quarta-feira, 21 de julho de 2021

Sinhazinha (Crônica de Rosemilton Silva)


 

Sinhazinha 


Passei boa parte do meu tempo de ontem (20) pra hoje (21) tentando no meu pequeno conhecimento do palavreado encontrar adjetivos que definisse Sinhazinha. Não consegui encontrar no dicionário, mas de repente me veio a mente uma lembrança da amiga dona Rosa, vizinha parede e meia na Ferreira Itajubá e, não apenas isso, compartilhadas pela mesma Bíblia, pensamentos e confissões de máquinas de costura.

Quando a família se mudou – não sei por que cargas d´água essa frase ficou na minha lembrança – ouvi dona Rosa dizer: “lá vai a bondade em pessoa, a paciência sem fim”. E aí, eu vi aquela mulher franzina, de passos suaves no rumo da escola, carregando seus livros que serviram para formar mais na frente professores como ela entre outras profissões. Ah, franzina sim, de olhar angelical, de voz mansa, mas uma rocha que não seria destruída por megatons de dinamite.

Sei lá, acho que uns 60 anos depois revi tudo isso quando nos encontramos na hidroginástica. Era a mesma Sinhazinha que conheci menino definida pela mesma frase de dona Rosa, sua amiga. Alguns dias depois vi a repetição da frase em dobro personificada na filha Maria José. Para se ter idéia da nossa amizade, Romualdo, meu irmão, ainda hoje chora quando fala no amigo Zé Francisco, um dos filhos de Sinhazinha que nos deixou prematura e violentamente.

Definir essa mulher que nos deixa depois de nos brindar com seus mais de 100 anos vai continuar sendo pra mim tarefa impossível mesmo que tenha convivido com ela. Ainda guardo aquela imagem da Ferreira Itajubá, ela e dona Rosa, rindo ou chorando sem nem mesmo eu soubesse por que. Era segredo de confessionário entre as duas. Pois Sinhazinha abrace forte sua amiga e diga que nós aqui vamos ficar com saudade, muita saudade das duas.


Rosemilton Silva


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