Maciel Sousa (neto da poetisa), Francisquinha Confessor (aos 98 anos) e o poeta Gilberto Cardoso (foto tirada em 2012)
A PIONEIRA DO CORDEL NO TRAIRÍ POTIGUAR
A FESTA DE ANO EM NOVA FLORESTA
EM 31 DE DEZEMBRO DE 1965
Autora: Francisquinha Confessor
Hoje é Dia de Ano,
Ontem foi véspera do dia,
Viajei com alegria,
Bom destino e grande plano.
Falando assim me ufano,
Gozei uma grande festa
Na cidade Floresta
A nossa festividade.
Hoje, lembrança e saudade,
É somente o que me resta.
Estou carpino² a saudade,
Daquela gente querida.
Oh, que classe decidida
De tanta capacidade.
Gente de sinceridade,
Onde mora a simpatia.
Desta gente de valia
Eu não posso me esquecer.
Ontem, com tanto prazer.
Hoje, amargura crucia.
Minha festa predileta,
Poesia de viola.
Para mim a grande escola,
Repente, improviso, poeta.
Embora que pela seta
De cupido, eu sou ferida.
Mas tenho prazer na vida,
Onde gozo a simpatia,
Fico sempre em harmonia,
Da poesia querida.
Tive um grande prazer
Nesta viagem que fiz.
Graças a Deus, fui feliz,
Vi quem eu queria ver.
Fiz a saudade morrer,
E a mesma vive comigo
Hoje aqui em meu abrigo,
Me serve de companhia,
Juntamente a poesia,
Arrimo do meu castigo.
Daquela terra florida
Ouvi os grandes poetas,
Com suas músicas completas
Da Poesia querida.
Poeta, alma da vida,
Assim presa uma alma tem.
Joga o laço, chama e vem,
Com sua força sadia.
Com gesto de simpatia,
Traz sempre preso um alguém.
João Caetano e Simião,
Cotinha, gente de fé.
Davi Nogueira e José
De grande inspiração,
Que qualquer mágoa consola.
Quando pega na viola
É uma tranquilidade.
Por isso aquela saudade
O meu pranto desenrola.
Seus irmãos estou lembrando,
Alair, Dimas, Elias.
Seus sambas e poesias
Aqui estou recordando.
Fico sempre aguardando
Se um dia aqui vai chegar.
Minha choupana, meu lar,
A você serve de abrigo.
O prazer vive comigo
De aqui os aguardar.
Oh! Que gente delicada,
Não esqueço de seu João,
Zé Caetano, Simião,
Com sua face corada.
Bonito jardim de fada,
Abrindo sua corola.
Seu trinado de viola
É um pássaro gorjeando.
Saudades suavizando,
O seu verso é uma escola.
E não esqueço Cotinha
E o grande Davi Nogueira,
Com sua musa altaneira,
Simião fruto da vinha.
Poeta de alta linha
Da poesia um alento.
Não me sai do pensamento
Seu verso de simpatia.
Tem força de poesia,
Que me expressa sentimento.
Foi imenso meu prazer,
A noite véspera de ano.
Com ordem do Soberano,
Assim eu posso dizer.
Aqui fico a escrever,
Poesia me controla.
Abrindo sua corola,
Me orvalha o coração.
Com José e Simião,
Fiquei aos pés da viola.
Foi uma noite de rosas
Ao lado dos Violeiros.
Aqueles versos altaneiros,
Com poesias saudosas
Aquelas frases garbosas,
Nunca mais esquecerei.
José, Davi, Simião,
Cotinha e seu João,
Que de bom gosto escutei.
Ponto final me convém,
Ainda me recordando,
Um verso de quando em quando,
O meu pensamento tem.
E não esqueço a quem,
Lhe trata com simpatia.
Me expresso na poesia,
Pode falar quem quiser,
SER POETA É MEU MISTER
Falo assim com garantia.
E aqui, com pensamento
Peço desculpas também.
Cada um dá o que tem,
Expressar o sentimento.
Mando nas asas do vento,
O meu abraço saudoso.
No trinado mavioso
De um querido passarinho.
Lembrando os sons do pinho,
Teu verso melodioso.
Fiz meus versos sem alentos
Em sinal de gratidão.
ENCHENDO MEU CORAÇÃO
De altivos pensamentos.
Inspirações, sentimentos,
Tudo eu posso colher.
Nestes versos posso ver
O destino de meus planos,
E ENQUANTO EU VIVER
Não esqueço os Caetanos.
Japi (RN), 01 de janeiro de 1966.
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