quarta-feira, 16 de janeiro de 2019

IRANI MEDEIROS, BIÓGRAFO E POETA - ENTREVISTA


Entrevista concedida a Gilberto Cardoso dos Santos



GCS: Caro Irani Medeiros, comece essa entrevista respondendo-nos à pergunta: Quem é Irani Medeiros?

Irani Medeiros é poeta, escritor, pesquisador e biógrafo. Nasceu na cidade de Paulista, Estado da Paraíba, em 1961. Filho de Valdemar Garcia de Medeiros e Jesumira Nemesia da Silva. O pai era de Seridó do Rio Grande do Norte, nascido em São João do Sabugi e a mãe paraibana de Paulista. Nasci num povoado de nome Mimoso já na divisa de Estado, próximo a Serra Negra do Norte. Aaos 14 anos saí do Mimoso para estudar na cidade de Pombal, terra do grande poeta popular Leandro Gomes de Barros.

GCS: Fale-nos de suas raízes familiares, geográficas e culturais.

Minha família por parte de pai vem do Rio Grande do Norte, mais precisamente do Seridó. Minha família pelo lado do meu pai compõe-se de poeta, médicos, músicos e escritores. Nasci no sertão, terra de muitos encantos e também de muita luta diante das adversidades do clima e outras intempéries, isso com certeza deu-me a condição de tornar-me um poeta favorecido pela paisagem, pela fauna e sobretudo o encanto com os rios quando no inverno.

GCS: Você tem um significativo número de livros publicados. Apresente-nos sua obra.

Tenho 18 livros publicados sobre os mais variados temas, sobretudo na literatura popular. Já escrevi sobre Belarmino de França, Josué da Cruz, Pinto do Monteiro, Chica Barrosa, Fabião das Queimadas, Leandro Gomes de Barros, Augusto dos Anjos e na poesia tenho livros publicados por Editoras nacionais e alguns poemas transformados em música e alguns outros traduzidos para o espanhol, francês...




GCS: Como aprendeu a ler? Quando viu nascer seu amor pela leitura? Que obras marcaram sua formação inicial?

Aprendi a ler inicialmente com um professor particular contratado por meu pai. Acredito que na verdade aprendi a ler através dos folhetos de feira que eram adquiridos nas feiras livres do sertão, isto com certeza despertou a minha vontade em aprender a ler.



GCS: Quando foi despertado em você o desejo de ser escritor? O que escrevia quando começou?

Sempre fui encantado pela leitura. Quando comecei a escrever era muito incipiente o que escrevia como poesia, depois fui melhorando com as varias leituras de outros poetas, principalmente lendo Augusto dos Anjos.

GCS: Sente-se realizado com o que já produziu ou acalenta um sonho de algo mais?

Sinto-me até certo ponto realizado com o que já produzi na literatura, pretendo continuar escrevendo algo mais e que eu posso ter reconhecimento além do que conquistei dentro e fora do país.

GCS: Você tem se dedicado à produção de obras biográficas. Que autores lhe serviram de inspiração?

Vários autores que se dedicaram a escrever biografias. Atualmente leio muito Lira Netto.

GCS: Cite algumas biografias lidas que você considera excelentes.

Li as biografias de José Saramago, Jorge Luiz Borges, Simone de Beauvoir, Glauber Rocha, Tim Maia, Nelson Rodrigues, entre outras.

GCS: Além de ser biógrafo, você é poeta. Já pensou em lançar um livro de poemas? Por que não levou à frente tal projeto ainda?

Tenho um livro de poesias lançado por uma editora da Bahia, intitulado O último Café Noturno, publicados pela Mondrongo e distribuído nacionalmente.


GCS: Brinde-nos com um ou mais de seus poemas.

Sobre os arcos da morte
Musgo e silêncio
Nos altares da sombra.

Na carne e saliva
De um Pégasus
Um galope alucinado
Na geografia dos abismos.

Sobre os arcos da morte
Sal e aço
No escuro rosário das ausências.

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SER(TÃO) O sertão é uma metáfora do sol, uma paisagem de solitários caminhos. O sertão é galope, um mergulho na caatinga e nas raízes de velhos umbuzeiros. O sertão é uma canção nos búzios de pedras temperando as lágrimas de uma mãe sertaneja. O sertão é uma muralha de macambiras na solidão das folhas da noite O sertão é um verso letal na tênue luz de um lampião. O sertão é sol e luar no hálito das folhas secas O sertão é a alma do vento agitando os braços dos mandacarús. O sertão é o verbo e o procriar das sementes. O sertão é esforço e magia de viver nas terras de dentro. O sertão é uma diáspora no casulo do tempo! 15.01.19. Irani Medeiros.

GCS: O que é poesia para você?

Poesia é vida, sentimento, sensibilidade e uma filosofia de vida no santo ofício da palavra.

Que poetas lhe servem de inspiração?

Augusto dos Anjos, Fernando Pessoa, João Cabral de Melo Neto, Bandeira, Luiz Carlos Guimarães, José Chagas, Zila Mamede, Neruda, Vicente Hiliodoro, Gabriela Mistral, Federico Garcia Lorca, entre outros.

GCS: Como você costuma escrever? Que horários e locais lhe parecem mais propícios? Trata-se de uma atividade diária? Você tem compulsão pela escrita?

Não tenho um horário pré-determinado para escrever, sobretudo poesia, ele vem a qualquer a hora e tenho que andar sempre com papel e uma caneta. Quanto as pesquisas e outros escritos escrevo mais a noite.

GCS: O que lhe parece mais difícil no exercício da escrita?

O exercício da escrita não é nada fácil, tem que ter um certo talento aliado à transpiração que com o tempo o escritor vai definindo um estilo próprio de escrever.

GCS: Qual o seu nível de adesão à leitura digital? Acha imprescindível o livro de papel?

 Prefiro ler pegando no papel, folheando página por página.

GCS: O que significa ser escritor em um país com tão grande número de analfabetos funcionais?

É uma condição não muito boa diante destas dificuldades e ainda por cima pelo fato de termos um mercado editorial muito complicado. O autor aqui sofre muito com a questão de direitos autorais. No Brasil não se vive propriamente de venda de livros. É lamentável essa situação, visto vivermos e produzirmos literatura num país tal rico e diverso culturalmente.

GCS:  Que autores, em prosa ou verso, nos recomendaria?

Carlos Drummond, João Cabral de Melo Neto, Augusto dos Anjos, Leandro Gomes de Barros, Zé Lins, Zé Américo de Almeida, Guimarães Rosa, Graciliano Ramos.

GCS: Qual de suas obras lhe rendeu melhores resultados?

No Reino da Poesia Sertaneja, Fabião das Queimadas, Pinto do Monteiro.

GCS: Gostaria que nos indicasse alguns filmes.

Memória do Cárcere, O ano do Desaparecimento de Garcia Lorca, Dr. Jivago, Meia noite em Paris.

GCS: Por quais pensamentos ou aforismos busca nortear sua vida?

Melhorar a minha escrita que é sangue e é vida.

GCS: De que meios pode valer-se o leitor para entrar em contato com você?

Pela internet – Irani Medeiros no Facebook ou pelo e-mail: medeirosirani@gmail.com ou pelo celular: 83 98714-0954.

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