quarta-feira, 31 de julho de 2013

MINHA RUA - Edgar Santos



Rua almejada, querida, estimada...
És palco de lembranças, no sargaço dos meus olhos,
No cansaço dos meus prantos...
És meiga, fraterna, eterna...

Rua das manhãs molhadas, no braço dos operários,
No calejar das mãos e na conquista do pão.
Rua das tardinhas ensolaradas, no seu pranto e no seu dó,
No abrasador do sol, e nos pingos de suor...

Rua almejada, querida, estimada,
No arco-íris dos céus, e nos lírios desses véus...
Rua das noites, noitinhas de serenatas, na algazarra das crianças,
E no sossego dos pássaros.

Sabes?... Aqui pousam natos poetas, vivos e eternos,
Alados, alados como um pássaro, cantando poesias,
Poesias de outrora, que te marcaram, que te consolaram...
Ah!... Poesias, poesias que choram...

terça-feira, 30 de julho de 2013

ENSINAMENTOS ANTIGOS - Diego da Rocha Fernandes


Li em um papiro
Que Deus ensinou ao escriba
Que a vida é o bem mais precioso
Que Deus: Sou Natureza!
E o homem é sua criatura
Que deve viver em harmonia
Para poder estar próximo dela
É preciso entender a natureza
Se quiser apreciar tanta beleza
Sem destruir essa realeza
Que gosta de ser usada, mas não abusada

segunda-feira, 29 de julho de 2013

PRA QUEM DESSA ÁGUA BEBE TEM PRO FUTURO UMA LIÇÃO - Camilo Henrique


Fiz uma linda viagem 
Ao interior da minha terra 
Onde lá no pé da serra 
A natureza e sua melodia 
Encanta-nos com a harmonia
No imenso casarão
Vi no passado a emoção
Que a vida nos concede
PRA QUEM DESSA ÁGUA BEBE
TEM PRO FUTURO UMA LIÇÃO 


domingo, 28 de julho de 2013

A ESTRANHA MÚSICA DE DJAVAN - LAMBADA DE SERPENTE





Um amigo riu quando eu disse que Djavan tem um estilo musical estranho e belíssimo. Mas é isso mesmo. Ele diz coisas e canta em melodias inusitadas, cheias de beleza.

Vejam só que expressão: "Lambada de serpente". Penso que ninguém nunca disse isso antes.

Nosso imaginário se acostumou com o sentido brega, folclórico, que foi emprestado ao termo lambada. Logo pensamos naquelas músicas de ritmo quente, comuns em festas populares de um passado não muito distante.

Mas vamos ao Dicionário Online, impulsionados pela curiosidade que Djavan nos causou, e descobrimos que lambada significa "Golpe aplicado com pau, chicote ou objeto flexível" e no sentido figurado "Crítica severa; descompostura". Claro que também significa "Dança e música sensuais e em ritmo rápido", sentido com o qual estávamos acostumados.

"Nunca ninguém falou como este homem", disseram a respeito do poeta Jesus. Poderíamos dizer algo semelhante à obra de Djavan: "Nunca ninguém cantou como este homem".

Numa entrevista concedida ao jornal TRIBUNA DO NORTE, o cantor se mostrou familiarizado e despreocupado com a aplicação do adjetivo "estranho" à sua obra. Diz ele:


"Quando fui ser ouvido pela primeira vez pelos produtores, já houve essa polêmica. “Você tem algum talento, mas a música que você faz é muito estranha. Não se sabe onde está a primeira parte, é complicado, você tem que mudar isso, fazer uma coisa mais acessível para facilitar sua própria vida.” Tinham razão os que falavam assim, mas outros também disseram: “Não, essa coisa estranha é o seu trunfo, não mexa nisso. Você vai sofrer mais, vai ter mais problemas, mas vá em cima disso”.

A estranheza se dá, obviamente, pelo fato de estarmos a ouvir algo que nos parece inédito. Também por estarmos a ver uma coisa que, à primeira leitura/escuta, não nos penetra o entendimento. Quando nos pomos a tentar acompanhá-lo, sentimo-nos como se nos expressássemos num outro idioma. Sentimo-nos papagaios repetindo o que alguém disse. Todavia, aquilo que só entendemos a custo, nos soa
belíssimo, extremamente poético. Por ser poético, compreendemos, trata-se de algo indizível. Temos que nos contentar com o pouco que conseguimos ver, mas que nos faz tanto bem. 

