terça-feira, 6 de novembro de 2012

O UIRAPURU – Humberto de Campos/SP


Dizem que o uirapuru, quando desata
A voz - Orfeu do seringal tranquilo -
O passaredo, rápido, a segui-lo,
Em derredor agrupa-se na mata.

Quando o canto, veloz, muda em cascata,
Tudo se queda, comovido, a ouvi-lo:
O canoro sabiá susta a sonata,
O canário sutil cessa o pipilo.


Eu próprio sei quanto esse canto é suave;
0 que, porém, me faz cismar bem fundo
não é, por si, o alto poder dessa ave:


O que mais no fenômeno me espanta,
é ainda existir um pássaro no mundo
que se fique a escutar quando outro canta!

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