quinta-feira, 31 de outubro de 2013

O FIM DAS VAQUEJADAS, FERINDO A CULTURA NORDESTINA - VALDEILSON RIBEIRO


O nordeste está mais triste
E chora todo o sertão
Uma noticia que abala
Os vaqueiros de plantão
A corrida tão sagrada
Em parques de vaquejada
Terá fim, diz os jornais,
Uma luta esquecida
A cultura foi ferida
É dor que não passa mais.

Vamos voltar ao inicio
E contar como surgiu
Este esporte fascinante
Que dominou o Brasil
Quem sabe as autoridades
Não tire a felicidade
Das corridas de mourão,
Das pega de bois em beco
Sem medo dos galhos secos
Nas quebradas do sertão.

Na época dos coronéis
A muito tempo passado
Vaqueiros se reuniam
Para as pegas de gado
As cercas não existiam
Os bois desapareciam
Em meio ao mato fechado,
E buscando seu espaço
Voltavam com o boi no laço
Os gigantes do cerrado.

Nas brenhas da mata virgem
Veloz atras de um touro
Vaqueiros malabaristas
Chapéu, e gibão de couro
Sem medo de arranhões
Pra dar orgulho aos patrões
A disputa começava,
Dezenas de fazendeiros
Cada qual com seu vaqueiro
E o melhor se destacava.

Cidade de Currais Novos
O berço das vaquejadas
Das festas de apartação
Pra separar a boiada
Por isso foi consagrado
Devido a festa de gado
Como berço dos vaqueiros,
Dando um passo importante
Em um futuro distante
Orgulho dos fazendeiros.

O Rio Grande do Norte
Quem deu o primeiro passo
Nas festas de apartação
Pegava boi pelo laço
E logo se expandiu
Tomando todo o Brasil
Amantes das vaquejadas,
O tempo foi se passando
As regras foram chegando
Ficou mais organizada.

A primeira vaquejada
Ocorrida neste mundo
Eu por ser um nordestino
Sinto um orgulho profundo
Segundo alguns relatos
E uma serie de fatos
Hoje já temos a prova
Sinto orgulho em falar
Estado do “Ceará"
Cidade “Morada Nova."

Hoje em dia este evento
Atrai grandes multidões
Um esporte lucrativo
Que movimenta milhões
Que sustenta locutores
Juízes e tratadores
Muitos vivem desta arte,
Vaqueiros patrocinados
Já tem em vários estados
Da vaquejada faz parte.

Tão tristes nossos vaqueiros
Estes heróis do sertão
Se por fim às vaquejadas
Lágrimas banharão o chão
Mais estamos otimista
Depois de tantas conquistas
Sei que não vai acabar,
Do contrario, a vaquejada
Triste, será sepultada
No estado do Ceará.

Ironia do destino?
Ou a pura traição?
O Ceará deu inicio
As corridas de mourão
Depois de anos passados
Gente do próprio estado
Agora quer acabar,
Por fim a nossa corrida
Parece que deste a vida
E agora quer matar.

APELO DE UM VAQUEIRO AO (STJ) E AO PROCURADOR DA REPÚBLICA 
RODRIGO JANOT.

- Procurador da República
Não feche nossas porteiras
Pois é com esse dinheiro
Que eu faço a minha feira
Monte uma comissão
Leve o povo do sertão
Esse povo encorajado,
Nós amamos esses dois
Tanto cavalos ou bois
Já mais serão maltratados.

- Se achar que há excesso
Com a nossa criação
Mande um regulamento
Ou a fiscalização,
Nos dando mais estrutura
Não assassine a cultura
Respeite o bom vaqueiro,
Represento todos nós
Não faça calar a voz
Do gigante boiadeiro.