Veja a letra:

Cuidá dum pé de milho
Que demora na semente
meu pai disse meu filho, noite fria, tempo quente

Lambada de serpente
A traição me enfeitiçou
Quem tem amor ausente já viveu a minha dor

No chão da minha terra
Um lamento de corrente
Um grão de pé de guerra
Pra colher dente por dente

Lambada de serpente
A traição me enfeitiçou
Quem tem amor ausente já viveu a minha dor


VEJA TAMBÉM:


BLOG DA APOESC: SOBRE MOONLIGHT SONATA - Gilberto ...

apoesc.blogspot.com/2013/02/sobre-moonlight-sonata-gilberto-cardoso.html





SE EU FOSSE DEUS - Gilberto Cardoso dos Santos - blog da apoesc

apoesc.blogspot.com/2013/05/se-eu-fosse-deus-gilberto-cardoso-dos.html

sábado, 27 de julho de 2013

A DROGA DO APOCALIPSE - Ruben G Nunes

Meu amigo Fidja-Maestro, envia as fotos abaixo com notícias sobre uma nova e terrível droga russa: o Krokodil (crocodilo).

Devastadora: arrebenta os "canos" do maluco viciado, gangrena tudo, e vai corroendo toda a carne até chegar ao osso. Como uma abocanhada de crocodilo.

Fidja-velho, do ponto de vista pessoal e social essa droga russa não é só degradação e terrorismo. É também um horrorismo do prazer.

Leva a um êxtase, ou um "barato", com pavorosas marcas de autodestruição. A coisa é rapidinha. Em pouco tempo, o bixogrilo vira um descarnado vivo. Como um zumbi. Verdadeiro suicídio cotidiano.

As carnes, veias, nervos, músculos, vão apodrecendo. Mas, o "barato" é tão forte que o vício fica fora de controle. Tanto que leva a um estado mórbido de "tô nem aí". O êxtase do krokodil supera o instinto de sobrevivência.

Quer dizer: o viciado fica num tal "espírito" de total desprendimento de sua materialidade carnal, que não "tá nem ai" para a perda progressiva de seu corpo gangrenando,  por via química.

"Tô nem aí, m'ermão".
É como a filosofia da vaca ou do cavalo: sempre cagando e andando.
O que importa é o "barato espiritual". A viagem.

Mas, não é justamente essa desvalorização da carne em favor do espírito, que as religiões, em geral, tanto pregam - só que por via da fé doutrinária?

Vício e religião, cada um busca um tipo próprio de transcendência. Ambos visam a libertação da "prisão da carne", por vias diferentes. Não é isso uma ironia?

Qual o papel da Razão nesse horror?
Pelas fotos abaixo a gente tira que todo processo pra sintetizar o krokodill é um processo químico cheio de etapas racionais.
É um processo de Razão aplicada.
Como foi também um processo da Razão todo o plano nazista de extermínio.
O horror da Razão.

Tá ai uma inexplicável atividade desumana da Razão.
A Razão que é o campo próprio do trabalho da Filosofia.
Cujo trabalho busca, em geral, a Verdade Universal e Absoluta.
Busca Causas Primeiras e Ultimas.
Busca o sentido lógico de nossas vidinhas.
Santa Ingênua Enclausurada Filosofia!

Todo esse trabalho filosofeiro tem acumulado, nos séculos, rumas e rumas de teses, tesinhas e tesões de muito boa cêpa. De profundas teorias geniais. Tudo devidamente arquivado nas academias, entre traças e aranhas.

Mas, a grande maioria dessas teorias filosofeiras são tão profundas e tão teoricamente geniais, que são impraticáveis na superfície da VidaViva.

Ficam lá, no GrandeManicômio da Mundo das idéias, fora do tempo.
Teses que se sucedem trocando entre si figurinhas teóricas forever.
Enquanto cá fora a fila anda.

