sexta-feira, 9 de setembro de 2022

SALIZETE FREIRE- Homenagens em Verso e Prosa

 



O meu coração chora
Por esta súbita partida
E esta dor de agora
É uma dor tão sofrida,
É dor que me devora
Sem tempo pra despedida.
Salizete Freire Soares
Amou e escreveu a vida,
Encantou tantas crianças,
Que a minha viva esperança
É a de saber que não morre
Quem para sempre será lida!

Com muito pesar soube do encantamento de minha querida amiga Salizete, a quem chamava carinhosamente de Sali. O seu generoso coração não suportou tanta tristeza e agora a sua ausência faz mais triste a vida de seus parentes e incontáveis amigos. Foi um privilégio trabalhar com você na Codese, participar de mesas literárias contigo, declamar poemas juntos, receber seu abraço caloroso e chorar com você a despedida de outra grande amiga, sua amiga-irmã, Erileide. Obrigado pelas dicas, pelos ensinamentos, por sua amizade. Na Ufrn, onde pagamos juntos algumas disciplinas de filosofia, você era a decana da turma e era também a alegria com as suas tiradas sempre inteligentes. Quinta-feira passada eu e o professor Sérgio lembramos tanto de você, e agora você se foi, deixando esta enorme saudade que se inicia agora e só termina com o nosso próprio fim. Obrigado Sali, você não morrerá nunca em mim!

Marcos Cavalcanti



Salizete Freire Soares, minha amiga desde a adolescência, companheira em muitas atividades juvenis e espirituais, amiga comum com o velho Armando Tomaz e dona Lucy, mulher dinâmica e inteligente que honrou a sua vida como professora, escritora talentosa, ativista social e espiritual, sempre alinhada com as causas da justiça e da fraternidade.
Desde o início do ano suportava a cruz de um sofrimento que parecia maior que ela: a morte de seu filho Alysson no auge da vida e da realização profissional, vítima da Covid.
Ante a sua partida, na manhã de hoje, deparei-me com o filme do tempo reprisando seus sonhos de menina nos anos 1970, seus sonhos de mulher e mãe nos anos 90, seus sonhos de intelectual nas duas décadas passadas deste século que não para de nos impactar a mente e o coração...
Ao abraça-la na missa de 30° dia pelo Alysson, ouvi sua última confissão a mim, que ela não via há muito. Havia dor profunda, um sensação de epílogo. Como eu queria tê- lá abraçado outras vezes, para falar-lhe com fé e carinho e, talvez, também confessar-me ao seu coração. Não deu. Não mais nos vimos, senão na soledade de minhas orações. Agora abraço-a em sua liberdade e expresso minha imensa gratidão.
Valeu a pena conhecê-la em nossos anos dourados, Salizete! Você valeu a pena para os familiares queridos, para seus muitos amigos saudosos e gratos, para seus alunos e leitores, para os irmãos de fé em cada etapa de seu périplo por esse mundo beneficiado por seu talento e por seu amor!
Deus a abençoe, e aos seus familiares e queridos amigos José Soares, Alan e Allany. Estamos juntos.

Jomar Morais


Partiu nossa grande amiga educadora e escritora.
Seu coração não aguentou tanta dor.
Descanse em paz, minha querida amiga.
Cada um de nós da educação e das letras se sente órfão.
Você vai nos fazer muita falta.
Siga em paz, minha querida.
Agora, repouse em paz junto ao seu filho amado.
Você sempre foi uma luz em nossa vida.
Agora, brilhe sua luz e a de todos os seus escritos sobre nós.

José de Castro





Era uma vez...
Uma menina que aprendeu com a avó pedir bênção a lua...
Que sonhou em se tornar escritora...
Que escreveu lindos livros...
Em um deles, ela revelou que " tudo vira outra história",
Que a morte é um portal para a dimensão maior,
Onde não há fantasia.
Tudo é real e infinito.
Era uma vez...
Era? Não!
É sempre Salizete Freire
Viva e literária,
Pois onde se abrir um livro de sua autoria
Veremos seu sorriso e
Ouviremos sua voz entre uma linha e outra a nos falar:
-Estou aqui!
Os escritores e escritoras não se entregam ao esquife, se diluem na sonoridade das sílabas que eles criaram.