                        Autor: Valdeilson Ribeiro

PÉROLAS DO ENEM 2013, SOBRE A LEI SECA


Esse ano, o tema da redação do Exame Nacional do Ensino Médio foi “Efeitos da implantação da Lei Seca no Brasil” e como de costume, os candidatos carimbaram as redações com as mais belas pérolas, algumas dessas a seguir, senão piores, provavelmente serão lidas durante as correções; boa sorte candidatos:


“A Lei Seca tem esse nome por que sem cerveja a gente dirige com a gaganta seca”

“No rio de janeiro não pode dirigi bebendo mas pode ouvi fank, ainda não existe lei pra isso.”

“Acho a policia muito errado eles são grosso com o trabalhador que quer apenas se divertir com uma ceveginha.”

“A minha poposta é ter carro gratis se vc beber mas não vou candidatar pois sou de menor.”

“as mortes dimunuiram porém tem mais gente viva do que antes. graças a Deus.”

“Eles deviam trocar o bafômetro e mandar fazer o 4 com as pernas pois eu sei fazer o 4 quando estou bêbado”

“Na lei seca dos estados unidos surgiram muitos mafiosos mas no brasil ainda não apareceu isso porque o governo esta de olho nas manifestações.”

“Falta de bebida faz as pessoa dirigir triste”

“Temos que bater palmas para a skol porque fez a lei motorista da rodada para não beber quem dirige.”

“o bafotro é tipu pegadinha. eles manda voce bebê mas num sai nada. a poliça devia ser mais séria.”

“A lei seca também conhecida como lei da fisica ou lei 11-705/2008 melhora os direitos humano.”

“A desingualdade é grande no Brasil até na lei. o Rio de janero consegue comprar etilômetros mas aqui no maranhão a policia só tem dinheiro para bafometro.”

“já que não pode beber a presidente Dilma deveria liberar a maconha que faz dirigir bem relaxado e tranquilo”

“Quem bebe e dirige tem que no minimo morrer.”

“Quando a pessoa morre em acidentes por causa da bebiba além de perder a vida ela pode perder a carteira de motorista.”

“Meu pai inclusive ano passado sofreu um acidente fatal mas infelizmente ele passa bem e hoje está no aa.”

Fonte: http://batblz.com/corvo/perolas-enem-2013/

Outras:

"Na lei seca dos estados unidos surgiram muitos mafiosos mas no brasil ainda não apareceu isso porque o governo esta de olho nas manifestações."


VEJA TAMBÉM:  PÉROLAS DO ENEM 2011 E 2012

quarta-feira, 30 de outubro de 2013

COBRANDO UMA CONTA - Adonias Soares (1911 - 2007)


Ilustríssimo cidadão
Peço a vossa senhoria
Pra ler estes cincos versos
Que saem de minha autoria
Respeitando o senso teu
Perdão para o crime meu
Se usei de grosseria

Porque de nosso negócio
Só nós somos sabedores
Eu guardo a convivência
Resistindo a minha dor
Cumprindo um dever sagrado
Porém me vejo obrigado
A me declarar ao Senhor

Porque do conto de réis
Que lhe entreguei com certeza
Eu só retirei a metade
Sabemos temos certeza
Não é tão grande a quantia
Peço a vossa senhoria
O restante dessa empresa

Se o senhor me fizer isso
Tenho de lhe agradecer
Não sei com que recompense
Maravilhosa mercê
Sem me afastar do progresso
Tenho medo é que meus versos
Não vão lhe aborrecer

Desculpe os maus feitos versos
Desse poeta atrasado
Escrevo porque me vejo
Com doze filhos de lado
Não tome por uma afronta
Me chame pra fazer a conta

Tenha dó do meu estado

terça-feira, 29 de outubro de 2013

UMA PERGUNTA BEM OPORTUNA - Júlio Cesar



Júlio César é psicólogo, e tem Especialização e Mestrado em Saúde Pública

Qual deveria ser a pena para aqueles responsáveis pela morte evitável de dezenas de pessoas todos os meses, quando desviam verbas direcionadas ao atendimento da saúde das pessoas?


E quanto às mortes por acidente de trânsito, devido à má sinalização e conservação das ruas e estradas, também, devido ao desvio de verbas?

