PAI
Pai, a gente se encontra
Na hora do almoço,
No seu ofício,
No som da sua voz.
A gente se esbarra
Nas suas palavras,
No seu olhar
Distante de nós.
Um dia, na sala,
Numa noite fria,
Beijei o seu rosto
Enquanto você dormia.
Saí de fininho,
Com muito cuidado,
Chorando baixinho,
Pra não lhe acordar.
O tempo passou,
Eu tive meus filhos,
E num final de ano,
Fomos lhe visitar.
O seu olhar
Mirava meus olhos,
E um aperto no peito
Me pôs a chorar.
Você sorriu,
Me deu um abraço,
E no meu ouvido,
Me disse baixinho:
"Muito obrigado
Por seu carinho.
Você me ajudou
A continuar.
Naquela noite,
De chuva e sereno,
Bebi um bocado
E fiz besteira.
Chegando à cidade,
Descendo a ladeira,
Pensei no rio,
Meu carro atirar.
Mas voltei pra casa,
Com o peito vazio,
A alma pesada,
O olhar sombrio,
Pensando em mais nada,
A não ser morrer.
Foi quando você,
Criança sem porto,
Beijou o meu rosto,
E me fez entender
Que nenhum problema
Nessa vida é mais forte
Do que o amor
Que me liga a você."
Nelson Almeida. Campina
Grande/PB. 26/09/23. 03:22.
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