quarta-feira, 28 de dezembro de 2011

O VENDAVAL QUE DEVASTOU CUITÉ - Dinamérico Soares

 
O vendaval de Cuité
Foi algo terrificante
Assolou toda a cidade
Causou pânico estonteante
Desferiu golpe fatal
O fenômeno natural
Deixou marca lancinante.
 
Tardinha de 28
De dezembro, no finzinho
Do tempo 99
O destino atroz, mesquinho
Atingiu Cuité nas bases
A pior de sua fases
Atravessou seu caminho.
 
Era como se as nuvens,
Os céus, tivessem rasgados
Eram tresloucados trovões
E relâmpagos acirrados
13 minutos tempestivos
Com 5 de “ ventos vivos”
De 70Km exaltados.
 
Chuva de vento...
Um evento quase que diluviano
Qualquer cientista diria
Céu negro, pesado, insano...
A população em tragédia
Numa dantesca comédia
Em plena pane, sem plano.
 
Num raio de 4 Km
O vendaval atuou
No perímetro urbano
Foi onde se acentuou:
Prédios, árvores, amuradas...
Foram ás centenas tombadas
A luz, essa se apagou!
 
Eram as casas cheias d’água
E seus tetos desabando
Seus moradores em prece
E o vento em pressa zoando
“ Meu Jesus proteja os seus...”
Até a Assembléia de Deus
Em parte se arrasando.

E outra casa divina,
Outra Igreja se partiu
Uma antena da ex TELPA
Como um disco em vôo sumiu
Foi parar, me disse Altino,
Lá no sítio de Ascendino
Coisa igual alguém já viu?
 
Uma velhinha abriu
O oratório centenário
Coberto de pucumã
E rezou: “ Meu são Genário...
me livra, em ti tenho fé...”
Ele disse: “ É São Noé
Quem resolve esse fadário.”
 
Foi a resposta do Santo
Para a velhinha aflita
Que dizia “ Na enxurrada
Vou-me embora. Quem evita?
Vou sem barca e sem destino
Mas Deus não faz desatino
No céu, sei, me dará dita”.
 
Em meio a treva molhada
Disse uma dona cretina:
“ Maridinho, já que o mundo
 Véi vai virar tricolina
Eu quero ser perdoada
De uns chifes, de umas “ parada”
Que te botei. Ó que sina...
 
O marido aperreado
Com a casa se esvaindo.
“ Esquece amoremio
Estamos mesmo partindo
O que eu levei  ta levado
Depois... Quem não tem pecado...?
Olha a parede caindo.
 
A prefeitura
E tantos prédios privados
Tanta gente em privação
E tantos desabrigados
A natureza furiosa
Fez estraçalhar a rosa
Dos ventos pra nossos lados.
 
No dia que se  seguiu,
A cidade em grande empasse
Os diálogos eram assim:
“ Fulano como escapasse?”
O prefeito, em indoneidade
Decretou calamidade
Pública para que se salvasse.
 
O município da angústia
A que foi submetido
E está cavando recursos
Com esforço no sentido
De amenizar o mal
Que causou o vendaval
Á nosso Cuité querido.
 
Mas bons ventos soprarão
Para nós.. Hão de soprar
A tempestade já foi
A bonança vai chegar
2000 de brisa e fartura
Paz, alegria e cultura
Deus nos ventos vai  mandar.
 
 
Acervo: Eliel Soares
Cuité – Janeiro de 2000.

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