Que bruxa, heim? E pior é saber que existia gente assim naquela época, e ainda existe! É por isso que devemos ter sempre presente a frase do Evangelho: antes de dizeres ao teu irmão que ele tire a trave do olho dele, verifica se não tem uma no teu próprio.



O fato é que a personagem merece figurar no rol das grandes vilãs da teledramaturgia brasileira, junto com Maria Altiva, Nazaré e Flora, diferenciando-se delas apenas por ter uma composição mais sutil. Chega a ser uma vergonha só agora a Globo ter dado a Laura Cardoso papéis mais dignos do seu talento, quando ela já não tem tanto tempo para interpretá-los.

sábado, 28 de julho de 2012

APENAS OSCILAÇÃO - Roberta Cordeiro


       Na foto: Eduardo, Roberta, Zé Paulo, Hélio e Gilberto


Séria ou Sorridente?
Calada ou Explosiva?
Sincera ou Mascarada?
Amável ou Ruim?
Delicada ou Avassaladora?
Meiga ou Revoltada?
De todas as caras
De todas as horas
De todas as conversas
O que eu sou
Ainda não descobri
Mas cada vez que
Me contradigo
Me acho, me encontro
Sou apenas Oscilação.

CALENDÁRIO CULTURAL


MUSEU AUTA PINHEIRO DIVULGA CALENDÁRIO CULTURAL

Em parceria com a APOESC, Casa de Cultura e IFRN-Santa Cruz, o Museu  Rural Auta Pinheiro Bezerra divulga o 1º Calendário Cultural de Santa Cruz, com eventos previstos para julho a dezembro de 2012. 

Ações feitas em parceria com a sociedade civil e instituições culturais.


sexta-feira, 27 de julho de 2012

É PRECISO TER SAÚDE - José Acaci


Eu lembro que antigamente
quando eu tinha pouca idade
pedia a benção de mãe
e ela, com sinceridade,
fazia a Deus uma prece
pedindo que ele me desse
saúde e felicidade.


Só depois de muito tempo
eu senti a amplitude
daquelas duas palavras
e aprendi na juventude
a mais sublime verdade:
para ter felicidade
é preciso ter saúde.


Não esqueça que a saúde
é um dos principais fatores
pra existir felicidade
e, pra ter esses valores,
ouça esse verso que diz:
"Ninguém no mundo é feliz
gemendo e sentindo dores".

quinta-feira, 26 de julho de 2012

FRANCIMÁRIO: UM HOMEM DE BOM CORAÇÃO - Gilberto Cardoso dos Santos


Estávamos na escola, em uma reunião, quando tocou o celular da diretora. Pelo silêncio que se seguiu e pesar em seu semblante, sentimos que se tratava de uma notícia triste. 

– Gente, disse-nos ela, lamento ter que lhes dar uma notícia muito muito triste: acaba de morrer Francimário!

Logo me perguntei “quem será Francimário?”, vendo a tristeza que se apossou de todos. Um colega esclareceu que era o irmão do professor Jocemário; alguém que já fora motorista do carro da DIRED e que também era caminhoneiro. Fiquei na mesma, sem saber de quem se tratava. A diretora passou a descrever as circunstâncias de sua morte: tinha se sentido mal enquanto dirigia e, tentando ir até o hospital; acabara batendo em um poste, e morrera imediatamente, vítima de ataque cardíaco.

Explicaram-me que se tratava de um mal de família. Uma familiar dele teria morrido enquanto dançava no clube. “Muito novo ainda”, lamentou alguém. “Era gente muito boa. Nota dez.”

