I
No berço
braquial e mamas,
Esguia e
pálida criança,
Dormia
aguardando o sono eterno.
Já nascera
com olhos corrompidos,
Sua boca
em leporinos lábios,
Seus
pequeninos pés torcidos,
Não supria
a ausência dos braços.
Com ânsia
de vômito comia,
Não demonstrava
o comportamento inato,
Do sugar
dos mamilos maternos.
Desde sua
data natalícia,
Não
despertava nas visitas,
Gentil
esperança de vida amarga.
Em terra
tão árida sofrida,
Qual
criança assim nascida,
Pode
vencer a força de um deserto?
Cledemilson de Carvalho
II
Também carrego minhas mágoas,
Lágrimas ressecadas de carmim,
Feridas abertas, desejos reprimidos,
Não vejo, almejo sonhos encardidos.
Também carrego pesadelos,
Um sono temperado de fraqueza e azia.
Um telhado furado, uma rede rasgada.
Noite de chuva, enchente, trovoada.
Também carrego minhas lágrimas,
Escondidas por trás de um sorriso,
Do silêncio, da obediente esperança,
No cavalheiresco mimo da última dança.
Também carrego meus fantasmas,
De erros, de rancor, de medo e terror.
Vívidas vivências insignificantes,
Vagando entre pensamentos vagos,
errantes.
Não que seja, ou mesmo insensível
fosse,
Pelo julgar dos olhos amaldiçoados;
Entregue ao tribunal dos carniceiros,
E condenado por infantes justiceiros.
Por fim, a pena nos ombros fracos
cairia,
Materializada na dor muscular
intermitente,
No grito surdo estremeceria,
A carne magra de um doente.
Cledemilson de Carvalho
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