Voltemos à Razão drogada com krokodil.
O que há com essa Razão que se auto-extermina, como um crocodilo devorando a si mesmo?
Uma Razão enlouquecida?

Os viciados no krokodil russo olham suas carnes apodrecendo até o osso.
Como num filme de horror, tudo ao vivo, a cores e em close.
Esguichando sangue.
Mesmo assim, seguem o prazer do vício arrancado de seu próprio sofrimento.
Um Bem arrancado do Mal?

Os viciados vêm e sentem o Bem e o Mal em si mesmos.
Há, pois, uma referência entre o Bem e o Mal.
Uma referência perversa.

O que há com essa Razão drogada?
Perdeu, a Razão, o contrôle sobre si mesma?
A Vontade-de-Vida que nos move, tornou-se Vontade-de-Morte?

Por outro lado, muitos desses viciados creem num Deus, têm religião.
Mas que deus, ou deuses, permite isso? Que deus(es) há neles?
Há ou não há deus(es)?

Fidja-velho, do ponto de vista transcendental, i.é de entidades divinas criadoras, como encarar esses fenômenos de uma Razão suicida drogada num contexto de puro horror de prazer e morte de si?

Cadê um lenitivo religioso, menos doutrinário, mais compreensivo, que suspenda o Homem desses abismos?

Haverá na Razão Humana espécie de reflexo de uma Razão Cósmica Enlouquecida?
Ou, reflexos de MultiRazões Cósmicas, com infinitos graus  de loucura?

Mas, afinal, quem criou a cruel possibilidade química dessas drogas existirem?
O próprio Homem?
Ou o(s) deus(es)?

Ou, algumas dessas Razões Divinas perderam o contrôle total do que criaram ou arquitetaram?
Ou, há também na economia da esfera infinita, desgaste, enguiço, cansaço, desregulagem, das Onipotencias das Entidades Divinas? Se há tamofú, velho!

Num multiverso (in)finito, infinitas são as possibilidades e realidades...

Fidja-amigo, que certezas há?
Ou a certeza do não-sentido é também um sentido imperceptível?
Por que em alguns de nós há essas inquietudes crônicas e em outros não?
Por que esse apaixonamento pela eterna estrada do mistério?...

um abraço e BoaEnergia!

sexta-feira, 26 de julho de 2013

O VALOR DA POESIA - Adonias Soares


I
Eu sendo um admirador
Do verso em qualquer sentido
Porque me faz divertido
Quando pensativo estou
Ameniza a minha dor
Na hora mais compungida
Eu versando dou saída
A triste melancolia
Que a saudosa poesia
Faz parte da minha vida.

II
Quantas vezes viajando
Na terra alheia sozinho
Naquele longo caminho
Me divertia versando
Ás vezes até solfejando
A fim de desaparecer
E para a viagem vencer
Versava de mais a mais
E os versos sentimentos
Amenizava o meu sofrer.

III
Quando me vi escrevendo
Alta noite no silêncio
Meu pensamento propenso
As idéias iam crescendo
Na mais completa harmonia
Olhando as fotografias
Nas cortinas dos amores
Sentindo o cheiro das flores
Do reino da poesia.

IV
A poesia tem um brilho 
Das campinas verdejantes
Das estrelas cintilantes
E o doce sabor do milho
De um pai beijando um filho
Das riquezas naturais
Dos filhos beijando os pais
Das noites de serenata
Do luar da cor de prata
Dos abraços e nada mais.

NATAÇÃO - (Layze Danyelle


Às margens da página
posso mergulhar
sem medo de me molhar.

Somente me afoga a tristeza
Vivo sem eira nem beira
nesses versos a prosear.

Nadar nem adianta
Quando da vida a gente cansa
Palavra nenhuma pode salvar.