Ao chegar em casa, abri o Facebook e lá estava a seguinte mensagem, publicada por Nailson Costa:

“Amigos, é com profundo pesar que lhes comunico o falecimento de um grande amigo meu de infância, o Sr. Francisco Francimário Praxedes, que veio a óbito agora há pouco, vitimado por um infarto fulminante. Francimário era servidor público estadual e, nas horas vagas, caminhoneiro. Gente muito boa! Amigo de fé e irmão camarada. Seu corpo ainda não se encontra em sua residência, situada na Rua Elóy de Souza, Centro. O sepultamento dar-se-á amanhã, às 16 horas no cemitério de Santa Cruz. Estou aqui com o meu coração cheio de dor, com um engasgo muito grande e uma vontade doida de chorar pra fora. Por esse motivo, excluí um texto cômico que publiquei agora há pouco. Amigo Francimário, obrigado por sua tão boa companhia na nossa infância querida e inesquecível. Deus abra as portas dos grandes salões celestiais e o receba de braços abertos. Adeus.”

Percebi, nas palavras de Nailson, tratar-se de alguém do bem, que deixaria enorme saudade.

Mais tarde, tais impressões foram corroboradas ao ler outra nota, publicada por Paulo Neto:

“Grande amigo Francimário... A gente nunca entende o porquê tem que chegar esse triste momento, porém, é nossa única certeza na vida. Tivemos o prazer de conhecer e compartilhar boas alegrias com seu jeito autêntico e extrovertido, só nos deixou bons exemplos de dignidade humana, pessoa de infinitas qualidades, homem trabalhador e disposto, honesto, humilde, bom pai e bom amigo. Vai em paz meu irmão, mais cedo ou mais tarde a gente se encontra na casa do Pai. Meus sentimentos à família.”

Abaixo, Paulo postou esta foto:



Senti um sobressalto ao vê-la, pois descobri tratar-se de alguém a quem eu já vira muitas vezes e até chegara a trocar algumas palavras. Infelizmente, digo-o agora, nunca me aproximei dele o quanto deveria. Certamente sua boa índole e exemplo teriam tido  boas influências em minha vida.
Naquela mesma noite, por telefone, Eduardo lamentou profundamente a sua morte e falou dos esforços feitos, por mais de uma hora, tentando reanimá-lo. Para este, Francimário era um amigo extraordinário.

No outro dia, enquanto dava aula, a supervisora perguntou-me se eu não quereria ir ao enterro de Francimário. Não titubeei na resposta: "Sim!". 

Ao chegar na igreja, Luzenir Galvão, visivelmente emocionada, elogiava o falecido como se com ele falasse, dando destaque à sua paciência, educação, atenção e disposição para servir.
Chegara ao fim da cerimônia fúnebre. A igreja estava lotadíssima.

Ao som de “Segura na mão de Deus”, belamente tocada e cantada, e, posteriormente, de “Como é grande o meu amor por você”, uma enorme fila passou a circular em torno do caixão para o último adeus.
Ví alguns conhecidos  chorando. Ao perguntar se tinham algum grau de parentesco, respondiam-me: “Não. Éramos apenas grandes amigos.”

Zulmira, ex-funcionária da DIRED com emoção e à meia voz, falou-me de sua paciência, gentileza e de quão bom motorista era.

Dizem-nos que quem quiser ser bom morra ou se mude, mas percebi claramente que não era este o caso de Francimário. As pessoas de fato gostavam dele. As muitas lágrimas me disseram isto.
.
Fui ao cemitério onde seria enterrado, mas ao chegar lá vi que o féretro ainda estava distante. Parei para trocar umas ideias com o coveiro local e sua esposa. Estes, por força do ofício, são “duros” em relação a quem morre. De tanto encarar a morte, familiarizaram-se com ela. Enquanto fumava, a mulher foi me explicando que chegavam a enterrar 3 por dia, às vezes. Ela limpava os túmulos, tirava o mato das covas e aguava as flores daqueles que a contratavam para tal. Muitas vezes, disse-me ela, fazia isto à noite.

