SENTIDOS ESCRAVOCRATAS
O Planeta cabeça é tão grandioso que nele cabe todos os outros: os descobertos, os extintos e os que estão para serem criados. Cabe quando o mentor quer que assim seja, quando há um desejo de fazê-lo se expandir com todos os sentidos disponíveis.
Na normalidade, os sentidos restringem esse planeta. O tato, na sua forma mais primitiva, exige que se aproxime milésimos de milímetros para que se perceba em que se está tocando. Seria ideal se o tato desse conta de texturas, mesmo a quilômetros de distância; o ideal seria que a visão pudesse traspassar anteparos materiais; o ideal seria sentir o perfume dentro dos frascos. Estas barreiras deixa o planeta dependente de instrumentos e crenças que expliquem o óbvio. Caso fossem desenvolvidos, o planeta cabeça transformar-se-ia no ideal próprio de autossuficiência, acabando com muitas atividades existentes, a exemplo, os gurus.
O planeta cabeça arrasta mais de noventa e oito por cento do seu peso somente em tralhas, tipo sistema digestório, sistema respiratória, ossos, pele, sem contar os pensamentos defeituosos advindos dessas tralhas. Não tem como ser onisciente com tanto cansaço precisando do sono; com tanta fome precisando de comida; com tantos dendritos precisando de oxigênio. A carga imensa o transforma em um acessório para servir aos acessórios, e nesse pequeno espaço de tempo, se envelhece e morre.
A preocupação em se manter funcionando em plena operação logística, mantém os sonhos restritos a nível material, eis o motivo maior do corre corre. A máquina perfeita que muitos pregam ser, não passa de propaganda enganosa. Uma máquina que reúne outras num todo agrupado não pode ser tão perfeita quanto defende os fisiologistas.
O produtor de soluções, não aguentando tanta pressão, deposita suas necessidades em um ser fora do contexto material, deixando-o isento do processo de envelhecimento e morte.
Todos os objetivos alcançados são revertidos em aplausos ao suposto dono do planeta cabeça e nem sabe que se mistura a tal ponto que passa a ser dominado. É o porta voz de tudo que está arrodeando o planeta, não fazendo mais do que se alegrar com os sucessos e reclamar das dores.
Não dá para ser feliz trabalhando nem dá para ser feliz sem dinheiro. O dilema enfrentado pela maioria dos planetas cabeças os fazem permanecer se quebrando a todo instante. A falência do planeta o leva a desprender-se de seu potencial que porventura chegasse a ter, para se dedicar a manter-se funcionando no básico, em baixa rotação de produção de algo útil para ele mesmo. Não conseguindo chegar ao ideal almejado, explode-se nos mínimos detalhes dos miligramas de pensamentos desviados para atividades pirateadas.
Heraldo Lins Marinho Dantas
Natal/RN, 12.03.2022 ─ 07:58
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