domingo, 3 de junho de 2012

AS POMBAS E "QUE POMBAS!"


AS POMBAS Raimundo Correia

VAI-SE a primeira pomba despertada...
Vai-se outra mais... mais outra... enfim dezenas
De pombas vão-se dos pombais, apenas
Raia sangüínea e fresca a madrugada...

E à tarde, quando a rígida nortada
Sopra, aos pombais de novo elas, serenas,
Ruflando as asas, sacudindo as penas,
Voltam todas em bando e em revoada...

Também dos corações onde abotoam,
Os sonhos, um por um, céleres voam,
Como voam as pombas dos pombais;

No azul da adolescência as asas soltam,
Fogem... Mas aos pombais as pombas voltam,
E eles aos corações não voltam mais...



"QUE POMBAS!"
                              –Haroldo Lyra/CE

Vai-se a primeira fraude consumada
vai-se outra mais, mais outra; enfim, dezenas
de fraudes vão-se do planalto, apenas
raia a perenal mão mancomunada.

Porém, quando uma farsa é publicada,
as manchetes, de novo, as velhas cenas
de cinismo repetem as cantilenas,
voltam em conta superfaturada.

Também nas capitais, onde abotoam,
os rombos, um por um, céleres voam,
como as fraudes dos plenos federais.

Na esfera da Justiça as verbas soltam,
fogem; mas nos jornais os rombos voltam
e a grana popular não volta mais.

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Comentários com termos vulgares e palavrões, ofensas, serão excluídos. Não se preocupem com erros de português. Patativa do Assaré disse: "É melhor escrever errado a coisa certa, do que escrever certo a coisa errada”