De repente, porém, passou a falar sobre o morto que aguardávamos. Ao pronunciar seu nome sua voz se quebrou e os olhos ficaram úmidos. Ví que seu esposo não iria cumprir apenas mais uma etapa de seu terrível ofício; naquela tarde, também enterraria um ente querido. 
Traçou-me ela, dentro daquilo que sua limitação vocabular permitia, uma imagem bem positiva do falecido, parecida com a que Nailson, Paulo Neto e tantos outros me haviam passado.

Sim. A família do coveiro também o conhecia e gostava muito dele.

Mais uma vez, lamentei  não ter parado para conhecê-lo melhor quando ainda em vida. A memória, então, me comunicou que em alguma das viagens  que fiz no carro da Dired, o tive como motorista. Nesta viagem, porém, não parei para ver nele algo mais que o fato de ser meu motorista naquele momento. Lamentável, digo-o agora.

A esposa do coveiro finalizou seu lamento, dizendo
“Quem é bom Deus leva logo e quem é ruim fica na Terra.”

Ao acabar aquele enterro, a multidão se dispersou extremamente triste. E eu concluí:

Francimário era um homem de bom coração que (infelizmente) não tinha o coração bom.

Candidata do PT é agredida

Editado por 
A candidata a vereadora pelo
Partido dos Trabalhadores (PT)
de Senador Georgino Avelino,
Jornalista Jacqueline Cabral, foi
agredida moralmente e fisicamente
em público pelo ex prefeito Francisco
Canindé, mais conhecido por Deco.
Ao acompanhar o Sr. Abelardo Agrício
em atividade foto-jornalística no interior
do seu veículo que estacionara na Rua do Campo,
a candidata foi abordada
de forma brutal quando o Sr. Deco   fingindo cumprimentá-la apertou sua
mão de forma truculenta e mesmo sendo avisado que se tratava do  braço
(direito ) o qual mantém um pino metálico para preservação do mesmo, forçou
ainda mais e sorrindo usou as seguintes palavras: "isso é para você
aprender a não fotografar meu carro", ato este que nem aconteceu porque a
máquina estava com o Sr. Abelardo e não com a candidata.
A situação não teve maiores consequências em virtude do Sr. Abelardo ter
tirado de ré seu veículo para não acontecer uma tragédia maior, pois o
grupo político que fazia uma concentração mais a frente foi incitada a
guerra, inclusive jogando areia no veículo.
Em seguida a candidata se dirigiu a vizinha Cidade de Arês onde foi atendida
na emergência e hoje tomará as devidas providências legais.

Redação: Fabiana Nascimento
Foto: Marcone Pedro

quarta-feira, 25 de julho de 2012

JUSTIÇA - Alex Rodrigues






Às vezes, a gente que se mete nesse mundo encantado da poesia, tem certos momentos de premonição, digo isso devido encontrar essa poesia que fiz há cerca de 10 anos...como hoje ela se encaixa no meu contexto...é atual...parece até que acabei de escrevê-la. Então vejamos:

Justiça

Um dia fui humilhado
Arrancaram de mim
Todos os meus sonhos
Disseram que eu nunca iria crescer na vida.

Um dia fui desprezado
Por aqueles que diziam ser meus amigos.

Fui um dia caluniado
Maltratado, escarnecido
Fiquei no pó da Terra.

Mas, houve uma grande reviravolta
E as coisas mudaram de lugar.

Hoje sou "exaltado"
E os outros que me humilharam
São os humilhados de hoje.

Hoje cresci
E os grandes de antes
São os pequenos de hoje.
Houve justiça na Terra.

Estou subindo na vida
Com meus próprios conhecimentos.
De tempos em tempos
Acontece um caso
Igual a esse.

