domingo, 11 de agosto de 2019

HOMENAGENS POÉTICAS AOS PAIS


POEMA PARA OS PAIS - Bráulio Bessa


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PAIEMA DE SETE FACES 

(Autor: Gilberto Cardoso dos Santos)

Pai nosso que estás no inferno
de um corredor de hospital:
que Deus pai, com olhar terno,
veja este drama fatal.

Papai, bebendo e fumando,
dizia sem embaraço:
- Quero que faça o que mando,
porém jamais o que faço.

O pai falho, atrapalhado,
graças a instinto profundo,
pelo filho é perdoado,
torna-se o melhor do mundo.

Um pai perfeito seria,
decerto maravilhoso,
se não fosse a homofobia
e seu machismo impiedoso.

Em sua última agonia,
o pai para a filha olhou;
e o silêncio que a feria
permanente se tornou.

Felizes, os marginais
ouvem, com prazer profundo
o "feliz dia dos pais
Para o melhor pai do mundo."

Com teu pai te revoltavas,
Pois vã foi a tua espera;
Era um homem de palavras,
Mas de palavra não era


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SER PAI
Ser um pai é descobrir
O motivo de viver
Sentir medo de morrer
Alegria de sorrir
Vontade de prosseguir
Com força e superação
Amor,carinho e atenção
Sentimento que um pai sente
E um filho é um presente
Que não tem explicação.
Barcelona-RN
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"PRESENTE DO DIA DOS PAIS"
*
Eu sou pai de dois rapazes
E não quero algum presente,
Toda paz que eles me dão
É pra mim suficiente;
Vê-los bem e com saúde
É também toda virtude
Que me faz viver contente.
**
Eu não sou muito exigente
Numa comemoração,
Mas desejo ser lembrado
Pela consideração;
Dos meus filhos, um abraço,
Para mim é um golaço
Do meu time em decisão.
***
Mas aqui, no coração,
Um presente que me atrai
Chegaria no domingo
Quando em mim o sono cai...
Eu veria o meu passado
E num sonho bem sonhado,
Sonharia com papai...
****
Toda dor que em mim recai,
Eu escondo na lembrança,
Não a mostro pra ninguém
Pra não ter desesperança,
Mas revelo mesmo assim,
Que o desejo vivo em mim,
É voltar a ser criança.
*****
Eu não tive numa herança
O poder de retornar,
Mas voltar a ter infância
Simplesmente ia adorar;
E no dia que é dos pais,
Eu queria até demais
Para outrora regressar...
******
E a papai neste lugar,
Eu daria a minha prece,
Meu presente em oração
Para um pai que bem merece;
E ele em troca ofertaria
No meu sonho neste dia,
Todo amor que ele tivesse...
Caicó/RN, 10/08/2018


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LEMBRANÇA DE SEU RAIMUNDO (Hélder Pinheiro)

Meu pai,
Homem rude,
Passional.

Mas sabia
De cor
Versos sem igual.

Com ele
Ela sofreu tanto,
Até demais.

Velho,
Viveu pobre
Trabalhando como jamais.

Galão no ombro
Buscava água
De beber.

E fazia cacimbas
Sempre esperando
Chover.

Sob cajueiros
Descastanhávamos
Cajus.

E sob o sol
Plantávamos e colhíamos
Urucus.

Na terapia ardeu
A mão pesada
De meu pai.

Mas ficou
O gosto da poesia
Em meio a tantos ais.

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Eu, pai e aos pais!
Manoel Guilherme de Freitas
Não quero festas, brindes, apenas, respeito, pode dar? Não quero ibope, holofotes, mídia! Eu quero trabalho, comer, direitos e poder sonhar. Quero emprego, saúde, educação e estabilidade... Então, quero sonhar, almejar e planejar o futuro por cá e lá... Eis que quero um Estado Laico, que seja diplomático no sentido da autoestima, que rime com a liberdade e a prosperidade para os nossos/as filhos/as amados/as!
Manoel Guilherme de Freitas