E a morte das expectativas de vida das nossas crianças, que sem merenda e sem uma escola de qualidade, morrerão cognitivamente, seja pela desistência por desmotivação em continuar seus estudos ou por conta de um ensino medíocre, sem infraestrutura, sem professores qualificados, sem uma política educacional consistente?

E quanto às mortes do espírito, das vítimas de empregos públicos desvalorizados, com salários humilhantes (profissionais de graduados ganhando menos de R$ 1.800,00 por 40 hs semanais de trabalho, sem direito a férias, FGTS ou 13º salário)?

E quanto às mortes evitáveis, por conta da violência urbana que se instalou em nossas cidades devido ao descaso às políticas públicas de segurança?

QUAL A PENA PARA ESSES ASSASSINOS?

segunda-feira, 28 de outubro de 2013

UM ENTERRO IMAGINADO - Gilberto Cardoso dos Santos


Imaginei um enterro para o senhor Tota Branco totalmente diferente do que costumamos ver. Um enterro parecido com os daquelas culturas em que se celebra a morte como instante de alegria.

Poetas de várias partes, afamados violeiros a quem ele ajudou, cantariam com eloquência e encantador improviso a importância de sua vida e o muito que ele fez pra promover a cultura.

As violas carpideiras, chorariam pelo povo, porém um choro gozoso, nascido da poesia.
Seria um dia de canto na cidade do Japi, e a maior cantoria que ali poderia haver. 

De longe se ouviria poemas que apreciava. Muita gente correria seduzida pelo canto para se fazer presente nessa bela despedida.

Uma atmosfera sagrada invadiria a cidade e lágrimas brotariam do olhar da multidão.

No centro, o velho poeta, cercado por tanta gente, liberto das muitas dores, pareceria sorrir ante tão grande homenagem. 

Os artistas da cidade e os poetas da família tomariam, de mãos dadas, o propósito de manter acesa pra sempre a chama que ele tanto protegeu. A cultura popular então ressuscitaria com todo aquele vigor que já teve no passado.

Seria com este séquito inebriado de versos que ele entraria pra sempre num lugar onde o silêncio é pleno de poesia.



domingo, 27 de outubro de 2013

A VIGÉSIMA QUARTA VÍTIMA - Gilberto Cardoso dos Santos


Estive na residência da vigésima quarta vítima de assassinato em Santa Cruz, ocorrido em 26.10.2013. Por coincidência, sua humilde residência é de número 24. Na sala estreitíssima, amigos, familiares e vizinhos respeitosamente se aglomeravam para vê-lo. À porta, uma criança chorava.

É sempre estranho para mim entrar na casa de quem não conheço em um momento como este. Mas enfrentei meus medos e fui visitá-lo. Contemplei-o demoradamente. Trata-se de um jovem bem afeiçoado que parece estar apenas dormindo, conforme observa uma das vizinhas.

A um canto, um senhor baixo, negro, fuma como a querer dispersar sua dor junto com a fumaça. É o seu pai, um humilde pedreiro de aspecto dócil, homem sem estudos. Busco entabular conversa com ele e logo descubro fatos interessantes a respeito da vítima. O pai esforça-se, como é compreensível em tais ocasiões, para resgatar o que havia de melhor no filho. Explica-me que ele havia largado os estudos, na Escola João Ferreira, que fica próxima, para ajudá-lo como servente.

Ressalta um detalhe que lhe é muito caro nesse momento: a mulher, para quem estava trabalhando ultimamente, gostava muito de seu filho, tirava  brincadeiras com ele e dizia que gostava muito dele. Sim, as pessoas , até mesmo o povo rico ou mais ou menos, para quem trabalhavam, gostava de seu filho. E continuou a falar-me das boas qualidade daquele a quem embalou, alimentou, brincou, com quem conviveu por dezessete anos, carne de sua carne, alma de sua alma.

O pai não esconde que o filho fumava o que ele chamou de “um pretão”, mas garantiu-me que ele não devia a ninguém por seu vício e que não cheirava pedra nem cocaína, só o pretão. Como trabalhava de servente, semanalmente reservava uma parte para gastar com a droga. Mas, insistiu, nada devia a ninguém nem tinha inimigos.

