O país dos furacões viu nascer em Los Angeles, nos anos 20 do século passado, aquela que viria a se tornar nos anos 50, um dos maiores fenômenos da cultura pop mundial, Marilyn Monroe. Passados meio século de sua misteriosa morte, este verdadeiro furacão de beleza estonteante, continua detentora do status de mito máximo da sensualidade feminina; razão porque a mídia do mundo inteiro vem dedicando-lhe nesta última semana, inúmeras matérias e reportagens em sua homenagem. Traçam-lhe o perfil psicológico; narram a trajetória da menina pobre que conseguiu chegar ao estrelato; exibem fotografias e trechos cinematográficos; descrevem peripécias de sua vida sexual com homens famosos, como o caso que teve com o presidente Jonh F. Kennedy, e abordam finalmente teorias conspiratórias para explicar a sua desdita. No jornal espanhol El País li alguns fragmentos de seu famoso Diário e até mesmo alguns poemas brotados de sua sensibilidade. É evidente que para além de um rostinho lindo e de um corpo escultural exibido à exaustão pela indústria hollywoodiana, existia em Marilyn, ou mais precisamente em Norma Jean Mortenson, seu nome de batismo, bem mais do que o estereótipo de loira com poucos recursos intelectuais. Seja como for, a morte trágica aos 36 anos, em pleno ápice de sua carreira de atriz, reforça o mito que continua flutuando indelével em nosso imaginário com seu sinalzinho preto pontuando seus lábios vermelhos no mais famoso vestido branco de todos os tempos.
O mito, como já tive oportunidade de enfatizar em crônica que escrevi para o professor Ribeiro, nunca se esgota em si mesmo, acompanha o tempo num eterno projetar-se, e projetando-se ajuda também a projetar os outros, como por exemplo Andy Warhol, que pintou aqueles quatro retratos coloridos do rosto da diva, e que a indústria da arte fez chegar ao patamar de alguns milhões de dólares. A história de Merilyn, tanto trágica quanto gloriosa ou glamorosa, se por um lado reforça a ideia do tal do sonho americano, chama-nos também a atenção para um tema importante no mundo midiatizado do show business, a fama. É a mídia quem dilata a fama, e esta induz, seduz, enriquece e envaidece, elevando à quinta potência os indivíduos por ela cotejados, mas também a mesma fama pode levar a morte aos que não sabem lidar com sua natureza. São inúmeros os exemplos no passado e no presente: James Dean, Janis Joplin, Jimi Hendrix, Carmem Miranda, Michael Jackson e mais recentemente Amy Winehouse. A neurose, o sentimento de solidão, a perseguição, as drogas, e muitas vezes o declínio da carreira motivada pela própria indiferença da mídia em sua necessidade de criar novos famosos, novos mitos, fazem com que os que não têm estrutura psicológica e apoio familiar, sucumbam ante à opressão que quase sempre os levam ao suicídio.
Que estes 50 anos de comemoração da morte da Deusa Loura, além de nos levar à contemplação de sua beleza pelas imagens de filmes como: Sua Alteza, a Secretária, Torrentes de Paixão, Os Homens Preferem as Loiras, Como Agarrar um Milionário, entre outros, sirva-nos também para uma boa reflexão, pois a fama que “imortaliza”, é também como o fogo da inveja que devora tudo e morre faminta.
Texto muito oportuno, Marcos! A foto mostra o privilégio que teve. Nunca nenhum conterrâneo nosso esteve tão próximo da diva.
ResponderExcluirSeu texto alerta para os perigos que sondam os que buscam a fama a qualquer custo.
Marcos,
ResponderExcluirPoucos famosos sabem lidar adequadamente (se assim posso dizer) com a fama. A maioria, como você bem afirma no texto, sucumbe às suas "agruras" e imposições.
Parabéns!