Mesmo assim a gente tenta
Escrever pra ver se aguenta
Um sentido procurar...


quinta-feira, 25 de julho de 2013

DOMINGUINHOS - Mazinho Franco

Meu sertão ficou mais triste
Morreu o meu sanfoneiro
Cabra arretado e simpático
Um artista verdadeiro
Foi tocar em outro plano

Com outros bons forrozeiros
Seu Lula, Sivuca e Marines
E o grande Jackson do Pandeiro
Todos grandes artistas 
Nordestinos e Brasileiros

Levou o nosso forro
E viajou o mundo inteiro
Mostrando a nossa cultura
Com a sanfona choradeira
O Tum Tum Tum da zabumba
E o toque do pandeiro
O tiguilingue do triangulo
E a voz do sanfoneiro
Vai com Deus seu Dominguinhos
Um autentico Brasileiro

quarta-feira, 24 de julho de 2013

ARTIGO: REPRESENTAÇÕES DISCURSIVAS EM CARTAS PESSOAIS: O NORDESTE NA CORRESPONDÊNCIA DE CÂMARA CASCUDO E MÁRIO DE ANDRADE (1924-1944)



Cristiane Maria Praxedes de Souza Nóbrega (UFRN)
cristianenobrega@bol.com.br
Benedita Vieira de Andrade (IFPB)
benedita.v@gmail.com

I.                Introdução
Durante mais de 20 anos, Mário de Andrade e Câmara Cascudo trocaram intensa correspondência que foi publicada no livro “Câmara Cascudo e Mário de Andrade: cartas, 1924-1944”. Nessas correspondências, em meio a confidências e assuntos de caráter pessoal, os dois escritores teciam importantes comentários a respeito da cultura, da arte e da política brasileira, inclusive das obras que estavam produzindo.
Tomados pelo fervor de nacionalidade que pairava durante aquele período da história cultural brasileira, os escritores se dedicaram a construir – ambos ao seu modo – uma vasta produção artística que desnudasse os traços caracterizadores da brasilidade latente no território cultural do Brasil. As cartas trocadas pelos dois escritores pontuam o modo como percebiam a construção dessa brasilidade.

O MESMO AMOR - Francisco de Sales Felipe

Quando teus olhos derramavam confissões, Aprendi silêncio. E assim estavas comigo. Quando distante deles, a tua ausência sentia, Aprendi solidão. E assim ficava contigo. O tempo, de mim, levou aquele olhar E vai me devolvendo o amor daquela luz Dos teus olhos nos meus arrebatando O amor de antigamente nesse amor presente Que vivemos agora com a glória de amar sempre Com o mesmo lindo amor dos primeiros dias.

terça-feira, 23 de julho de 2013

A CIDADE DESARVORADA - Gilberto Cardoso dos Santos


A cidade amanheceu menos verde, menos oxigenada, menos ensombrada.
Pássaros retornaram para seus ninhos, mas, à semelhança da ave que Noé soltou após o dilúvio, estes não mais encontraram os galhos com que estavam familiarizados. Também não havia arca pra onde retornar... Pequenos insetos, igualmente, voltaram para o seu mundo, mas ele havia sido destruído. Outros se foram com ele.

Sim, a cidade amanheceu com menos árvores, menos pássaros, e com a natureza mais emudecida.

Profissionais, transeuntes, e vendedores ali se ilhavam, protegidos da inclemência solar e a vida parecia melhor.

Aquela árvore frutificava em sorrisos, amores, olhares brilhantes. Clientes de banco ou familiares que ficavam à espera, des-fruta-vam de um tesouro que não cabe nos cofres.

Quantas mãos ali se apertaram, quantos abraços ali foram dados quanto dinheiro ali se contou! Era um dos poucos lugares onde pobres e ricos se encontravam, atraídos pelos instintos poderosos de nossas origens silvícolas.
                                                                                      
Ali, as motos esfriavam seus motores. Como uma mãe, a árvore as ninava, botava-as para dormir. “Aquietem-se! O povo está cansado desse barulho!”...

A conversa fluía com mais facilidade, o tempo deslizava mais suavemente.
Era uma sala (ao ar livre) de terapia para os mais idosos, uma ponte entre nós e a floresta. Uma mão da mãe Gaia que nos acariciava e nos protegia contra o sol e o tempo inclementes.
Era um oásis de sombra na selva de pedra. Ela nos pertencia, e foi-nos tirada sem que percebêssemos. 

Em A Árvore da Serra, de Augusto dos Anjos, o filho agarrou-se com o tronco e gritou: "Não corte a árvore, meu pai, para que eu viva!". Ele teve a chance de clamar em sua defesa, mas nós não tivemos essa oportunidade. E quando a árvore tombou, certamente também levou consigo um pouco de nós como ocorreu com o filho no poema.