Penso: um dos sonhos do pai era vê-lo evoluir de servente a pedreiro. Ele, um senhor de idade, em breve poderia ser substituído pelo filho na função.

Nesse instante chegaram alguns amigos dele, ex-alunos meus. Um deles, profundamente entristecido, falou-me do quão eram amigos e do quanto a vítima era legal. “Gilberto, ele era muito brincalhão, mas não tirava brincadeira sem graça. Ele vivia trabalhando, ajudando o pai. Ele ia muito lá em casa e não mexia em nada. Você podia deixar qualquer objeto perto dele que ele não roubava. Pra mim é como se fosse um irmão.”

Perguntei se ele tinha algum processo, passagem pela polícia, e o amigo garantiu que não. A probabilidade, disse-me ele, é a de que o alvo dos tiros não fosse ele, mas o outro com quem andava, que conseguiu escapulir-se. Esse outro, sim, já tinha tido problemas com alguns e era perseguido. Essa era a única explicação plausível que o amigo do morto conseguia ver.

A morte de Wiliam, disseram-me, foi uma surpresa para muita gente. O pai garantiu-me que ele não tinha sofrido ameaças antes.

Como a sala é apertada e não dispõe de assentos suficientes, cadeiras emprestadas por vizinhos solidários foram colocadas na calçada em frente. Nelas, amigos, curiosos e familiares parecem reconhecer a importância do silêncio nesses momentos e trocam breves frases enquanto tentam consolar a mãe do falecido que se encontra ao centro.

O que se nota, nos olhos aflitos de todos que ali estão é um evidente sentimento de medo que se mistura à revolta e ao sentimento de impotência. Enquanto conversava com o pai, tentava ler em seus olhos a dor que não se expressava em lágrimas, mas se fazia evidente em cada gesto e coisa que dizia.

Trata-se de alguém que teme pelos outros filhos, de um pedreiro que tem passado toda a vida tentando construir um futuro melhor para si e para os que ama mas não tem tido condições favoráveis. Tudo parece ruir diante de seus olhos e agora o que tinha de mais precioso acaba de desmoronar.
Que lhe reserva o futuro diante de um presente tão negro?

Os jovens amigos do falecido com quem conversei em particular, falaram-me do medo que tinham de sair à noite e de circular fora do bairro. Sentiam-se discriminados, desassistidos e perseguidos.

Todos temem abrir demais a boca. O silêncio resignado e o choro contido dão uma falsa aparência de calma à ruazinha estreita. Mas somente quem passou por situação semelhante e quem ali reside é que pode ter ideia do desespero vivido por aquela gente humilde.

A POESIA VESTE O SEU LUTO ( A MORTE DE TOTA BRANCO) - Marcos Cavalcanti



Chora todo o povo de Japi

A poesia veste o seu luto
A boa árvore perde o fruto
Que se inscreve na história
Que permaneça na memória
Este homem bom e franco
Receba Maciel meu pesar
E toda a família enlutada
Pois nesta vida de nada
Vale muito um Tota Branco.





sábado, 26 de outubro de 2013

REFLEXÕES SOBRE MAIS UM ASSASSINATO - Diógenes Fagner


Da minha rede na varanda ouço os disparos às 12:30. Chego a tempo de ver o adolescente morrendo. Saio no momento em que a sua mãe chega. Não há coração que se aguente de ver o sofrimento de uma mãe vendo seu filho morrer de forma tão brutal... O gosto amargo de realidade azeda a vida. A perversa lógica estrutural de extermínio da juventude pobre desse país segue fazendo jorrar sangue inocente. Sangue de gente que nunca tivera direitos. A vítima de hoje soma o 24º homicídio deste ano em Santa Cruz. Mais um que não resultará em uma audiência sobre segurança nem em passeatas clamando por justiça, pois, sem fugir à regra, se tratava, novamente, de um preto pobre, 17 anos de idade, que abandonara a escola, morador de um bairro periférico. Mais um que o dito "cidadão de bem" contará como "menos um". Chocar por que, não é, privilegiados da cidade santuário?