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O que é ser pai? 01 Ser pai é ser amigo Ser pai é ter compromisso. Ser pai é ter arte manha Ser pai é fazer artifício. Ser pai é ter seu jeito de amar. Ser pai é ter hora pra chorar Ser pai é nunca ser omisso 02 O pai é aquele que acredita E sente muita alegria. O pai é aquele que chora Quando está em sintonia O pai é aquele que se alegra O pedido do filho não nega Pra ficar em sua companhia 03 Ser pai é dom de Deus Ser pai é um presente. Ser pai é ser por inteiro. Que alegra e deixa contente. É como uma árvore atrativa. Que dá fruto e cativa. O jovem, adulto e inocente. 04 Ser pai é ter lá no fundo Um pouco de preocupação De ver o filho ser vencedor. É a sua maior satisfação. No caráter e na verdade. Mantendo-se na humildade. Ser pai é ter a convicção. 05 Ser pai é não ter a noção De quantas noites de sono. Em que passou em claro É sentir um cão sem dono. Quando o filho está distante. É uma sensação estressante De completo abandono 06 Ser pai é tantos adjetivos Um exemplo é trabalhar duro. No mundo em que vivemos. Só pra garantir o futuro. E o filho ser importante. Uma das coisas cativante É ser firme e ser seguro 07 Ser pai é ser o extremo. Nesse planeta sem brilho. Com trabalho estressante. Correndo por cima de trilho Ser pai não tem segredo Desfaça quando tem medo A recompensa é o barco do filho 08 Ser pai é ter direito ao tema É como um final de novela Ser pai é acordar cedo Num claro de uma vela A procura do horizonte. É ter alegria de monte Por alguém que lhe espera 09 Ser pai é construir brinquedo Seja uma boneca ou um pião. Só pra ver o seu filho feliz. Faz uma pipa ou um caminhão Pai tem que ser amado. E também ser respeitado. Isso do fundo do coração 10 Ser pai é ter o prazer de fazer Que o filho tem obrigação Que ele var ao seu encontro E exija do seu pai a benção É uma sensação gostosa. Uma coisa maravilhosa. Que não tem explicação.
Barbosa Filho Poeta Barbosa Filho


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A linha do trem

Meu pai era um homem de poucos afetos.
Mas, de quando em vez, passava a mão na cabeça da gente,
como quem diz: “estou aqui”.
Dia perfeito era quando vinha do trabalho com duas barras de chocolate Diamante Negro… E ficava olhando a gente comer com uma ternura alta,
impossível de se alcançar com palavras.
Era a gente adoecer e ele perdia o rumo, endoidava, ficava sem direção.
Tinha um jeito diferente de conduzir as filhas no meio da rua.
Segurava as crias era pela nuca,
com uma mão que trazia a medida exata entre a força e a delicadeza.
Mão que eu passo a vida procurando em tudo quanto é homem e, quando achar…
Aí eu juro fidelidade, caso na igreja de véu, grinalda e buquê de flor de laranjeira.
Era possessivo até não poder mais, o meu pai.
E quando diziam: “Pedro, Pedro… Essas meninas vão dar trabalho…”
Ele respondia, fora de si:
“Na minha casa cabra-macho não vai passar das nove da noite”
(era o jeito dele dizer que, namoro, só se fosse à moda do interior).
Certa feita, confessou à vizinha:
“Se acontecer alguma coisa com uma das meninas, eu morro.
Me mato. Me atiro na linha do trem e fico esperando ele vir”.
Mas não foi o trem que matou meu pai, não…
Pedro morreu foi de rixa antiga – fervida sob o sol forte do sertão.
Nunca, nos 13 anos de vida em que passei ao seu lado,
meu pai me disse um “Eu te amo”
(assim, com esses termos de Aurélio e de Houaiss).
Nem precisou, também.
Pra mim, já basta a imagem forte do trem de ferro vindo
e o pai esperando a morte, solitário, deitado na linha.
Mestre Rosa já dizia em seu Grande Sertão: Veredas:
“Viver é muito perigoso”.
Ao que eu acrescento, com sua licença:
“E está para além dos dicionários”.

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