A cidade amanheceu desarvorada. Desarvorada no sentido mais amplo. Desarvorado significa ficar transtornado, confuso, desorientado. E foi assim que se sentiram os que tiveram suas retinas feridas ao chegarem na praça, pois puderam enxergar melhor os riscos que corremos. 

Sentiram-se ofuscados pelo desapontamento.

Ao votar, sempre esperamos benevolência, sombra e água fresca dos que elegemos. Sonhávamos e ainda sonhamos com uma melhor gestão do meio ambiente. Mas a cidade, menos ensombrada, tornou-se assombrada com a possibilidade de ser engolida pela modernidade insana.

Não se sabe que razões levaram a atual gestão a fazer isso. O motosserra com sua voz irritante tentou explicar-me, disse que são ordens do progresso, mas não entendi bem o que me disse. Talvez os que a derrubaram também nada saibam. Apenas se lhes pediu que pusessem o capuz e se fizessem carrascos. Foram meros instrumentos da lei. Não sabemos como se sentiram ao dormir, com as mãos cheias de seiva...

Desmatar é matar.

Acho que os gestores públicos, à semelhança dos países democráticos onde há pena de morte, deveriam ter todo um protocolo ao praticarem tais penas. Burocracia aqui nunca seria demais. Tudo deveria ser examinado e reexaminado, prós e contras apresentados. Deveriam deixar bem claro à opinião pública as razões que os fazem exterminar tais e tais indivíduos e fazer tudo sem muita pressa para evitar o risco de matar uma inocente. Se tudo fosse antecipadamente esclarecido, quem sabe, não nos convencêssemos da justeza do que foi feito?

Cem ou mais árvores plantadas em seu lugar jamais substituirão aquela árvore. Mas ao menos gostaríamos de ter a certeza de que outras serão plantadas como consolo, assim como os pais que perdem um filho e tentam substituí-lo com outro...

Dizem que esta árvore era um marco da cidade, mas não era. Era um marco da natureza e da história,  um dos poucos que ainda nos restavam.


segunda-feira, 22 de julho de 2013

MULHER - Antônio de Pádua Borges





Mulher, teu encanto
Sacia o meu pranto
Te espero por fim!
Teu riso modesto
Almejo o mais perto
Igualmente ao jasmim,
Assim eu te peço
Minha dor confesso
Do amor ao ingresso
Tens pena de mim...

Minha flor vem cedo
Porque tenho medo
Não me deixe só...
Te peço um carinho,
Procurando num ninho
Qual um rouxinol!
Que do cipoal
A ninguém faz mal
Gorjeando afinal
Lá no pôr-do-sol! 

II CONFERÊNCIA MUNICIPAL DE CULTURA


domingo, 21 de julho de 2013

PAI NOSSO - José Matias da Costa Filho (Matiinhas)


Pai nosso que estás no céu,
Santo seja o vosso nome –
Dizem as vozes na igreja.
“Que a sua vontade assim seja”
Dizem os que passam fome.

“Venha a nós o vosso reino”.
Dizem os desamparados.
“Pão nosso de cada dia
Dai-nos hoje ó Maria”
Clamam os esfaimados.

“Pai nosso que estás no céu,
Venha a nós o vosso lar,
Faça-se o vosso desejo”...
Dizem os que sentem pejo,
Reza o humilde a implorar.

“Pai nosso, santo é seu nome
Na terra e no céu de anil,
Dai-nos pão ao nosso prato”.
Só não diz o ímpio, o ingrato,
Só não diz o iníquio, o vil.



sábado, 20 de julho de 2013

DE REPENTE - Layze Danyelle


E de repente vem
assim do nada...
Empurrando o meu peito
rasgando o coração:
A danada da tristeza
(ou seria a solidão?!)

