quarta-feira, 1 de março de 2023

BANHO NO BECO - J. Luz

 


BANHO NO BECO

 

Passando o fim de semana na cidade santuário, fui visitar meu tio Zuca, mais afetivamente Zuquinha, barbeiro profissional. Visita breve. Fiz um agrado ao tio. Recebi a bênção.

Meio-dia. Intenciono ir ao quiosque do Léo, na praça do coreto. Desejo ardente de uma cerveja geladinha. Pego um atalho e sigo por um beco. Despreocupado, consciência tranquila. Promessa paga. De repente, na esquina, da varanda do 1º andar, uma nuvem de água suja desaba sobre mim.

– Misericórdia! Clama a mulher.

Em seguida, terce um rosário de desculpas.

– Me perdoe. Me perdoe. Me perdoe.

Escapei do banho completo por pouco. Mesmo assim fiquei todo enlameado de água servida. Restou-me, com a educação que continuava limpa em mim, repreendê-la.

– Isso não se faz! A senhora está errada! Olhe a rua antes de lançar fora a água de uso.

Na verdade, não se joga na via pública a água usada na limpeza da casa.

Doravante vou evitar o atalho dos becos. E espero que ela aprenda a lição.

      Onde já se viu dar banho de água suja num professor!




2 comentários:

  1. Caro José da Luz: Lamentável o que lhe ocorreu! Ainda bem que ela aparentou manifestar um genuíno arrependimento. Ela se sentiu em um beco sem saída e vc ficou de alma lavada pela merecida e educada repreensão que lhe deu. Experiências negativamente marcantes como esta também devem ser explorados em belas crônicas e contos para que das maldições resultem bênçãos.

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  2. Pois é, caro poeta, a situação da falta d'água é desesperadora, mas a falta de consciência é, muitas vezes, desastrosa!
    No mais, não desejo a você (nem a outrem!) um banho de água suja. Principalmente em via pública.

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