Francisco Martins/Mané Beradeiro



Com Salizete Freire Soares aprendi muita coisa. Nesse dia, no Teatro Porto de Ama, em Macau-RN, aprendi que não escrevemos para crianças, escrevemos para GENTE. Lema que eu adoto como mantra em minha existência poética. Com Salizete Freire, eu dividi palcos, poemas, mesas, fotos, gaitadas e, sobretudo, revoltas. Rebeldias. Salizete era livre, libertária, entusiasmada, inspiradora, revoltosa, inquieta, sua boca solta me fazia dar as melhores risadas. Pra mim que estou vendo ela dizer: "Ah meus 15 anos" e eu responder: "Ah meus 60"... Com Salizete dividi momentos inesquecíveis...
Certa vez, eu estava no CEMURE, em Natal, no grandioso evento do Projeto Rio de Leitura e após uma palestra muito aclamada sobre a função do cordel na formação de novos leitores, se formou uma longa fila para comprar o livro "A Casa de Minha Avó". A fila se formou no intervalo dos turnos, mas adentrou na parte da tarde, logo no início da tarde, iria acontecer a palestra da maior escritora de literatura infantil do país, Ana Maria Machado, a palestra se iniciou e a fila ainda tinha algumas dezenas de pessoas, quando Salizete passa e diz:
- Esse minino véi veio só acanalhar a palestra de Ana Maria Machado, foi?!
Foi uma risada generalizada.
Para ela que tanto escreveu, muito temos a dizer, a expor, mas deixo os seguintes versos:

Obrigado, Salizete,
Pela jovialidade,
A rebeldia inquieta,
Sua sensibilidade
A militância fiel,
Pela coletividade...
Gente com sua beleza,
Sua luminosidade,
Ultrapassa qualquer coisa,
Qualquer temporalidade.
Com você muito aprendi
Tive lições de verdade,
E sei que sua partida
Pra os braços da eternidade
Foi para ver Erileide
Tirar seu peito da grade
Da dor da perda do filho
Que partiu com pouca idade,
Pois essa dor lhe atingiu
Com tamanha crueldade
Que você nos deixou logo
Viajou pra imensidade...
E gente assim apurada
Com a sua qualidade
Cheia de delicadeza
E de poeticidade
Não morre de causa orgânica,
Médico na faculdade
Jamais estudou, não sabe,
Na superficialidade
Diz até que foi de infarto,
Não tem a capacidade
Pra saber que um ser assim
Com sua profundidade
Jamais morrerá, se expande
E até pra morrer foi grande
Porque morreu de Saudade.

Manoel Cavalcante







Somos pois, todos agora, criaturas na janela a chorar, o lamento da saudade.
Querida Salizete, sua sabedoria , suas letras, sua poesia nos transformaram, e agora órfãos de seu sorriso e de seu abraço, seremos mais pobres.
Vá em paz!!
Sua luz a nos iluminar sempre!

Paula Belmino


Que dor, minha querida Salizete Freire Soares , mas como lhe sussurrei semana passada na FliQ Natal: abraçar é compartilhar amor e pude fazer isso! Nos abraçamos, nos emocionamos!
Essa foto é da FLiQ de 2021 também no Parque das Dunas.
Alguém tirou fotos nossas há sete dias mas não as tenho comigo.
😔
Tenho suas palavras e seu carinho
💞
Nossa Senhora lhe receba carinhosamente!!!
A literatura infantil perde uma
grande escritora.
O RN perde uma grande professora e mulher!
Nós perdemos uma pessoa maravilhosa e eu perco uma amiga.

