A LUÍS FERNANDO VERÍSSIMO,
MINHA GRATIDÃO
(Gilberto Cardoso dos
Santos)
Vocês não fazem ideia do quanto Luís Fernando Veríssimo foi importante em minha formação e carreira.
Não corri muito, é verdade, não fui muito longe, mas se dei algum passo gigante para mim, teve muito a ver com Luís Fernando Veríssimo.
Acertadíssima foi a decisão da
Editora Ática quando, na década de 70, lançou a coleção “Crônicas para gostar
de ler”, livros que invariavelmente traziam textos dele. Foi através dessa
coleção que entrei em contato com sua escrita, e foi encanto à primeira vista.
Para gostar de ler, nada
melhor que seus textos curtos, concisos e bem-humorados. Não à toa, ele se
destacava entre os escritores que compunham as coletâneas.
Durante o curso de Letras e
de Especialização, vez por outra um professor trazia algo dele para nossa
análise e a aula se tornava excelente. Nas apresentações em grupo do Mestrado,
lembro-me de uma colega que trabalhou a crônica “Aquilo”, e o texto virou mote
para diversas piadas internas durante o restante do curso.
Mas foi através do filólogo
Celso Pedro Luft, em seu livro “Língua e Liberdade” que descobri ser Luís
Fernando Veríssimo bem mais que um semeador de riso. Trata-se de um ensaio em
que Luft toma como base a crônica “O gigolô das palavras” e a disseca com o
respeito de um pregador que faz exegese de um capítulo bíblico. Nesse texto, excepcionalmente, sem pretensão primária de fazer o leitor rir, Veríssimo
fala de si mesmo e relata um episódio envolvendo alunos que foram
entrevistá-lo a respeito da importância da aprendizagem de regras gramaticais. Nada é supérfluo neste
relato e cada linha merece reflexão. O ensaio, do começo ao fim, parafraseia e
tenta explicar e ratificar o que disse o cronista.
Não foi pequena a surpresa
ver Luft, um autor de gramáticas, dando aval a um texto que, aparentemente,
minimiza a importância do ensino tradicional. Mas ele não se limita a
ridicularizar estratégias ineficazes. Aponta caminhos. Esta crônica, recomendada e
analisada por Luft, deu-me um norte
quanto às práticas de ensino.
Não apenas isso: diante de
alunos com pouco ou nenhum interesse pela leitura, vez por outra recorria a
Veríssimo. Sempre obtive êxito em captar a atenção ao trazer textos dele. A
crônica “O lixo”, por exemplo. Fazia apostilas com ela e outras. Por se tratar
de um texto dialogado, eu dava oportunidade para que alunos assumissem as vozes
e apresentassem a conversa para o restante da turma. Os mais tímidos criavam
coragem e também queriam participar. O texto era lido à exaustão e seria
repetido em aulas subsequentes, se dependesse deles.
Ao optar por livros didáticos, deparar-me com textos dele era um importante fator, pois sabia do
impacto que teriam eles na aprendizagem.
Em busca de fruição
literária, sempre que recorri a esse autor, não me decepcionei. Li muita coisa
dele, inclusive alguns romances. Em praticamente tudo que li, no mínimo dei
boas risadas e me surpreendi com a criatividade.
Por todas estas razões,
encerro reiterando o que laconicamente expressei no título: Obrigado, LFV! Você
disse que morreria sem poder realizar seu sonho de não morrer nunca. No
entanto, continuará a viver no coração de seus milhões de leitores, na memória
daqueles em quem despertou o gosto pela leitura. Grato sou por sua contribuição para que me tornasse escritor. Minha gratidão por ter me permitido ver o mundo sob
sua ótica e por retratar a vida com tanta leveza e profundidade. D.E.P!
Gilberto Cardoso dos Santos
Contatos do autor: Fone 84 999017248; Gmail, Instagram e Facebook: gcarsantos
Livros de Gilberto Cardoso
Que texto maravilhoso, meu amigo! LFV era tudo isso que vc falou e muito mais! Ele, como vc, são necessários na introdução de novos leitores e escritores nesse mundo maravilhoso que é o gosto pela leitura! Parabéns! (Nailson Costa)
ResponderExcluirDileto Nailson, lembro-me que naquela rica entrevista que você me concedeu, lhe perguntei sobre a importância do ensino das regras gramaticais no aprendizado da língua. Sua brilhante resposta estava em consonância com o que pensava LFV. (Gilberto Cardoso)
ResponderExcluirCaro amigo Gil, como vc, aprendi muito com LFV!
