quarta-feira, 6 de novembro de 2013

O ETERNO RETORNO - Goimar Dantas


Quando chove é assim, não adormeço,
viro terra molhada de esperança.
Viro o cheiro da mata,
viro dança,
arco-íris que vem pra celebrar.
Viro noiva sorrindo no altar,
me transformo em cantigas e novenas.

Viro Helena de Tróia,
sou Atenas!
Afrodite nascida para amar.
Desabrocho no rio,
Vitória-régia!
Viro a areia beijada pelo mar.
Viro fogo na brasa, crepitando
melodias nas noites de luar.


Quando chove é assim,
eu viro lava
e incandesço nas curvas do caminho.
Um vulcão explodindo,
passarinho,
espalhando seu canto pelo ar.
Quando chove é assim,
eu viro verbo
e um poder de dizer vem me tomar
Viro história encantada,
viro lenda,
Sherazade noturna a nos salvar.


Quando chove eu sou mil e uma noites
estreladas no céu de Bagdá.
Quando chove eu sou mundo
sem fronteiras,
universo, partícula, poeira.
Energia, silêncio, sintonia,
uma crença, um rito, uma oração.


Quando chove eu, de novo, sou menina,
de vestido, brincando no sertão.

2 comentários:

  1. Que beleza de versos, Goimar! Na prosa e na poesia você sempre arrasa!

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  2. É maravilhoso o registro de um bom retorno, por mais, desta forma em versos.

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