Araceli Sobreira Benevides





MEMÓRIAS
(Para Salizete Freire)
Guardo de ti esse sorriso largo,
esse teu gesto generoso de quem acolhe e exalta.
Guardo de ti uma lembrança sagrada.
E, agora, uma saudade fina que fere fundo as entranhas
vem me habitar.
Não somos pó. Viemos da luz e a ela volveremos.
Até um dia, amiga.
(José de Castro)
Querida amiga Salizete:

Hoje, resolvi te enviar essa singela carta para relembrar alguns dos momentos que pudemos vivenciar. Você deve se lembrar que tivemos um encontro no Flipopular, na UERN da Zona Norte. Gentilmente, você aceitou um convite meu para substituir o professor, escritor, poeta e acadêmico Roberto Lima de Souza, numa mesa literária, pois ele estava com problemas de saúde. Ali esteve conosco também o poeta e acadêmico Diógenes da Cunha Lima. Amiga, foi maravilhoso estar ali com você, pois ouvir-te falar é um sempre um grande privilégio. Depois do evento, você me agradeceu: "Gratidão amigo. Gratidão por tudo. Se não fosse você, eu não teria ido." Mas sou eu quem lhe agradece. Foi um privilégio tê-la ali conosco. As tuas palavras nos encantam. Você nos hipnotiza com suas tiradas rápidas, com essa capacidade de dizer coisas tão simples e, ao mesmo tempo, tão surpreendentes, que sabemos que vêm do seu coração de escritora e poeta. Nesse teu coração tão grande, cabe tanta coisa… Couberam escritos maravilhosos que transbordaram e viraram livros que também nos maravilham. Esse teu coração enorme cabe toda a ternura do mundo e cabe também “as cabras do seu Raimundo”, como diria você, em um momento de descontração qualquer. A gente sempre sorria quando você nos acariciava com esses maravilhamentos verbais singulares. Uma marca registrada sua. Lembro-me da sua tristeza enorme ao perdermos nossa amiga Erileide Rocha e nosso amigo Joiran, com os quais tantas vezes viajamos por esse Rio Grande de Norte de Deus afora, levando a bandeira do livro e da leitura no coração e nos olhos, acompanhados de amigas feito Magna Fernandes, Silvana Amália, Flauzineide Moura, Geruza Câmara, Ana Paula Campos, Mirianzinha, Régia Carvalho Peixoto, dentre outras e tantos outros. Éramos muitos e unidos. Você sempre foi uma estrela guia dos nossos caminhos. Uma amante ardorosa da educação, dos livros e da leitura; alguém que se entregava com desmedida paixão a tudo o que empreendia. Deixou-nos lições preciosas de dedicação, compromisso, companheirismo e cumplicidade. Ah, amiga, você foi até a FliQ Natal, no Parque das Dunas agora, no início de setembro. Todos nós que ali estávamos nem de longe imaginávamos que aquele momento seria o de sua despedida. Ah… como me lembro daquele nosso lanche ali na sala da coordenação do evento, ao lado da professora Délia e do professor Fabiano, da equipe técnica do PROLER/RN. As escolas vieram colher o seu autógrafo. Tomamos café juntos e você repartiu um pudim de leite condensado comigo. Você brincou, dizendo que o pedaço maior era para ser meu, lembra-se? Estávamos rindo, autografando e tirando fotos. Nem sabíamos que aquele seria o nosso derradeiro momento, juntos, nesse plano terreno. Ah, se a gente pudesse adivinhar… Creio que a gente te seguraria no colo e não teríamos deixado você partir, amiga… Inclusive, naquele mesmo evento, encontrei-me com o nosso amigo escritor Adriano Gomes (que também participou do PROLER) e ele me disse que estava combinando uma reunião nossa (eu, você e ele), para a gente traçar algumas coordenadas de visitas a escolas. Ah…. Visitas a escolas. Lembro-me de muitas que fizemos juntos. Todos queriam te ouvir falar. Eu também. Geralmente, eu te pedia para me deixar falar primeiro, pois, assim você poderia ter mais tempo. E seria melhor para todos nós. E vivemos momentos maravilhosos, amiga. Momentos que jamais se apagam da lembrança. Eu me lembro que te convidei para ir almoçar comigo e com a professora, escritora e poeta Paula Belimino (“A menina que sabe chover”). E você me disse assim: “Oi Castro. Meu amigo. Falei com Paula Belmiro, mas não vai dar, infelizmente. Tomei café e tomei o remédio e não deu outra - desliguei-me. Muito sério esse estado. Porém só daqui a um mês tenho