ResponderExcluirValeu, Naílson, mas saiba que estou de olho no adjunto adverbial. rsrsrs - Gilberto Cardoso
ExcluirParabéns pela grande homenagem ao verdadeiro escritor Luiz Fernando Verissimo, que cai também um sobrenome que cai bem. É mais do que verdadeiro.
ResponderExcluirJoao João Maria de Medeiro
Verdade, João. Bem pertinente sua observação a respeito do sobrenome dele.
ExcluirObrigado.
ExcluirParabéns Gilberto! Homenagem merecida daquele que vai deixar saudades pelos seus escritos na nossa literatura brasileira.
ResponderExcluirObrigado.
ExcluirSempre admirei Luiz Fernando Veríssimo. Seu humor — irônico, leve, certeiro que liberta e
ResponderExcluirsalva. Entre tantos livros, guardo um carinho especial por "O Analista de Bagé" que readquiri naquele dia que nos encontramos em um sebo da cidade.
Uma vez, encontrei-o num aeroporto, ao lado de Zuenir Ventura. Pedi autógrafo, tirei fotografia e fiquei reparando em seu jeito. Havia nele uma calma tímida e silenciosa. Limitava-se a acenar com a cabeça, sem dizer nada. Parecia ser daqueles que soltam a piada e permanecem sérios, deixando a graça ecoar sozinha.
Anos depois, revi-o na Ribeira, em Natal/ RN, durante um evento literário. Nessa ocasião, Zeca Baleiro fazia um show e Veríssimo assistia tranquilo, sereno, apenas balançando os pés no compasso da música, como quem sabe degustar a vida em silêncio.
Por influência sua, #Gilberto, comprei "Língua e Liberdade", de Celso Pedro Luft. E esse livro ampliou ainda mais meu fascínio pela palavra. Quando partiu, o mundo ficou menor. Mas sua obra — vasta, lúcida e necessária — continua entre nós, arrancando sorrisos e nos lembrando que a vida também pode ser escrita com humor.
Excelente relato, amiga Luzia. Vc é uma bem-aventurada, pois teve estas oportunidades. Aplausos. - Gilberto Cardoso
ExcluirParabéns! Grande homenagem ao nosso escritor brasileiro. - Demócrito Júnior
ResponderExcluirObrigado, amigo!
ExcluirO CORPO VAI, MAS A MENTE FICA
ResponderExcluir1.
Luís Fernando Veríssimo
Para mim, foi importante
Antes, passos miudos
Transformados em gigante
Enquanto eu me formava
Minha mente, ele guiava
Desde o tempo de estudante
2.
Vejam que ideia brilhante
Lançaram a coleção
Crônicas para gostar de ler
Li toda, sem exaustão
Ática foi a editora
Até minha professora
Leu com muita atenção
3.
Batia meu coração
Quando eu via seu texto lá
Encanto à primeira vista
Sem nunca pestanejar
Sua escrita com humor
Despertou-me grande amor
Pra querer sempre estudar
4.
Eu lia para gostar
Daqueles textos concisos
Principais na coletânea
Produzindo nossos risos
Frases bem construídas
Curtas, mas inseridas
Com verbos muito precisos
5.
Os livros que foram lidos
No curso de letras, fiz
Especialização e mestrado
O que me deixou mais feliz
Foi crônica de nome “aquilo”
Virou mote com estilo
Pra piadas de aprendiz
6.
Atuou como juiz
No “Língua e liberdade”
Celso Luft em seu livro
Nos mostrou com claridade
Que Veríssimo foi além
Semeando riso também
Em gramática, autoridade.
7.
Eu dava oportunidade
Ao aluno sem coragem
Para que ele assumisse
A voz de um personagem
Trabalhando a crônica “O lixo”
Repetida com capricho
Aperfeiçoando a linguagem
8.
Impacto na aprendizagem
Com Veríssimo acontecia
O melhor pela didática
O educando queria
Com fruição literária
Aula extraordinária
E todo mundo aprendia
9.
Seus romances eu também lia
Nunca me decepcionei
Que grande criatividade
Eu sempre assim me expressei
Você nunca vai morrer
Continuará a viver
Ainda bem que te encontrei
Excelente, Heraldo, seu resumo ou versão em versos de minha experiência! Palmas. - Gilberto Cardoso
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