“O mestre faz a reverência e levanta-se, o oponente
dispara em
sua direção e a espada corta o ar, a esquiva do mestre foi instintiva, os
discípulos que a cena assistiam não a perceberam, seguiu-se outro corte,
o mestre movimentava-se, como se nem estivesse sendo atacado, e
vários outros cortes se seguem.
O mestre não possui a intenção de machucar seu oponente,
prefere ensiná-lo, se quisesse ensinar usando o ódio, o distanciamento
ideal mantido desde o primeiro corte já o teria permitido encerrar a
lição,
mas prefere o amor. Então continua harmonizando-se, sem atacar, a
perfeita observação cultivada durante os mais de 60 anos de treino o
põem em um estado de interação dinâmica que faz os dois parecem
apenas um, a sua respiração correta e ritmada, permitem-no passar por
um tempo consideravelmente grande sem cansar-se. Passados alguns
minutos o oponente já mostrava sinais de cansaço.
O movimento seguinte de apenas poucos segundos, definiu tudo,
o mestre, acompanha o movimento de corte e redirecionando sua
energia (do corte) o prolonga, arremessando em seguida o oponente ao
chão, ao tomar seu centro e sua espada. Então o mestre para, senta-
se e curva-se, agradecendo a Deus não só por esta luta, mas por toda
sua vida. Ao oponente resta apenas levantar-se com um pouco de
dificuldade e reconhecer a eficácia do mestre e da arte, na esperança
de que o mestre o aceite como discípulo. E o mestre assim o faz.”
O encontro ficcional acima descrito tem a única intenção de expor
um pouco da filosofia e do pensamento de um verdadeiro praticante do
Budô. A palavra Budô pode ser traduzida como “caminho do guerreiro”
e serve para designar as artes marciais de origem Japonesa. Não sei
por qual motivo, mas este tipo de “esporte” sempre me seduziu, haja
vista que nunca tive admiração pelo futebol, como a maioria de meus
compatriotas, e a primeira com a qual tive contato foi o Karatê-dô, lá no
longínquo ano de 1990. Assisti uma demonstração e fiquei fascinado,
só não comecei a praticar imediatamente por estar com o braço
engessado, resultado de uma traquinagem infantil.
Após a retirada do gesso, meus pais arrumaram alguma maneira
de me persuadir a adiar o início da prática, e sempre que eu voltava
ao assunto eles inventavam outra maneira – eles não ficaram tão
fascinados como eu, até que cerca de sete anos depois ingressei na
Academia Pequeno Felino, onde pratiquei Karatê-dô durante alguns
anos.
Hoje pratico Aikidô com o Sênsei James e escrevo este texto por
sugestão deste mestre. Nestes anos de prática aprendi muita coisa
na APF e não somente sobre o Karatê-dô, o Sênsei Messias possui
uma vasta sabedoria, freqüentemente compartilhada com seus alunos.
Em certas ocasiões lembro claramente de o ver demonstrar técnicas
de outras artes, inclusive do Aikidô e também de suas palavras de
incentivo quando resolvi por este caminho seguir: “Cada passo que se
dá em direção à arte, são na verdade dois passos e não apenas um,
pois é como se você estivesse em frente a um espelho e a cada passo
seu a arte também dá um passo”.
Em 2005, dei o primeiro passo – na verdade dois - em direção
ao aprendizado do Aikidô, o terceiro passo demorou quase seis anos e
espero, sinceramente, que os próximos sejam mais breves. Praticamos
Aikidô na Academia Central de Aikido de Santa Cruz. O Aikidô tem
como fundador Ô Sênsei Morihei Ueshiba, é uma arte marcial moderna
e não competitiva que visa o pleno desenvolvimento do ser humano.
Venha você também treinar.
João,
ResponderExcluirMais um excelente texto!
Embora não pretenda praticar uma arte marcial (pratiquei Karatê aos 10/11 anos de idade, mas não passei da faixa branca!), preferindo minhas corridas, acho as artes marciais encantadoras, pois valorizam a defesa, e não o ataque, e possuem uma filosofia de vida que coloca a vida humana como centro, mas o ser humano como apenas uma parte desse imenso universo.
Ainda que João não tivesse posto seu nome como autor do texto eu apostaria ser ele de sua autoria. Desde muito novo sou admirador das artes marciais. É, para mim, uma das formas mais expressivas de inteligência corporal.
ResponderExcluirParabéns, João, pelo interessante texto.
Obrigado pelos comentários e convido-os a conhecer o Aikidô, podem procurar qualquer um dos alunos ou acessar:
ResponderExcluirhttp://aikidosantacruzrn.blogspot.com.br/
Caro João, este vai estar no www.impressione.wordpress.com esta semana :) Abraços, Vinicius Brasil
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