MAIS UM HOMICÍDIO EM SANTA CRUZ! - Gilberto Cardoso dos Santos


Homicídio no Paraíso 

A Central de Operações da Polícia Militar da 4ª CIPM - COPOM, acabou de registrar um homicídio no bairro Paraíso, Santa Cruz/RN. O crime aconteceu por volta das 12h40min, na Rua Padre Cícero, no bairro Paraíso, onde foi vítima de disparos de arma de fogo, Wiliam Hermino da Silva, 17 anos. Informações preliminares dão conta que dois indivíduos numa moto de cor verde, de placa não identificada, efetuaram vários disparos contra a vítima, que foi socorrida para o Hospital Regional de Santa Cruz, mas não resistiu aos ferimentos e veio a óbito. FONTE: http://pmsantacruz.blogspot.com.br/clique aqui

Após ler a notícia acima, encontrei no Facebook uma postagem de Diógenes Fagner, um morador do Paraíso, que dizia o seguinte:

"Mais um homicídio. O 24º deste ano. Mais um que não resultará em uma audiência sobre segurança nem em passeatas pedindo por paz e justiça, pois, sem fugir à regra, se trata, novamente, de um preto pobre, sem estudo, [...], de um bairro periférico. Mais um que o dito "cidadão de bem" contará como "menos um". Chocar por que, não é, privilegiados da cidade santuário?"

Achei que ele foi preciso em seu desabafo. Disse muito em  poucas palavras. Busquei-o em particular e entendi melhor a razão de sua sensibilidade ter se mostrado tão aguçada: ele reside próximo à casa da vítima e o viu agonizando em seus últimos momentos. Informalmente, disse-me ele: 

"Eu vi o boy morrendo. O tiro no pescoço fez jorrar sangue um bom tempo."

Lembrei-me, então, de drama semelhante vivenciado pelo agente de saúde Mazinho Franco, por ocasião da morte do 23º assassinato de 2013 em Santa Cruz. Na ocasião, ele postou em sua página do Facebook:

"Sinceramente não estamos mais aguentando essa situação que estamos vivendo, mais um jovem é assassinado e dessa vez a menos de um metro de mim, a vitima estava conversando comigo quando chegou o assassino e efetuou os disparos, eu poderia nesta hora estar morto e não postando esse caso, estou ainda com meus ouvidos doendo e o rapaz caiu quase morto na minha porta, fizemos o certo socorremos mais ele faleceu ao dar entrada no hospital, quem nunca passou por isso não sabe a dimensão da gravidade, minha família está em pânico e eu nem se fala, perto da minha casa estava acontecendo um aniversario de uma criança mais mesmo assim não teve o respeito, se eu tivesse condição eu saia hoje da minha humilde casa que resido a mais de 24 anos que construi com muito suor juntamente com minha família, não aguento mais é terrível."

Pedi a Fagner que ampliasse suas reflexões a esse respeito. Veja seu desabafo completo: http://apoesc.blogspot.com.br/2013/10/reflexoes-sobre-mais-um-assassinato.html.

Deixo, aqui, a expressão de nossa solidariedade a ele, a Mazinho e a todos que direta ou indiretamente têm sido envolvidos nessa onda de crimes.  Nosso sentimento de tristeza por ver tantos de nossa querida cidade tendo parte nessas ocorrências, seja como vítimas, seja como vitimadores - jovens que poderiam estar progredindo rumo a um futuro promissor.

Tivemos a vigésima-quarta vítima desse ano. Se este tiver sido o último do ano, já teremos um índice muito alto, uma média de dois por mês. Algo urgente precisa ser feito por Santa Cruz e por sua gente.