médico. Abrace Paula por mim e nosso abraço!” Pois é… Eu dei o seu abraço à Paula Belmino que queria muito te ver também. Porque você sabe do enorme carinho de todos nós por você. Vínhamos acompanhando suas doloridas postagens sobre a perda do seu filho Allyson. A vida tem mesmo essas surpresas. Eu bem sei como é essa dor, pois também perdi uma filha querida antes do Natal de 2021. É uma dor que, se a gente não tomar cuidado, vai nos comendo e consumindo por dentro. Não é algo fácil de se enfrentar. E sabemos que você lutou com essa dor e viveu intensamente o seu luto. Certa vez, pelo whatsapp, você me confidenciou: "Tem dias que são piores. Mas vamos indo." A sua poesia cotidiana no facebook e no instagram era pungente demais. Ali sua dor se extravasava e, aos poucos, foi te debilitando. A dor da ausência. A falta de chão. Tudo isso foi, aos poucos, fazendo-te sangrar lágrimas que nunca cessaram. Foste mãe saudosa até o último momento de respiro. Um amor grandioso que buscou vencer as distâncias e que te levou para perto do filho amado. Minha querida amiga, espero que você esteja, agora, perto, bem perto do seu filho. Que tenha abraços de estrela brilhante para refulgir todo esse amor que já não mais cabia em seu peito dilacerado pela dor da ausência. Outro dia, amiga, alguém me enviou um hino que eu ouvia muito na minha infância. Um dos hinos preferidos da minha mãe. Sua letra diz mais ou menos assim: “Da linda pátria estou, tão longe, cansado estou…” Eu sei que você estava cansada, amiga. Cansada de tanto sofrer. Sei que você foi uma brava guerreira, que já havia escapado de uma cirurgia bem delicada, do coração. Você sempre foi coração. Coração de educadora. Coração de escritora. Coração de mãe e coração de poeta. Poetas são assim, feito você. Uma mulher de palavra. Como o nosso amigo comum, o escritor Bartolomeu Campos de Queirós, do qual eu me lembro, você tanto admirava e gostava de recitá-lo: “Sou frágil o suficiente para uma palavra me machucar, como sou forte o bastante para uma palavra me ressuscitar.” Então, amiga, eu sei que você me escuta… Que está escutando todas as palavras de amor e carinho que tantas e tantos amigos têm lhe enviado. E que você escute a nossa palavra de gratidão pela sua existência. Você foi um exemplo de vida. Alguém que aprendemos a amar e a admirar. E você estará sempre conosco, em cada palavra que deixou transbordar para os livros maravilhosos que nos legou. Para te ler melhor, faço-me criança. E dedico a você essa afeição que não pode ser medida, esse carinho que se avoluma e que te abraça como se você estivesse aqui, bem pertinho da gente. E você está, amiga. Sei que está. Para amigos verdadeiros a distância e o longe são palavras que não existem. Coração está sempre perto. Então, saiba que a gente está sempre assim, ligado, unido pela força da palavra que nos abençoa. E que sejamos sempre assim, essa palavra sagrada da literatura e da poesia que reverbera, ecoa mundo afora e se multiplica e se amplia e se completa em todos os olhos e corações que nos leem. Faço minhas tuas palavras: “Só gratidão, amiga. Sempre fui teu fã.”
José de Castro.





TUDO VIRA OUTRA HISTÓRIA

- Cadê a bela roseira
que floresceu no quintal?
- Virou um buquê de noiva
e durou pouco afinal.
- Cadê nossa SALIZETE
que num tapete voou?
- Foi morar lá no céu
e uma estrelinha virou.

Tereza Custodio








4 comentários:

  1. Que lindas homenagens, meu amigo poeta Gilberto Cardoso dos Santos.. Parabéns.. Nossa querida amiga merece tudo isso e muito mais... Receba o meu abraço de gratidão....

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    1. Amigo José de Castro, só você para escrever uma carta assim. Uma bela homenagem que toca profundamente a todos nós que tivemos o privilégio de gozar da amizade de Sali. Sali não sai de cena, Salu fica dentro da gente!

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  2. Homenagem muito linda, meu Querido Gilberto! Salizete era muito querida! Um abraço.

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  3. Belas homenagens para uma grande dama.

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