Xilogravura feita por J. Campos
LEANDRO GOMES DE BARROS
PAI DO CORDEL BRASILEIRO
(Marciano Medeiros)
Pai do cordel brasileiro
Foi notável menestrel
Grande filho de Pombal
Deixando o sertão cruel
Ganhou brilho no Recife
Fez da palavra um pincel.
Redigiu muitos folhetos
Tendo imensa qualidade
O trabalho que deixou
Nunca perde a densidade
Seu nome ficou eterno
Do campo até a cidade.
Publicou lindos romances
Vendendo com devoção
Expandiu nosso cordel
Dando força a profissão
Fez o Cachorro dos Mortos
E Juvenal e o Dragão.
Leandro sendo um poeta
Brilhava por toda parte
Mostrou Antônio Silvino
Guerreiro com bacamarte
E o Soldado Jogador
Denominou de Ricarte.
Seu coração tão sensível
Botava o verso na mira
Relatou lindas passagens
Sem toque de pinho ou lira
Fez um romance famoso
Os Sofrimentos de Alzira.
Poeta igual a Leandro
Confesso que nunca li
Pra superar o que fez
Nenhum nome conheci
E seu talento criou
A grande índia Neci.
Alimentou a família
Com a grana conseguida
Após vender seus versinhos
Nos pedregulhos da vida
Deixou exemplo marcante
Nos desafios da lida.
Era poeta satírico
Com seu estilo envolvente
Criticou os sacerdotes
Usando o verbo inclemente
Para apagar as mentiras
Dos corações de serpente.
Viveu cinquenta e dois anos
Esse famoso titã
Desde pequeno admiro
O grande autor de Bamam
Quando li O Príncipe e a Fada
Do mestre me tornei fã.
Partiu há quase cem anos
Pras residências do além,
Mas seu trabalho fecundo
Imenso destaque tem
Não sei às vezes que li
A Vida de Pedro Cem.
Câmara Cascudo falou
Leandro sem pindaíba
Vendeu diversos folhetos
De Recife a Parnaíba
E que o viu na capital
Da bonita Paraíba.
Tenho nele referência
Mestre da linha de frente
Em cada estrofe, Leandro
Botou essência envolvente
E por tudo que deixou
O comparo a Gil Vicente.
Feito aos 19/11/2017
Marciano Medeiros
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