sábado, 20 de fevereiro de 2021

SELVA - Heraldo Lins

 


SELVA


Sou um hipopótamo e gosto de proteger os cervos. Na posição de polícia da floresta, fiquei observando um cervo que estava fugindo de cães selvagens. O indefeso foi parar em uma pequena ilha no meio da minha circunscrição. Ele ficou por lá enquanto os cachorros montaram guarda à margem. Um crocodilo aproximou-se e ficou bem paradinho esperando a hora certa. Olhou para o relógio e viu que faltavam quinze minutos para o almoço, por isso continuou sem pressa. Os cães ligaram o paredão e foram dançar... se correr o bicho pega e se ficar o bicho come...

 

O cervo nunca aprendeu a nadar ligeiro. Fez curso de natação, contratou professor particular, mas não teve jeito. Sua habilidade sempre foi pular e correr. Nesse momento o cervo gostaria de ter nascido tubarão, e influenciado por esse pensando, pulou dentro d’água. O crocodilo faminto foi atrás querendo chegar primeiro do que a concorrência. Se o deixasse sair da água perdia para os cães. Nesse momento de tensão, decidi abocanhá-lo. A mordida o pegou desprevenido e ele saiu fora muito machucado. Fiquei para dar suporte ao cervo. Ele voltou a nadar em círculos evitando a margem. Os cães ficaram salivando esperando a comida cansar e se entregar. Aproveitaram o momento de relaxamento para cheirarem o rabo um dos outros.

 

As fêmeas providenciaram mesa, pratos, talheres e temperos. Faltou o sal, então ligaram para o delivery, contudo não havia ninguém disponível. Continuaram dançando, e foi aí que decidi ir às margens para acabar com a putaria. Não consegui abocanhá-los, mas à noitinha desistiram do banquete. Para o cervo eu sou super-herói. Para os outros... nem tanto. Como é difícil agradar a todos!

 

 


Heraldo Lins Marinho Dantas (arte-educador)

Natal/RN, 10/02/2021 – 17:20

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84-99973-4114

 

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