MORTES PELA CORRUPÇÃO - Ubirajara Rocha


QUANTAS CRIANÇAS DESSE MEU BRASIL,
HOJE NÃO TÊM O QUE COMER?
QUANTAS MÃES ESTÃO HOJE CHORANDO,
SEM TER O QUE FAZER,
COM O FILHO DOENTE,
SEM AJUDA DE PARENTE,
SEM MÉDICO PARA ATENDER?
QUANTOS ENCARCERADOS 
SEM TER ADVOGADOS 
E NINGUÉM PARA DEFENDER?
QUANTAS VERBAS DESVIADAS, 

QUE SERIAM ENVIADAS
PARA ACABAR COM O SOFRER?
SÃO TIPOS DE ASSASSINATO, 

MAS CADA CASO DE FATO,
É CULPA DO PODER.
NÃO SOMENTE DAS AUTORIDADES, 

MAS DAQUELES OMISSOS, 
QUE NADA QUEREM FAZER.
CONGRESSO DO MEU BRASIL, 

CADÊ A CONSTITUIÇÃO, 
QUE JUROU DEFENDER?
O POVO ESTÁ ESPERTO 

E ESSE TAL DE VOTO SECRETO, 
NINGUÉM MAIS QUER SABER.

sexta-feira, 25 de outubro de 2013

O ENEM EM CORDEL - Layze Danyelle


Nesse mês de outubro
Você fará o Enem
Mas não se preocupe:
É para o seu bem
Você está com tudo
Não tem pra ninguém!

No dia da prova
(sem essa de cola)
Mantenha a calma.
Aproveite as horas
Sem pressa de ir embora
E tome muita água.

Leia cada questão
Com muita paciência
Tenha determinação
E muita consciência:
O futuro está nas mãos
Da sua inteligência.

O papel já foi cumprido
Ao longo desses anos
O saber foi construído
(não foi jogado pelo cano)
Você tem mais de mil motivos
Pra fazer ou rever planos.

Fazem parte da missão
Ler, pensar, interpretar
Escrever uma redação
Cálculos efetuar
Vale fazer uma oração
Pra Deus abençoar.

Ouça bem o conselho
Que agora vou deixar
Se olhe bem no espelho
Se permita acreditar
Que de qualquer jeito
O melhor vai chegar.

Todos têm sua hora
Você pode apostar
Sua vez é agora
Então pra quê adiar?
Vá logo “simbora”
O futuro conquistar!

Faça da sua chance
Um palco de vitórias
Suba nele e alcance
Aplausos de glória
Não esqueça que o lance
É fazer sua história.

O Enem não pode ser
Um tiro no escuro
Também não dá pra viver
Em cima do muro
Achando que estudar
Não pode dar futuro.

O Enem, afinal,
Nunca foi bicho-papão
É um exame nacional
Em forma de provão
O objetivo final
É garantir aprovação.

É um processo seletivo
Para todas as idades
É um caminho mais curto
Para a universidade
Por isso eu lhe digo:
Se dedique de verdade!

Na véspera das provas
Não se mate de estudar
Pois pesquisa comprova
Você tem que relaxar
Não queira em cima da hora
O mundo abraçar!

Quando você for pra casa
Depois do primeiro dia
Dê uma boa descansada
Recarregue as energias
Não troque por nada
O sentimento de alegria.

No último dia, relaxe
Complete sua missão
Faça a sua parte
Tenha os pés no chão
Depois só aguarde
A sua aprovação.

Se tem uma certeza
Que eu lhe digo paciente
É que você não esqueça
E seja muito consciente
Que na prova do Enem
Você é seu concorrente.

Encerro esses versos
Que eu vinha escrevendo
Confessando uma coisa
Que eu vou logo dizendo
No Enem e na vida
Por você estou torcendo.