(Layze Danyelle)

sexta-feira, 19 de julho de 2013

MORREU UM JUSTO! - Cosme Ferreira Marques

Esta carta foi lida na missa de corpo presente de Tomazinho.Tomazinho era uma das pessoas mais queridas da tradicional familia Araújo. - Jesiel Bezerra da Silva 

do arquivo pessoal de Jesiel Bezerra

CORDEL E AUTO APRESENTAÇÃO DE VALDEILSON RIBEIRO


Me chamo Valdeilson Ribeiro. Nasci em Santa Cruz-RN NO HOSPITAL ANA BEZERRA, no dia 28/06/-1984. Mas, foi em um pequeno povoado chamado Serra da Tapuia, município de Sítio Novo- RN que fui criado. Sou um cara apaixonado por literatura de cordel desde criança. Sempre ouvia meu irmão Valderí Ribeiro fazendo versos e ficava imaginando, será que eu consigo fazer igual?


E um dia comecei a fazer uma brincadeira zombando de um amigo de escola que teria perdido uma namorada, e depois de pronto a galera aprovou. Daí pra frente fui aprimorando e tudo que eu criava, eu guardava, por esse motivo tem muitos poemas guardados em casa.

Um certo dia liguei para um grande amigo meu que mora em Natal-RN, ele se chama Joelson Rocha, ele me deu a ideia de criar uma página na internet para divulgar o meu trabalho. Lembro que ele me disse: Cara, o que você faz é arte, e arte tem que ser divulgada!

E aqui estou eu, com apenas 28 anos moro em São Paulo – SP, tenho uma esposa maravilhosa, uma filha perfeita e uma família fantástica.

PARA MIM É UM PRAZER FAZER PARTE DE UM GRUPO DE UMA ARTE TÃO MARAVILHOSA, COMO A POESIA.

ABRAÇO.

quinta-feira, 18 de julho de 2013

OS ENDIVIDADOS - Gilberto Cardoso dos Santos


Quem tem contas a pagar
Não pode dormir direito
Pois sente um peso no peito
Na hora que vai deitar
Dá vontade de chorar,
Por não poder fazer nada
E tem que ouvir piada
De quem não entende o drama
Não há sossego na cama
Pra pessoa endividada.

Se o cara é acostumado
A pagar tudo que deve
Nem a sorrir se atreve
Quando está endividado
Passa o dia aperreado
Buscando uma solução
Fica naquela aflição
Pensando em limpar o nome
Vai comer mas não tem fome
É triste a situação.

Se o cabra é mau pagador,
Vai comprando sem pensar
Deixa o cartão estourar
Gasta sem nenhum pudor
Seu nome não tem valor
Mas ele não se importa
Gastos supérfluos não corta
Não tem medo de ameaça
E fica fazendo graça
Quando o credor bate à porta.

Já o cidadão direito
Que é pobre, mas honrado,
Só pensa em comprar fiado
Quando vê que não tem jeito
Quer manter um bom conceito
Perante a sociedade
E quando a calamidade
Faz quebrar o prometido
Ele se sente perdido
Sem a credibilidade.

São poucos, infelizmente,
Os homens que pensam assim
Eu digo e tiro por mim
Que procuro ser decente
Compro à vista geralmente
e quando deixo a pagar
tenho medo de falhar
na data dos compromissos
compras, com os seus feitiços
não conseguem me comprar.

Porém qualquer cidadão
Pode cair em cilada
Já vi muito camarada
Em triste situação
Por confiar num irmão
Sendo traído por sócio
Acaba sendo um beócio
Depois fica angustiado
Como quem morre afogado
Pensando no mau negócio.

Alguns acabam surtando
Ao pensar no que fizeram
E tanto se desesperam
Que acabam se matando
Isso finda piorando
O drama familiar
Pois além de não pagar
Deixa a família sofrendo
é melhor ficar devendo
que a própria vida tirar.

Muita calma nessa hora
é o conselho a se dar
porque se desesperar
aí a coisa piora.
Não deixe a paz ir embora
            Não aja feito criança
            Alimente a esperança
            Reme com tranquilidade
            E ao passar a tempestade
            Há de chegar a bonança.

            Eu sou Gilberto Cardoso
            e por fim dou um conselho
            consciência é um espelho
            de reflexo valioso
            no entanto é perigoso
            fazer tudo o que ela quer
            se por acaso estiver
            devendo a Deus e ao mundo
            Relaxe, respire fundo
            e pague quando puder.