OBVIAMENTE - Nailson Costa

Padre, o que significa a palavra OBVIAMENTE? Cuma? Obviamente, o que é? Obviamente que o Senhor vai procurar no dicionário, lá na biblioteca. Sim, padre. E fui. O dicionário parecia mais um pneu de trator, de tão grande e grosso que era. barsa. Foi preciso a bibliotecária pegar o bicho comigo e folhear as muitas páginas. Trimmmmm. Tocou. Acabou o intervalo. E era a aula de Religião de padre Raimundo. Zé!!! Sim , Padre. Obviamente o senhor já sabe o que é obviamente, não é? Obviamente que não, padre. Foi uma risadagem geral. De manhã cedo, aula de Ed. Física. Vinte voltas ao redor do campo e bola depois. Suado, lá pras 9 horas, corri pra biblioteca e Beja, Sai daqui menino, sai com essa catinga de macaco, vai tomar um banho e volta. Voltei não. De noite fui pra sala e todos já me chamavam de OBVIAMENTE, mesmo esses todos também não sabendo o seu sinônimo. Faltei o 2º e 3º horários só pra impressionar o padre. Depois de uma longa busca encontrei. Ahh, obviamente é é é é NOTORIAMENTE. Volto as páginas ... é no ó. Trimmmmm. Vou não. Depois, trimmmmmm. Vou não. E Beja, vamos menino, terminou, já é 10 da noite. Peraí. Encontrei , encontrei, encontrei ... notoriamente é é é é é , Era Beja , Bené, Seu Pedro, Seu Antônio, a bibliotecária Dona Sicraninha, todos felizes porque encontrei .... é é é OBVIAMENTE. E todos ficamos decepcionados. De manhã cedo ia passando Dona Fulaninha, minha professora de Geografia. Dona Fulaninha, D. Fula.. que é, meu filho? O que é OBVIAMENTE? Meu filho, é alguma coisa na mente, é isso aí. E o que é essa coisa? Hein, tô ouvindo não, de noite eu digo. Tá certo. E fui pra aula. Em cada passada uma angústia na mente, na esquerda, NOTORIAMENTE, na direita, OBVIAMENTE. NOTORIAMENTE, OBVIAMENTE, NOTORIAMENTE, OBVIAMENTE. E cheguei com cara de choro de menino rebelde, eu quero, eu quero eu queeeero . Levanta a calça e mostra a meia, Zé! Sim, Padre! Só pode ser um palavrão da gota porque ninguém quer dizer, nem o dicionário! E já inconformadamente conformado, lá pras bandas finais do quinto horário, sobe uma sola de torar, como era de praxe toda vez que Padre Raimundo não tava por perto. Mesmo faltando cinco minutos pra o trimmm final, foi um corre-corre de lascar, gente por cima de gente, as meninas com os seus gritinhos histéricos, professor Palhares perdendo a pasta e protegendo a careca das tapas que levava, marmanjo se aproveitando no rela-rela do imprensadinho da porta. E eu ... bem, é difícil até de admitir, mas muito feliz com o meu alegre NOTORIAMENTE. Depois de dois dias de angústia, consegui dormir em paz, com uma grande leveza na mente, e tudo feito bem às claras, OBVIAMENTE.

Por que vemos sempre os erros dos outros e nunca os nossos?


Psicologia explica por que justificamos o nosso comportamento apontando as falhas dos demais.
 
               (Fonte da imagem: Thinkstock)

Você já percebeu que, quando não consegue encontrar as chaves de casa, por exemplo, você atribui isso à falta de sorte, mas basta que o seu irmão faça o mesmo para você acusá-lo de ser desorganizado? De acordo com um artigo da BBC, o ato de culpar os demais enquanto minimizamos a nossa culpa é um mecanismo que nos ajuda a compreender o mundo.

Segundo a publicação, esse mecanismo psicológico é conhecido como erro fundamental de atribuição, sendo explicado pela tendência que temos de justificar determinados comportamentos levando em consideração o tipo de pessoa que os apresenta, em vez de considerar os aspectos sociais e o ambiente que rodeiam e influenciam essa pessoa.

Nunca é culpa sua!