Por Layze Danyelle
                                                                       Outubro de 2013

quinta-feira, 24 de outubro de 2013

FAZENDA CACIMBA NOVA

Imagem da fazenda Cacimba Nova, mencionada por Luis Gonzaga em música homônima feita em parceria com Zé Marcolino:


Cacimba Nova

Luiz Gonzaga / Zé Marcolino

Fazenda Cacimba Nova
Foi bonito o teu passado
'Inda estás dando a prova
Pelo o que vejo ao teu lado
Um curral grande, pendido
Um carro velho, esquecido
Pelo sol todo encardido
Sozinho, sem paradeiro
Falta de juntas de boi
Que levantavam ao aboio
Obedecendo ao carreiro
Resistente casarão
Em ti as águas rolavam
Onde os vaqueiros brincavam
Em corridas de mourão
O touro velho berrando
No tronco do pau fungando
Os seus chifres amolando
Com o maior desespero
O heroísmo tamanho
Em defesa do rebanho
Fazendo medo a vaqueiro
Quem te vê sai suspirando
Lamentando cada instante
Vendo o tempo devorando
O teu passado brilhante
Mas rogo a Deus para um dia
Reinar-te ainda alegria
Paz, sossego e harmonia
Voltando a felicidade
Que um sentimental vaqueiro
Passando no seu terreiro
Solte um aboio de saudade
E,e,e,o,e....
E, boi....

quarta-feira, 23 de outubro de 2013

Poema Inédito de Cosme Ferreira Marques: "SAUDADES DO TRAIRI"


José Mário Marques (filho)

Ainda sem revisão, Gilberto. Minha irmã, Lúcia, descobriu caderno com cópias da maior parte dos poemas deixados por meu pai, ainda inéditos.
Lúcia e Socorro, minha irmãs, localizaram esta pérola, entre os papéis de meu pai poeta (ainda sem revisão):

SAUDADES DO TRAIRI
Cosme Ferreira Marques

Para o livro Terra Abandonada, em preparo. O autor.

Composto em 24-04-1959, 38 dias antes de sua morte, quando o autor se encontrava convalescendo de cirurgia no antigo Hospital Miguel Couto (hoje Onofre Lopes), no Bairro de Petrópolis, em Natal-RN.



Chove, e esta chuva
Faz brotar no coração
Saudades do Trairi
Das terras de meu Sertão...

II°

Aqui eu fico cismando
Nêsse quarto de hospital
Ouvindo todo bulício
Dessa bela capital

III°

De como é diferente
Do meu querido Sertão
A própria chuva não é
Como as de lá, isso não...

IV°

Quem quizer ver a beleza
Da terra da promissão
Onde a mão da natureza
Deu-lhe toda perfeição.



Vamos embora comigo
Esqueçam um pouco aqui.
Estamos a dar um passeio
Nas terras do Trairi

VI°

Sentir comigo a natura
Fertilidade e bonança
Andar em meio a fartura
Da terra que é sustança

VII°
Aqui existem belezas
Belezas artificiais
Existem cinemas, hotéis
Avenidas, hospitais

VIII°

Igrejas belas bonitas
Praias e diversões
Mulheres de lábios pintados
Rapazes que são folgazões

IX°

Existe sim tudo isso
Mas, sem aquela beleza
Com que dotou o Sertão
A nossa mãe natureza



Há coisa mais bela no mundo
Do que a tarde se ouvir
Nos baixios e mufumbais
O gemer da juriti?

XI°

O romper da madrugada
Quando o sol se abre pro chão
Com preguiça vem chegando
Pra clarear o Sertão...

XII°

E começa o lufa-lufa
Cada qual para o trabalho...
O vaqueiro sai a campo
A ver a rez, de tresmalho.

XIII°

Cantando pelas estradas
Vão as lindas caboclinhas
Pros afazeres do campo
Bem cedo de manhãzinha...

XIV°

E cantando alegres da vida
Risonhas, pelas estradas
Juntam-se a seus cantos
O canto da passarada.

XV°

E quando é ao meio dia
Prepara-se o nevoeiro...
Azul pesado de chuva
Com pouco vem o aguaceiro.

