sábado, 8 de janeiro de 2022

ASSIM QUE A TARDE COCHILA - Hélio Crisanto

 


ASSIM QUE A TARDE COCHILA


No sertão quando escurece

Tudo vira poesia

A noite fria adormece

Lambendo os restos do dia.

Um som de ave noturna

Reverbera numa furna

Como se fosse um agouro

Sobe um galo no poleiro

Cansado chega o roceiro

Puxando a corda de um touro


Assim que a tarde cochila

Toda a paz se perpetua

A noite ébria desfila

Beijando o rosto da lua.

Como quem faz um sermão

Um facheiro estende a mão

Pedindo chuva a Jesus

O sol já se amofinando

Apaga a tocha acenando

Escondendo a sua luz


A madrugada sedenta

Bebe gotículas de orvalho

A mãe da lua agourenta

Grita no ninho de um galho

Nos campos mais afastados 

Casebres são clareados

Por tochas de vagalumes

As chananas já tão alvas

Se misturam com as malvas

Exalando os seus perfumes.


(Hélio Crisanto)



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