XVI°

E a chuva cai, haja água
Nas terras do meu sertão
Risca o relâmpago no céu
Ribomba ao longe o trovão

XVII°

Entra a noite e chove ainda
É aquela gostosa inverneira
Cantam os sapos nas lagoas
Com a música das goteiras

XVIII°

De quando em vez no curral
Chama a vaca o bezerrinho
Num mugido tão saudoso
De amor materno e carinho!

XIX°

Passa a chuva e lá no céu
A lua cheia enamorada
Cobre as terras do Sertão
Doutra chuva prateada.

XX°
Vamos comigo, citadino,
Deixa a civilização
Vem sentir toda beleza,
Que mora no meu Sertão.

segunda-feira, 21 de outubro de 2013

A RÁDIO DA APOESC - Laélcio Pontes


Parabéns, só tem o que eu gosto na rádio da APOESC. Repentistas, cantador de coco, forró de todo tipo, poemas matutos, bom demais.
A Rádio da APOESC
essa sim é de primeira
dançar xaxado e baião
forró, xote e gafieira
pra mim ela é nota dez
para arrastar os pés
essa aí é de primeira.

domingo, 20 de outubro de 2013

SOBRE O BAIRRO PARAÍSO - Joseni Santos



Gilberto, 

lendo este seu cordel, desfila nos meus pensamentos os muitos preconceitos pelos quais passei por morar no Bairro Paraiso – Santa Cruz - RN. Tudo isto que você escreve é verdade. Não conheço o restante do seu cordel, portanto, não tenho conhecimento adequado para tecer outros comentários, mas me atrevo a dizer, até porque eu sempre falei sobre estes assuntos e a minha postura foi e é de defesa do Bairro do Paraiso como das demais zonas periféricas de qualquer cidade que viva à margem dos direitos sociais defendidos na Constituição Federal Brasileira.

Defendo que o referido Bairro deveria ser prestigiado e lembrado pelos representantes das diversas esferas do poder os 365 dias do ano e não só no período eleitoral. Existem muitos jovens e crianças que vivem em risco social, cultural, e educacional, entre outros, existe também os adultos que convivem diuturnamente com a falta de oportunidade do exercício da cidadania plena. Qual o remédio que combate estas mazelas sociais que imperam e derrubam a dignidade humana? 
Sabemos que risco social se combate com investimento maciço, duradouro, permanente e com objetivos precisos nas áreas de saúde, educação, segurança, moradia, entre outros. Mas, o que vemos?
Este tipo de investimento só dá resultados a longo prazo e os nossos políticos e demais gestores públicos "não querem" e "não podem" esperar por este tempo, portanto, o resultado é triste.
Temos hoje um "Bairro do Paraiso" generalizado em muitos lugares onde o que impera é a escuridão das leis, das drogas, da prostituição e das mazelas sociais.
Morei no Paraiso por muito tempo - hoje moro em Natal - RN - e vou constantemente para Santa Cruz e fico no Paraiso, não me envergonho e nem me envergonharei das raízes de onde saí. Não vejo motivos para isto, da mesma forma como não critico àquelas pessoas que de lá saíram em busca de outros locais por melhores condições de vida, de moradia, de segurança ou por puro preconceito.
Existem alguns fatos conflitantes que me intrigam com relação aos moradores do Paraiso (me incluo também): 1º) reclamamos bastante porque o Bairro é esquecido pelos políticos e dizemos sempre que eles só nos procuram em época de eleição, em contrapartida, em época de eleição os recebemos de braços abertos e, ainda, acreditamos nas falsas promessas; votando neles e reelegendo-os ou elegendo àqueles indicados por eles; 2º) quando qualquer político ou instituição querem fazer comícios, passeatas, carreatas, ou como dizemos "adjunto" de gente começa pelo Paraiso. 3º) Àquelas pessoas que tentam construir um diálogo consistente e conscientizador sobre a forma como os políticos e gestores tratam o Paraiso, geralmente, são "escanteadas" pelos próprios moradores.
FICO INTRIGADA. LIVRE PENSAR! SÓ PENSAR!


Francisca Joseni dos Santos – Professora – escritora – gestora educacional – psicopedagoga – cidadã.